Boo.

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Devido à alguns acontecimentos no capítulo, deixo claro que para alguns pode ser um conteúdo "forte". Caso não se sinta confortável lendo, não se force à isso! ♡

Em frente à casa, viaturas já estacionavam enquanto o barulho beirando o ensurdecedor das sirenes ecoavam. Estranhamente, era como se cada cantinho do planeta pudesse escutar aquele comunicado do tipo "Lee MinHo sairá da casa assombrada, finalmente", e então uma multidão já se formava ali. Uma faixa amarela que visava afastar terceiros da área foi colocada, impedindo-os de ficar tão próximos do local enquanto o cintilar sincrônico das sirenes com seus tons cor de sangue e mar se perdiam no crepúsculo matinal. Do interior da casa, por sua vez, era possível escutar as falas dos que presenciariam a possível morte de MinHo. Falas que eram cortadas algumas vezes por conta da euforia, ou do medo, ninguém saberia distinguir aquilo que tanto fazia o coração pulsar e o corpo queimar mesmo que estivessem expostos ao mais agressivo frio. E foi quando MinHo se aproximou da janela principal, com o coração Carnaval, que as cores simultâneas das sirenes o afetou os olhos e tornou sua visão um tanto mais complicada. E só quando ele se tornou estável novamente que suas orbes se expandiram ao mostrar o universo. Na noite passada, os pontos luminosos mostraram-se no céu, mas naquela hora acabaram por visitar o interior do moreno ao que a felicidade de uma possível fuga bateu à porta. Ele enxergou alguns investigadores, e até carros de bombeiros; repórteres ansiosos por uma matéria interessante; e a multidão. Além de Felix e Hyunjin, ali havia uma pessoa muito importante que o confortava o coração; Lee SunHee. A sua mãe. Suavemente, uma lágrima trilhou suas bochechas magras dando continuidade à outras que fugiram de si tão rapidamente que era como se estivessem presas ali por dias — e realmente estavam.

— Mãe... — Lee sussurrou ao tocar o vidro da janela, e era como ter seus dedos na figura dela ao acariciar o objeto cuidadosamente. De fato, tudo o que mais desejava era ter a quentura da pele da mulher em contato com a sua. Desejava o que para alguns seria miserável, mas para ele seria como obter o mundo em suas mãos; o abraço da mãe, o lugar seguro — Estou vivo. Olhe para mim, por favor. Eu ainda estou aqui.

Àquela altura do campeonato, a febre já havia o dominado e logo ele se viu enfraquecido diante a batalha que era continuar ali. Tornou-se difícil de se manter de pé, e ele percebeu isso quando teve de sentar no gélido assoalho em estado inerte por conta da tontura que o dominou. Calafrios corriam pelo seu corpo, dando-o uma sensação pavorosa. Não sabia se aqueles calafrios eram por culpa da escassez de saúde, ou pelo fato de Jisung estar se aproximando.
Amedrontado com a segunda ideia, MinHo forçou-se a levantar, e logo sua cabeça estava erguida enquanto retornava para o porão a fim de encontrar-se com Lilith. Foi ao arrastar-se um pouco mais, que percebeu uma movimentação estranha. De fato, Han se aproximava. Sem saber se o demônio havia o visto, MinHo se encaminhou para o quarto mais próximo; o quarto espelhado. E foi quando adentrou este que se deparou com a confusão de sentimentos que o controlava diante os reflexos de sua silhueta; os dominantes eram a frustração e o medo. E, ao aproximar-se de um dos diversos espelhos, deu-se um pouco de atenção. MinHo, cujo olhos jamais piscavam, encarava seu reflexo com dureza, como se fosse incendiar a si mesmo. Odiava o que encarava, da forma que encarava, mas não havia o que fazer. Embaixo de seus olhos haviam bolsas escuras por conta das noites mal dormidas, e seus olhos pequeninos eram inchados. A ponta de seu nariz estava avermelhada; sua camisa ainda era o uniforme da pizzaria onde trabalhava, e esta beirava o encardido. Seus cabelos castanhos e bagunçados mostrava o quão sujo estava, e mesmo assim conseguia ter contraste com a sua pele albina. Seu corpo magro já fugia do saudável, e até mesmo sua costela já estava amostra.
Ao desviar o olhar, encontrou-se com o material amadeirado do tabuleiro Ouija, e lembrou-se do que Lilith o dissera sobre não jogar enquanto está doente. Jogar sozinho é proibido, também. Como se o objeto o hipnotizasse ao extremo sinal de fascínio, MinHo pôs-se a andar lentamente até ele, e até ponderou se devia tocá-lo. No final, acabou por fazê-lo, e logo as pontas dos dedos corriam pela madeira. Suas unhas arranhavam levemente as letras ali contidas, e apenas percebeu que estava pronto para iniciar o jogo quando agarrou o ponteiro. Não havia volta. Ao colocar o ponteiro no centro do objeto, sentado no chão, MinHo iniciou:

Peek A Boo • hjs + lmhOnde histórias criam vida. Descubra agora