Pedi ao professor de matemática que me desse licença para ir a enfermaria, minha enxaqueca havia retornado com uma potência horrível. Desci as escadas em direção ao primeiro andar e avistei Dener subindo, já perto da dobra da escada. Não o encarei e apenas passei direto como se não o tivesse visto. Ele para e logo escuto seus passos de retorno, ele dá uma curta corrida em minha direção e para a dois degraus de distância de mim, à minha frente, me fazendo ficar do seu tamanho. Parei e o encarei normalmente. Ele ajeitou seus óculos e levantou o olhar para mim.
-Eu me portei mal, desculpe, normalmente não sou assim e você agiu circunspectamente, o que deixa as coisas bem estranhas. - ele riu brevemente.
Bem, eu não diria isso. Eu não falei no momento em que notei o problema com ele, se bem que não fiz isso por ter achado que o problema era uma fantasia da minha cabeça, eu não queria aborrecê-lo com algo que não existe. Mas acabei falando mesmo assim e pensando bem, o momento não foi muito oportuno, eu deveria ter esperado. Mas, eu não estava mais chateada com Dener porque entre a minha infernal dor de cabeça e a aula de matemática, comecei a supor que haveria um motivo plausível para a forma com qual ele estava agindo.
-Sim, eu estava evitando te tocar, o que foi uma péssima ideia. Emilly, na sua idade, eu fui um completo idiota. - ele suspirou com os ombros e olhou para o lado - como posso colocar em palavras?
-Você era como seu irmão é hoje? - perguntei meio que afirmando.
Eu soube de alguns boatos por Ashley. O irmão do professor não é um exemplo a se seguir quando a questão é garotas. Ele usa de sua vantagem (a beleza) para namorar muitas garotas e pelo que descobri (ou melhor, Ashley descobriu) ele não é muito bom com términos, às garotas ficam arrasadas.
-É isso mesmo! - exclamou - eu era como ele.
-Um namorador nato, certo? - perguntei com um olhar divertido.
-Sim. - ele contraiu os lábios meio envergonhado - bem, eu era assim até alguns anos atrás, eu sei que é clichê, mas as coisas com você são diferentes. Não quero extrapolar, não quero agir com você da mesma forma com que meu irmão trata as garotas hoje, da mesma forma que eu tratava. - apontou com as duas mãos para si mesmo. - e quando você me toca... - ele balança a cabeça e solta um pequeno sorriso. - quando me olha, eu...
Me apoiei segurando em seus ombros e inclinei meu rosto em direção ao seu, deferindo um beijo molhado e suave em seus lábios e o interrompendo. Depois, olhei para ele e sorri timidamente.
-O senhor é um homem de poucas palavras, então, quando fala demais parece estar nervoso. - falei.
-Bem, eu estou. - disse com firmeza sem parecer nenhum pouco nervoso agora.
-Eu entendo, mas eu confio em você e em mim. Está tudo bem. - suspirei.
Ele deu uma pequena olhada para os lados e depois segurou em meu pulso com delicadeza, subindo os degraus que nos distanciavam. Acariciou minha bochecha com delicadeza.
-Eu sei, eu só estou me ajustando.
-Eu também, vamos fazer isso calmamente... - sorri para ele - espere, eu achei que aqui seriamos apenas aluna e professor. - ri.
-Fica difícil quando sua aluna beija você na escada... - ele disse baixinho.
Envergonhei-me com o que fiz e virei o rosto ruborizado para o outro lado.
-Desculpe. - coloquei a mão na boca. Ele riu brevemente e eu o encarei de soslaio.
-Seu amigo, Mark Wells.
-Sim? Posso saber o que ele disse ao professor? - perguntei apressada.
-Bem, ele disse que vai precisar de um tempo para entender. - afirmou. - disse um tanto ríspido, mas foi o que ele disse.
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O Que Há Nas Entrelinhas?
Romantizm🥇1° lugar na categoria História de amor do concurso Bevelstoke. 🏅4° lugar na categoria Ficção adolescente do concurso Crystais. Emily Dan-i é uma adolescente de 17 anos que perdeu a mãe por conta do Alzheimer. Ela convive com seu pai há 2 anos e o...