Peek.

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[12.12.19      15:18pm]

— Ele está vivo! — Hyunjin exclamava em frente ao delegado — Não escutam o que dizemos? Vocês já deveriam ter tirado ele de lá há tempos!

Ele exclamou a última parte, e cada um ali presente o escutava visto que todos depositavam sua atenção nele.
Ao finalmente fugirem da casa infernal, os dois sobreviventes decidiram caminhar para suas casas com a intenção de encontrar suas famílias e terem a oportunidade de descansar um pouco, e, ao chegarem em seus respectivos lares, foram recebidos com a surpresa juntamente com o choro descontrolado de seus parentes, e é claro, os abraços desesperados. Desesperados e desajeitados, porque era como se em uma fração de segundos eles pudessem desaparecer como poeira novamente. Porque o nó que segurava seus corações lado a lado poderia ser desatado de forma tão cruel e súbita, deixando a saudade prevalecer junto à suposições de coisas infelizes. Naquela madrugada eles foram capazes de reencontrar suas respectivas camas, mas foram completamente incapazes de pregar os olhos e por conta disso acabaram por trocar mensagens até o crepúsculo matinal, ganhando algumas marcas escuras e profundas abaixo de seus olhos — mesmo que já apresentassem aquela aparência há dias. Tudo se tornara estranho. Ter o material do celular em mãos se tornara algo de tamanha estranhez visto que eles já haviam aprendido a sobreviver sem aquilo, mas logo eles se acostumaram àquela antiga — ou nova — realidade.
E só após o lume matinal, ainda com nuvens cinzentas e fartos flocos de neve, atingir a cidade, os dois se uniram para ir de encontro ao Departamento de Polícia mais próximo, deixando todos incrédulos ao mínimo sinal de seu aparecimento.

Sem demoras, Felix se pronunciou:

— De fato, há um demônio lá. Um não, vários. Se ele não morrer possuído, vai morrer por desnutrição já que está completamente magro e pálido. — o sardento lutava contra a escassez de expressões faciais. Aquilo não significava que ele não se importava, tampouco que havia ausência de sentimentos. Na verdade, estava tão atônito com tudo o que ocorreu que sequer conseguia entender a bagunça que se instalava em seu interior — Eles são reais, e nós entendemos que vocês não podem se arriscar a esse ponto, mas não podem deixá-lo lutar até a morte, entendem? Quem será a próxima vítima? MinHo vai morrer, e o que acontece depois? A atual vítima está fazendo mais do que vocês.

DakHo suspirou ao correr as mãos pelos cabelos. Haviam algumas semanas desde que fora presenteado com mais alguns fios da cor das nuvens, talvez pelo início da velhice, ou pelo excesso de nervosismo com toda aquela situação. A realidade era que ele queria tirar o garoto das garras do demônio, apenas não sabia como. Seria tão mais simples se o sequestrador fosse, literalmente, um ser vivo, e então tudo se resolveria. Caso visitassem a casa assombrada, algum deles poderia ser possuído, ou ficariam presos como MinHo, e o problema apenas iria se agravar.

— Primeiro, quem permitiu que entrassem na casa?

As orbes dos sobreviventes se conectaram como se eles estivessem conversando silenciosamente, mas não estavam. Na realidade, estavam buscando alguma palavra que fosse capaz de afastar, milagrosamente, a atmosfera vergonhosa que ali se instalou.

— Acham que é alguma brincadeira? — DakHo perguntou, tendo o tom de voz um pouco mais elevado, mas logo o Departamento voltou a ser silencioso ao que ele apenas suspirou, cansado — Isso não é importante por ora. Continuem falando sobre a casa.

— O nosso... O nosso amigo, Jeongin, também ficou lá. Estamos com medo de que Jisung o mate. Na casa há coisas antigas, tipo fotos e diários, e há também algumas coisas mais... pesadas.

Peek A Boo • hjs + lmhOnde histórias criam vida. Descubra agora