Ele venceu o jogo.

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[06.12.2019 ㅤ 03:44am]

Repentinamente, o silêncio se tornara ensurdecedor. MinHo sempre gostou de ter o seu próprio espaço, de aproveitar o silêncio e fazer as coisas em sua própria companhia, mas nenhum ser humano consegue viver, por tanto tempo, sozinho. O tédio nos domina, e a falta de barulho nos enlouquece. E, após tanto tempo, os pensamentos negativos e autodestrutivos nos consomem, gritando e mostrando-se existente naquela bolha silenciosa, porque somos seres sociáveis e mesmo que passemos grande parte de nossa vida pensando que talvez o melhor seria viver sozinho, afastado de todos e em sua própria zona de conforto, a verdade é que precisamos uns dos outros para sobreviver. Precisamos do toque de quem amamos, precisamos escutar a voz de alguém até mesmo através de músicas, precisamos conversar e socializar, ou então, nos perdemos no vasto universo que habita em nosso interior.

E com MinHo não era diferente. A falta de socialização já mexia com sua cabeça e o enlouquecia, e os pensamentos negativos o deixava a um passo de o fazer desistir de sua própria vida. Do que adiantava lutar todos os dias sendo que a guerra nunca acabaria? Viver em um ciclo cansativo não o interessava e suas esperanças já eram nulas. E aquele pensamento não teve fim até que, subitamente, a lembrança do que era necessário fazer cresceu em seus pensamentos e o fez correr para o banheiro dos avisos afim de obter alguma dica, mas apenas conseguiu ocupar sua visão com a frase "Não há como se esconder".

E, mesmo com a mente bagunçada, ele ainda conseguia ponderar o motivo de aquela frase estar ali. Aliás, ele podia sim se esconder. Mesmo que ainda houvessem outros espíritos e demônios espalhados pela casa o observando, a brincadeira era privada entre ele e Jisung, apenas. Mas MinHo sabia que Jisung não seguia regras. Ele nem ao menos sabia se aquela era uma regra, mas a realidade era aquela. Jisung deve o procurar, apenas ele. E foi ali, dentro daquele banheiro encarando seu reflexo abaixo das escrituras, que sentiu Lilith agarrar seu braço e puxá-lo até o porão da casa.

Desde que se conheceram, ela e Seungmin foram os que mais o ajudaram nas noites de pique-esconde. Eva e outros espíritos apareciam algumas vezes, mas os que mais se arriscavam eram os dois irmãos. E por isso, o Lee não recusou os toques da garota, e nem questionou sobre o lugar onde ela o levava. Apenas continuou o trajeto enquanto escutava o silêncio da casa, embora fosse capaz de ouvir alguns sussurros vez ou outra.

E, ao enxergar as escadas do porão, encarou a menina que apenas sussurrou um "Se esconda lá", e pegou o mesmo trajeto de antes, indo para algum outro lugar da casa. Mas ele sabia que aquilo era em vão. Outros demônios o observava, isso era fato. Mas novamente, era injusto. O jogo era privado entre Lee MinHo e Han Jisung.

Deixando os pensamentos de lado, o garoto olhou ao seu redor afim de ter mais segurança para descer até o porão mais uma vez. Ele não queria que, por sua culpa, algo desse errado. E, após constatar que não havia ninguém o observando, suas pernas finalmente trabalharam ao descer as escadas. A escuridão juntamente com o silêncio fazia as pernas de MinHo sucumbirem vez ou outra, enfraquecendo-o. E, em um sussurro chamou por Seungmin, mas este não apareceu. Aqueles sussurros tão familiares não ocupavam a mente de MinHo, e este se perguntou onde o espírito estava. Ele não era um aliado de Jisung, certo? Cada espírito ali tinha seus deveres, e o de Seungmin não era o enganar com uma falsa bondade, e logo depois o entregar para a morte, certo?

De qualquer forma, ele continuou o trajeto até o final das escadas, e, ao chegar, finalmente alcançou a grossa corda que num canto havia, puxando-a e permitindo que a fraca luz amarelada iluminasse o local e, consequentemente, fizesse arder seus olhos. E, ao andar por ali, ele notou que não haviam os objetos de quase um mês atrás. Apenas o enorme pentagrama invertido se encontrava ali, assim como o desenho de Baphomet com seus enormes chifres bem marcados na parede. MinHo, entretanto, não se alertou para aquilo e decidiu se afastar. E, ao observar cada mínima coisa em sua volta, ele percebeu o corredor estreito que um dia encontrara, e decidiu que ficar ali parado esperando a hora passar seria uma grande perda de tempo. Os miados de Fluffy podiam ser escutados ao longe a cada passo dado pelo homem em direção àquele corredor, mas não era como se o animal estivesse se aproximando, o miado apenas era alto o suficiente para ser escutado por toda a casa. O Lee ansiava para ter o gato em seus braços naquele momento para que pudesse acariciar seus pêlos negros e obter um pouco de calmaria. MinHo sempre gostara de animais, e desde a primeira vez que viu o gato de pelagem escura, sentiu suas forças sendo renovadas. Fluffy era a sua esperança e sua calmaria, era uma pena que este conseguia chamar a atenção de Jisung de alguma forma. Ele apenas não sabia como aquilo acontecia.

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