Peek A Boo • hjs + lmh

Eles vieram o buscar.

— Não esqueçam que o principal objetivo é sair daqui. — MinHo sussurrou enquanto o assoalho o congelava os dedos dos pés. Não fazia muito tempo desde que haviam saído do porão, e os vestígios das fotografias e de cada desabafo de Jisung ficara com eles desde então — Mesmo que seja individualmente, não pensem duas vezes antes de fugir!

Os outros três assentiram, e logo o silêncio tornou a preencher o local. Seus corações eram tão acelerados que fazia parecer que qualquer um ali presente fosse capaz de escutá-los. E, só após entrarem novamente no quarto espelhado, encontrando o tabuleiro Ouija abandonado no chão uma vez que foram libertos graças à misericórdia do falecido Kim, eles suspiraram prolongadamente em alívio. Só era preciso ficar em silêncio para que não colidissem com o demônio, assim eles pensavam. Eles ficariam bem ali, mas uma única frase sussurrada aniquilou todo o resquício de segurança que ainda restava. De início, pensaram que Seungmin estivesse liberto já que o único sussurro que tanto os fascinava sempre vinha dele, e com aquilo em mente, toda a euforia de seus corações foi colocada para fora através de sorrisos, mas logo a felicidade foi jogada no lixo ao escutarem "Eles se escondem aqui!".

— Droga! — Hyunjin exclamou — O que vamos fazer?

— Eu vou abrir a porta, e então corremos. Apenas fujam e encontrem alguma saída, e caso isso aconteça, saiam! — MinHo repetiu ao mesmo tempo que a pressa dançava em seu interior, vendo todos assentirem amedrontados. A porta foi aberta após o Lee admirar a silhueta de cada um, sussurrando um agradecimento, e logo eles estavam fugindo em diferentes direções.

Ao longe, MinHo pôde escutar o miado estridente de Fluffy, mas ao menos deu importância àquilo. Invés disso, apenas trabalhou com suas pernas o mais rápido possível, e logo estava de volta ao porão, escondendo-se no canto mais escuro que encontrara.
Por outro lado, Hyunjin e Felix fugiam para a sala de cinema visando sair da casa pela mesma passagem que entraram. Seus dedos eram trêmulos, mas aquilo não foi uma desculpa para que suas mãos não se encontrassem a fim de não se perderem na profunda escuridão. Seus passos eram apressados e barulhentos enquanto o medo os consumia rapidamente fazendo-os sufocar, mas eles não podiam parar para respirar fundo. Eles precisavam sair dali imediatamente. Uma série de frases sussurradas flutuaram até seus ouvidos como melodia, mas aquelas não eram melodias agradáveis. Eram agoniantes e amedrontadoras. Risadas infantis eram emitidas em algum lugar daquela casa enquanto o demônio sussurrava de forma confusa e incompreensível, e apenas algumas soltas palavras eram capazes de ser entendidas. Contudo, eles conseguiram chegar ao destino, e, quando isso aconteceu, procuraram pela passagem secreta no canto da parede.

— Encontrou? — Felix perguntou. Suas mãos tateavam a parede, mas tudo se tornava mais complicado no breu — Onde está seu celular? Merda!

Entretanto, ao que a gélida brisa do anoitecer os acariciou a pele e dilatou seus poros indicando que a passagem fora encontrada, finalmente se prepararam para sair da casa infernal.

— Eles ainda estão lá, Lix, não podemos fazer isso...

— Não podemos ficar aqui! Temos que fugir e pedir ajuda para alguém. Eles vão sobreviver. Vamos!

Apressadamente, Hyunjin foi o primeiro a sair, e, ao escutar o ranger da porta juntamente com o barulho de passos se arrastando pelo cômodo até se aproximar de seu corpo, Felix saiu do local. O chão tomado pela cor branca não era tão convidativo naquele momento, mas mesmo assim eles estavam felizes em presenciar aquilo. Eles voltaram a respirar o ar puro de dezembro. Voltaram a escutar o barulho dos poucos carros na avenida. Voltaram a enxergar a lua que espiava a cidade inteira lá de cima. A mente ainda era perturbada e os dedos eram trêmulos enquanto o coração pulsava tão intensamente que até fazia doer vez ou outra.
Hyunjin soluçava com o corpo encolhido no chão enquanto o pranto brincava com a neve, misturando-se tão rapidamente que parecia um sonho, e Felix chorava baixinho, deixando todo o temor e toda a tristeza escapar de seu peito. Não faziam ideia para onde deveriam ir, talvez deveriam ir até o Departamento de Polícia mais próximo, ou para suas casas, e só depois deveriam procurar pelos profissionais daquele ramo. Contudo, não conseguiam tomar uma decisão naquele momento, e apenas permaneceram deitados junto à neve que os congelava o corpo e enxugava o pranto.