O Que Há Nas Entrelinhas?

Capítulo XXIII

Dei uma olhada ampla na sala do diretor e meu pai, felizmente, não se encontrava ali. Ele pediu que nos aproximássemos e o fizemos, depois pediu que nos sentássemos, mas recusamos, então ele ficou de pé e saiu de detrás de sua mesa, ficando a nossa frente. O Sr. Morris não tinha uma presença ameaçadora ou uma voz severa, pelo contrário, ele parecia alguém frio, calmo e sensato. Seus cabelos castanho-claro ainda não tinham cabelos brancos entre eles e seu rosto ainda era firme, tinha um corpo robusto e uma pele clara visível. Eu sabia que as regras por ele criadas sobre a relação entre aluno e professor eram sérias.

Além da irmã de Ashley, havia mais um caso de assédio na escola, este fora encoberto por todo mundo, mas como o diretor é um grande amigo de meu pai, acabei sabendo da história por ele. Melissa Morris é a filha do Diretor e ela também foi assediada pelo professor de artes, mas isso ela só confessou depois do incidente com a irmã de Ashley, por isso as regras extremamente rígidas da parte do diretor, mesmo apesar de sua filha ter terminado o ensino médio também.

-Bem... - ele pigarreou. - acredito que os dois conhecem as regras deste colégio. Todas. - afirmou. - o Sr. McWillians por se tratar de um professor comprometido e aplicado - indicou Dener com uma mão - e a Srta. Dan-i por se tratar de uma aluna metódica e séria. - afirmou, por fim, me indicando também e logo voltou a colocar as mãos atrás do corpo. - chegou uma história até minha sala e eu creio que ela seja verdade - congelei - já que foi um aluno em quem confio muito que me fez a bondade de contar, mas também acredito que há uma explicação lógica para isso.

-Claro, Sr. Morris, faremos o possível para esclarecê-la. - falou o professor calmo e indiferente.

-Muito bem... - ele colocou a mão no queixo. - então me expliquem por qual motivo a Srta. Dan-i, menor de idade, aluna perfeita em termos técnicos e mulher, está morando em sua casa, professor McWillians. - seu cenho se franziu e ele nos encarava.

-Diretor... - comecei meio hesitante. - não entenda mal essa situação o senhor conhece a mim e a meu pai, sabe que não somos de mentir. Eu tive uma briga horrível com meu pai e nós dois acabamos nos excedendo demais, eu estava muito brava e fui embora, não sabia para onde ir já que meus melhores amigos estavam na minha casa no momento da briga. A casa do Sr. McWillians é próxima a minha e ele é o professor com quem mais tenho contado já que era amigo da minha mãe - menti, a conhecia com certeza, mas eu não sabia se eram amigos - então, pedi que me abrigasse por uma noite e acabamos extrapolando. Foi isso.

O diretor parecia pensativo, talvez digerindo a história e ligando os fatos, bem, eu apenas omiti detalhes. Seus olhos aveludados encararam o professor que mantinha uma postura de superior ou de tédio, eu não consegui distinguir naquele momento.

-Foi isso mesmo que aconteceu Sr. McWillians? - perguntou o diretor.

Dener me deu uma rápida olhada antes de afirmar.

-Sim, foi assim que aconteceu e eu gostaria - ele olhou para seu relógio no pulso e suspirou - que resolvêssemos logo essa situação, o intervalo já está perto de acabar e eu tenho mais 5 aulas para dar.

O diretor nos deu mais uma analisada e disse por fim:

-Pois bem, eu acredito em você Srta. Dan-i, mas não vou mais tolerar que more na casa do seu professor. Liguei para o seu pai e ele me disse que vocês haviam discutido. - agradeci mentalmente por meu pai não ter dito o motivo da briga, acho que ele não queria causar um problema maior - você pode sair mais cedo da aula e resolver as coisas com seu pai, ele já deve estar a caminho. - ele se dirigiu ao professor e disse: - peço desculpas pelo transtorno da aluna e dessa conversa, professor McWillians.

-Não, tudo bem. - ele levantou uma mão em um gesto de negação.

-E Srta. Dan-i?

-Sim, Sr. Morris?