Demônios nem sempre estão no inferno.

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— Fiquem em silêncio! — Hyunjin ordenou, pressionando o indicador nos lábios em sinal de silêncio, e então, eles não soltaram um murmúrio sequer.

Jeongin tentava conter as lágrimas insistentes, e Felix tinha seus olhos fechados enquanto tentava normalizar sua respiração. Ela se tornara desregular por causa do medo.

— Vamos voltar, eu não quero mais fazer isso. — Yang sussurrou em súplica, e abraçou o namorado.

Hwang abraçou o garoto de volta, e encarou o de cabelos alaranjados atrás de si. O corpinho magro tremia, e o tabuleiro Ouija continuava no chão. O cintilar de ambas lanternas era fraca, mas eles não se importavam com aquilo.
Como se a parede fosse uma porta, Hyunjin fechou suas mãos em punhos e deu três batidinhas na parede, emitindo um som alto. Novamente, escutaram outro barulho. E, daquela vez, estava ainda mais próximo do trio.

— Acha que devemos continuar? — o moreno perguntou ao encarar Felix, e então viu os seus olhos sendo abertos lentamente.

O sardento negou com a cabeça freneticamente, e o mais velho riu. Tolo.

— Então vamos continuar!

Com cuidado, desvencilhou Jeongin de seu corpo, acariciando seus cabelos negros, e pediu que o Lee recolhesse o objeto marrom do chão.
Eles continuaram, então, sem ao menos saber o destino.
O cintilar da lanterna de Hyunjin alcançou a parede, e eles conseguiram enxergar os riscos de uma grande seta indicando o caminho. A seta era feita de sangue, e este escorria pela parede, chegando ao chão e o manchando com o líquido escuro. Ao se deparar com aquilo, Hyunjin percebeu o que realmente estava fazendo. As coisas eram reais. O sangue era fresco e os barulhos ainda podiam ser escutados. Era como se alguém tentasse dizer "Venha por aqui". E eles seguiam. Eles seguiam porque Felix não era o tolo, mas Hyunjin era. Ele era tolo por ter feito seus amigos irem até ali. Ele era tolo por ter pensado que tudo era uma brincadeira — até porque, é claro, em sua concepção demônios e fantasmas não existem —. Ele era tolo pois, talvez, estivesse entregando os dois menores para a morte.

O som dos sapatos no assoalho de madeira era assustador àquele momento, mas era impossível evitar.
E, quando eles pegaram a primeira esquerda, encontraram uma outra porta que o deixaram livre de portas e corredores esquisitos. Eles entraram na casa, finalmente, e notaram que estavam debaixo das escadas.

— O que fazemos agora? — o mais novo perguntou.

Hyunjin ia responder, mas Felix logo o interrompeu. Ele sabia que o mais velho faria qualquer coisa para que aquela perigosa visita demorasse um pouco mais do que o combinado.

— Vamos logo procurar a sala de estar e jogar isso. — mencionou o tabuleiro Ouija — E, depois, iremos embora daqui para nunca mais voltar. Certo, Hwang Hyunjin?

O garoto revirou os olhos e assentiu. O que mais poderia fazer, certo?
Eles procuraram pela sala de estar, então, e cada passo era dado com cautela. Sem perceber, Hyunjin acabou por esbarrar em um vaso de plantas mortas, levando as mãos à boca em uma feição de surpresa ao que um alto barulho foi produzido quando o objeto se chocou com o chão, espalhando cacos de vidro para todos os lados. Os outros dois o encararam com os olhos arregalados, mas, ao invés de dizerem algo, apenas deixaram que seus corações acelerados fizessem barulho. Na realidade, nenhum deles era capaz escutar, mas tinham medo que outra pessoa fosse.
Felix tentava não fazer movimentos bruscos, e prendeu a respiração ao perceber que esta havia ficado desregulada. Seu peito doía por conta disso, mas o medo era maior do que qualquer dor.
Jeongin, por outro lado, apenas pressionou a palma de sua mão direita na testa, perguntando-se o porquê de seu namorado ser tão desastrado. Seria mentira dizer que sua perna não sucumbia ou que a ponta de seus dedos não estavam geladas como um cubo de gelo, mas ele não queria parecer medroso na frente dos outros dois.

Peek A Boo • hjs + lmhOnde histórias criam vida. Descubra agora