Como de costume, me levantei cedo e preparei o café. Dave levantou um pouco mais tarde e não falou nada ao me ver na cozinha, apenas se sentou à mesa, de frente para mim, tomou um gole de café e cutucou a torta de frango que eu havia preparado. Ele parecia emburrado, uma criança mesmo. Suspirei e esperei uns minutos para ver se ele começaria a agir como uma pessoa de sua idade, mas nada aconteceu.
-Okay! Quanto tempo vai ficar assim? - perguntei. - não precisa me evitar dessa forma. - suspirei novamente. - me desculpe por ontem, eu realmente não sei o que me deu, mas eu não deveria ter feito aquilo... - corei levemente ao me lembrar, mas não demonstrei o incômodo.
Dave finalmente levantou os olhos para mim. Me encarou de uma forma tão profunda que eu me perguntei o que realmente ele estava vendo e enrijeci um pouco. Ele contraiu os lábios e sorriu levemente.
-Está tudo bem. - ele afirmou. - fiquei um pouco magoado, admito, mas está tudo bem, embora eu ainda não tenha mudado de opinião quanto a você e ao meu irmão.
-Dave... - disse seu nome em protesto, mas não falei mais nada - tudo bem então, não vou mais discutir com você sobre isso.
-Ótimo. - afirmou.
-Mas eu não deveria ter feito aquilo ontem, me desculpe. - pedi mais uma vez envergonhada.
-Você está desculpada, mas aquilo realmente foi um vacilo, você precisa me recompensar. - disse meio pensativo com a mão no queixo.
-E o que você quer? - tomei um gole de café despreocupadamente.
-Que seja minha acompanhante no baile de formatura. - falou vagarosamente.
-Dave, não gosto muito dos eventos escolares, apesar de ter ido ao festival. - respondi.
-Eu sei, mas preciso de uma acompanhante e não tenho ninguém. - ele argumentou e eu me levantei retirando os pratos da mesa e as xícaras.
-Dave McWillians não tem uma acompanhante para um evento escolar!? Não acredito! - exclamei mostrando um espanto sarcástico.
Dave se levantou e pegou a louça da minha mão com uma pontada de brutalidade, que eu já aceitei ser de seu feitio.
-Alguém com quem eu realmente queira estar acompanhado, não, não tenho Emily. - ele falou com firmeza e em seguida se dirigiu a pia.
Suspirei, repensando seu olhar meio desconsolado ao me dizer isso. Eu duvido mesmo que as garotas que correm atrás dele tenham alguma intenção que não esteja ligada a sua beleza. Ele e o professor não se falam muito agora por minha causa, e seus pais... Não conheço bem Dave, mas analisando desse ponto de vista ele parece estar sozinho, assim como o professor, a diferença é que Dener não se importa muito com isso ou já se acostumou mesmo.
Entramos no carro, apressados, pois estávamos uns minutos atrasados. Dave ligou o motor, engatou a marcha e começamos a nos mover. O caminho foi silencioso. Quando chegamos ao colégio e saímos do carro, já andando em direção a escola pelo estacionamento, resolvi falar:
-Tudo bem.
-O quê? - ele indagou meio confuso.
-Vou com você. - sorri para ele.
-Mesmo? Achei que teria que ser mais persuasivo. - ele disse dando um sorriso aberto que me fez ficar contente.
-E eu achei que você nem soubesse o significado dessa palavra. - falei soltando uma risada.
Dave me empurrou com leveza.
-Ei! Eu não sou tão leigo assim tá bom? - sorriu.
Dave fez muito por mim me abrigando em sua casa, então preciso retribuir. Além do mais, seria uma honra acompanhá-lo em seus últimos momentos no colégio.
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O Que Há Nas Entrelinhas?
Romansa🥇1° lugar na categoria História de amor do concurso Bevelstoke. 🏅4° lugar na categoria Ficção adolescente do concurso Crystais. Emily Dan-i é uma adolescente de 17 anos que perdeu a mãe por conta do Alzheimer. Ela convive com seu pai há 2 anos e o...