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A.

[07.11.1935      09:27am]

O sol que acalentava era aconchegante enquanto a brisa acariciava os diversos corpos que visitavam a rua naquela quinta-feira. Estranhamente, existia uma diversidade de algodões no céu mesmo que dezembro se aproximasse trazendo consigo o clima gélido da Coreia.
Mina considerou-se alegre quando acordou com os raios ultravioleta a abraçando, e logo seus pés cobertos por um par de meias cor-de-rosa alcançaram o chão amadeirado. A casa silenciosa não a deixou desconfortável naquele momento, e rapidamente a criança se encaminhou para o banheiro a fim de colocar em prática todas as ações que a mãe havia a ensinado ao acordar. Ao deixar o quarto tomado pela luz solar, entretanto, não foi capaz de esbarrar em ChoHee em lugar algum da enorme casa. Normalmente, a progenitora era encontrada na cozinha ou até mesmo limpando cada mínimo local da moradia, mas daquela vez ela havia desaparecido. Aquilo era incomum. Amedrontada, Mina sentiu seu nariz arder ao mínimo sinal do pranto ao que desejava ter a mãe ao seu lado, ou ao menos ser informada onde esta se encontrava. Com receio do engano, ela percorreu novamente o trajeto, procurando a mais velha pela casa mais uma vez, mas foi miserável já que ChoHee ainda não havia aparecido.

Foi quando Mina decidiu, em meio à tristeza, retornar ao seu quarto, que pôde enxergar com clareza uma silhueta diferente da que desejava. JongSoo. Os negros fios de cabelo do homem acumulavam gel e seu terno era impecavelmente limpo, e por um segundo a criança desejou que ele fosse daquela forma todos os dias — não apenas no exterior, mas que este fosse dono de um caráter agradável e simpático, somando o coração honesto. Ao retornar à realidade, seu coração perdeu a calmaria e o pavor dançou em suas orbes ao tê-las em uma rápida conexão com as do pai, e Mina lembrou-se que aquela manhã era o dia que sua família visitava a Igreja da cidade para a cerimônia religiosa.

"Onde está ChoHee?" a garota desejou saber. Por algum motivo, ela esquecia que deveria referir-se à ela como mãe.

"Mamãe..." O homem corrigiu, sem oferecer um único sorriso. "Ela está no carro, e você também deveria estar lá."

Mina estremeceu diante a fala séria do pai. Ele deixava claro que não se importava em tratá-la bem, e depois até deixou de encará-la. JongSoo, de fato, não gostava dela. As palavras não estavam lá, mas ela sabia disso. Mina era uma criança esperta apesar da pouca idade, e, mesmo com seus 10 anos de idade, era capaz de entender bastante coisa, até mesmo as ocultas.

A garota estava preparada para perguntar sobre o irmão caçula, Jisung, mas desistiu ao repensar. Jisung ainda era um recém-nascido, mas já sofria nas mãos de JongSoo, fazendo com que Mina se esforçasse para protegê-lo o máximo que podia, mas nem sempre era suficiente.

Quando o homem decidiu que estava pronto para retornar ao carro e partir para a Igreja, deixando a criança para trás, não deixou de a prender em um olhar. A profunda conexão fez os joelhos de Mina enfraquecerem e seu estômago revirar. JongSoo podia se tornar agressivo repentinamente, e isso a amedrontava ao extremo. Por diversas vezes o pai oferecia à família algumas sessões de pique-esconde, mas não da forma divertida a qual brincava com seus amigos. Normalmente, Mina conseguia bons esconderijos em lugares inusitados, lugares que ninguém imaginaria, mas nem sempre era daquela forma.
Ao mínimo sinal de medo, a garota saiu de seu pequeno transe quando percebeu que o pai ainda a encarava sem partir, estagnado em sua frente, e então um comando foi enviado para seus pequeninos pés. Logo, Mina já recuava ao que JongSoo se aproximava tão lentamente que a torturava lá dentro. Não demorou para que a criança retornasse à sala de jantar, correndo ao que o medo a dominava quando criava uma suposição beirando ao real de ser maltratada sem ao menos ter sua mãe por perto para a ajudar — ou tentar. Ao descer as escadas, acabou por tropeçar em alguns degraus mas logo adquiriu o equilíbrio, e logo chegou ao destino.