Epílogo

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-Nosso voo é daqui a 8 horas? - perguntei a Dener enquanto encarava minhas duas malas em cima da cama.

-Sim, é. Quando quer que eu vá buscá-la? Temos que chegar três horas antes do voo sair. - sua voz pareceu meio suspeita vinda do meu celular.

-Eu preciso ir a biblioteca antes, Ana quer me entregar um presente de casamento. - falei me afastando da cama e pegando meu celular que estava em cima da escrivaninha.

Eu e Dener nos casamos na tarde de ontem e não, não houve festa nem nada disso. Nós dois preferimos nos casar discretamente, apenas meu pai, Ana, Mary, Mark, Dave e Ashley, estavam presentes como nossas testemunhas no cartório. Meu pai até insistiu que fizéssemos uma festa, mas eu falei que não queria, ele tentou nos oferecer dinheiro para fazê-la, mas eu tive que explicar diversas vezes que o problema não era dinheiro e sim, o fato de nós dois não querermos uma cerimônia tradicional como as pessoas normalmente fazem, com entrada de véu grinalda e tudo.

-Tudo bem, então te pego lá? - perguntou ele.

-Sim, faça isso. - sorri para o celular mesmo sabendo que MEU marido não veria. - mas passe aqui também e pegue minhas malas. - encarei minha aliança folheada a ouro no dedo e minha aliança de noivado também

Encerrei a chamada e me apressei em ir até a biblioteca. Eu e Dener não poderíamos perder nosso voo para Londres. Hoje é nosso primeiro dia de casados e por tanto, nossa lua de mel. Quando desci do táxi, subi as escadas, apressada e adentrei a biblioteca apertando meu cardigã escuro contra o corpo e ajustando minha bota de camurça marrom que escondia a barra da minha calça justa, preta. Quando levantei os olhos para encontrar Ana no balcão de atendimento, deparei-me com o local todo decorado por luzes amarelas que aconchegavam o ambiente. As estantes estavam repletas de luzes em vários semicírculos feitos com os fios de energia. Fiquei encantada. Aproximei-me e avistei uma das mesas, decorada com nomes de livros e autores dos quais eu gostava e no centro, havia um bolo enorme e cada andar era um livro diferente, logo percebi que eram os livros que Dener me deu. Levei a mão a boca em forma de concha e senti meus olhos marejarem levemente. Era tudo tão fofo e... estranho... e engraçado.

Escutei passos e quando virei-me para as estantes, Dener e todos os meus amigos saíram delas e vinham ao meu encontro. Como sempre, Dener tinha um livro em mãos e estendeu para mim.

-Agora é sério, precisa me dizer quantos ainda tem desses? - o perguntei com graça e todos riram.

Segurei o livro em mãos e ele era uma graça, o livro mais fofo e bonito que já vi. Eu conhecia o autor, ele era novo no ramo, mas chamou muita atenção com esse primeiro livro e agora, entendo o porquê, o livro é uma graciosidade. Tudo o que acontece aqui dentro de Júlio Hermann, é um autor brasileiro. Abri e li para todos o tão esperado verso pelo meu coração palpitante, que eu tinha certeza que ali continha:

Hoje (10/01/2020) essa aluna que sempre foi tudo para mim, se torna minha esposa e eu nunca poderia esperar algo melhor. Meu coração está desfalecendo em emoções e eu estou tentando sobreviver a esse choque de felicidade, que é tê-la dessa forma, que é tê-la. Meu Deus, ela carrega meu nome agora e isso é extraordinariamente magnífico, pois quando escrevi o primeiro verso em um livro, em um dia qualquer, eu esperava apenas encarar sua nuca leve de longe por três anos, mas agora a tenho para a vida toda e serei dela pela mesma quantidade de tempo.

-Dener... - minha voz saiu quase como um sussurro e algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto.

O abracei com toda força que pude, pois não consegui dizer nada e eu gostaria que ele sentisse o quanto eu estava grata por suas palavras, o quanto eu estava grata por ele. O soltei e me virei para Ana que estava próxima.

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