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  Fico impressionado com a desenvoltura da Cora para conversar com os habitantes da casa de repouso, ela sabe o nome de cada um, e cada pessoa a cumprimenta com carinho e intimidade, como se Cora fosse membro da família deles

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  Fico impressionado com a desenvoltura da Cora para conversar com os habitantes da casa de repouso, ela sabe o nome de cada um, e cada pessoa a cumprimenta com carinho e intimidade, como se Cora fosse membro da família deles.

O que, inegavelmente, ela é!

  Eu vejo em Cora o respeito e a empatia cada vez que encontra com algum idoso pelo jardim ou corredores, ela se preocupa com cada um aqui, principalmente com o senhor que está agarrado ao seu braço, o Evaristo.

— Como tem estado sua pressão? Tem  estado melhor ou continua  desobedecendo as enfermeiras?

Evaristo faz um som de desdém,  estalando a língua.

— Eu sei cuidar de mim, sou cego, não  burro, menina.

— Olha lá como fala comigo, hein,  velho!

Rio da Cora, ela parece a mais velha  aqui, não Evaristo.

— Está vendo isso, meu filho? Essa  garotinha que nem bem saiu das  fraldas, quer me repreender.

  Sorrio, eu sei bem como a Cora pode  ser chata quando bota uma coisa na  cabeça.

— Eu a conheço a pouco tempo, seu  Evaristo, mas já percebi que esse toco  de gente aqui é um pé no saco se  tratando dos interesses dela.

Cora revira os olhos.

— Não enche, Evans!

Faço sinal de rendição. 

  Confesso que tenho um pouco de  medo da Cora, as vezes, ela é baixinha, bravinha, língua solta, é de dar medo!

— Você tem sorte de namorá-la, meu  rapaz, minha Cora não é muito de  manter os rapazes por perto.

Dou risada. 

  Cora me olha, me repreendendo, está  claro como o dia que alguém aqui não  quer namorar comigo, muito menos  contar ao vovô que estamos  transando antes do casamento.

  E tudo bem, isso não fere meu ego, somos adultos, e adultos se resolvem numa boa, numa conversa.

— Não namoramos, Evaristo, Cora é muito chata pra mim- Jogo a culpa  nela de brincadeira— Eu gosto de mulheres divertidas.

Cora gargalha sem parar.

— Você me diverte, Evans- Ela acaricia a mão do Evaristo— Quer uma mulher divertida? Namora uma palhaça.

Faço careta para ela.

— Ranzinza!

Ela me dá língua.

— Vocês acham que me engana? Eu já  tive a idade de vocês, já namorei muito, em minha época as coisas eram feitas por debaixo do pano, pelo fato da sociedade ser conservadora e todas aquelas merdas de regras, só que ninguém era santo, e eu sou velho, mas posso sentir a tensão sexual de vocês no ar- Evaristo discursa— Vocês, crianças acham que me engana, que coisa!

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