Alguns meses após a descoberta do meu relacionamento com o professor, chegou a minha formatura, o dia do baile para ser mais exata. Foram tempos difíceis, mas finalmente eu tenho 18 anos e terei que decidir para que faculdade ir, e não, eu ainda não fiz isso. Ainda bem que tirei notas muito altas no vestibular, posso escolher qualquer faculdade ou universidade, mas desde que as provas passaram eu estou pensando nisso e só vagas ideias do que quero ser vieram a minha cabeça. Meus amigos já parecem ter tudo traçado em suas mentes. Mark, vai se graduar em literatura a fim de se tornar um professor como Dener. Ashley, quer fazer direito e seguir os passos do seu pai que é advogado e esse também sempre foi o sonho dela. Dave, bem, acho que é fácil adivinhar, ele já tem olheiros o espreitando, em breve vai se tornar um jogador profissional e eu estou aqui, no meu quarto, colocando minha saia colegial e uma blusa de cashmere preta de gola rolê, está frio.
Deito-me na cama de bruços e observo no notebook uma foto que Ashley me mandou já vestida para o baile e ao lado de Dave. Eles estão dentro da casa dela, Dave está com o braço em volta de seu pescoço e beija seu rosto com delicadeza. Eles estão realmente juntos. Eu espero que sejam muito felizes. Percebo mais ao fundo da foto, que Mark está de braço dado com uma garota e logo a reconheço, é Verônica, ela é de outra sala e acho que sempre teve uma certa quedinha pelo Mark. Como será que esses dois se envolveram? Isso é algo que terei que perguntar depois. Escuto uma batida na porta e uma voz familiar:
-Querida? Posso entrar? - meu pai.
-Claro. - me sento na cama e fecho o notebook.
Meu pai sorri ao abrir a porta e entrar, logo, sentando-se ao meu lado na cama.
-Tem certeza de que não quer ir ao seu baile de formatura? - perguntou com uma certa preocupação no rosto.
-Tenho. Fui a cerimônia semana passada e foi muito bom me despedir dos meus colegas lá. - falei sorrindo.
-Foi uma linda cerimônia mesmo. - disse meu pai com emoção nos olhos. - sua mãe teria chorado muito. - falou com graça.
-Sim. - respondi rindo um pouco.
Meu pai pegou minha mão e afagou meus cabelos com a outra que estava livre.
-Então, e a grande decisão? Já fez? - ele perguntou com entusiasmo.
-Hum... Hã... Bem... - olhei para o lado envergonhada.
-Não se preocupe, não tenha pressa. Com suas notas, pode estudar em qualquer lugar. Só quero que faça o que gosta, como sua mãe. - ele disse com ternura.
-E o senhor, pai? Faz o que gosta? - perguntei.
-Eu? - ele soltou um riso. - bem, os livros sempre foram um fascínio pra mim, mas eu não tinha as habilidades de escrever da sua mãe e nem gostava também... - ele soltou outro riso o qual eu acompanhei também. - mas ainda assim, eu gostava de livros e eu sabia que tinha que trabalhar com isso e de alguma forma, fazer com que outras pessoas experimentassem o prazer da leitura como eu... A resposta foi simples. - ele sorriu de uma maneira que eu nunca o vi sorrir antes e meus olhos se iluminaram. Meu pai fazia mesmo o que gostava.
-Ser dono de uma editora? - chutei meio risonha.
-Não, Emily. - ele riu também. - casar com a sua mãe foi a resposta. - completou com a voz serena e me olhou com emoção por alguns segundos. Depois, nós dois explodimos em risadas.
Ter uma conversa assim com meu pai, é simplesmente maravilhoso. Não foi fácil voltar a ter uma intimidade assim com ele. Quando voltei a morar em casa, nós ainda parecíamos estranhos um para o outro, a diferença é que nos esforçamos para nos conhecer novamente. Sempre que eu chegava em casa ele perguntava como foi meu dia e assim iniciávamos uma conversa agradável que aos poucos nos aproximou, além disso, ele começou a passar mais tempo em casa do que no trabalho, então tinha noites em que nós dois assistíamos a um filme do qual minha mãe gostava ou um de nossa preferência. As vezes liamos juntos, essas pequenas coisas que passamos a fazer foi o que nos uniu e eu não me arrependo nem um segundo de ter decidido voltar para casa.
-O que eu quero dizer, é que você vai sentir a necessidade de trabalhar com o que você gosta, e quando você sentir isso, saberá o que quer fazer. - ele disse por fim.
-Obrigada, pai. - beijei sua bochecha com carinho.
-Agora. - ele suspirou e levantou-se, depois deu um beijo na minha testa. - Vou trabalhar.
-Claro.
-Pretende sair ainda? - ele perguntou já na porta.
-Sim, mas - olhei para meu celular que estava em cima da cama ao meu lado - ainda faltam algumas horas.
-Okay, então. Não volte sozinha para casa, é perigoso.
-Não vou voltar. - lhe lancei um sorriso malicioso.
-Emily, quando eu disse para não voltar sozinha, eu não quis dizer... - começou todo preocupado.
-Eu sei! - falei rindo de sua expressão - estou só brincando com o senhor, não se preocupe.
-É bom mesmo. - disse ele severo, mas com uma pontada de graça. - estou indo.
-Bom trabalho. - falei quando ele já havia saído.
Li um livro durante duas horas e finalmente já estava na minha hora de sair. Eu sabia disso porque escutei o som da buzina de Dener que fez meu coração dar um salto, ele já sabia antes mesmo do meu cérebro pensar, que eu logo veria Dener. Peguei meu celular, meu sobretudo cinza e o cachecol marrom-escuro que Dener havia me dado. Fiquei parecendo um presente bem embalado com todo aquele pano em volta do pescoço, mas tudo bem, fazia frio. Vesti uma meia college preta e saí de casa com certa pressa de ver Dener.
-Nossa, você está bem - ele franziu o cenho para as minhas roupas. - colegial! É alguma surpresa para mim? - perguntou com uma pequena malicia nos lábios e nos olhos. Bati levemente em seu braço.
-Claro que não! Só que será minha última vez vestida assim, quero aproveitá-la. - falei.
-Tudo bem. - ele passou o braço pelo meu ombro, empurrando minhas costas para me abraçar e beijou o topo de minha cabeça. - você combina com essas roupas.
-Sim, eu sei. - murmurei contra seu sobretudo preto. - então, aonde vamos? - perguntei me deleitando de seu abraço aconchegante e me afundando naquele perfume forte como uma bebida inebriante.
-Você verá. - disse me soltando e voltando para o carro. - vamos.
-Hum - soltei um murmúrio em protesto por ter que sair de seus braços.
Antes de entrar no carro, olhei para o céu que se encontrava em uma proporção admirável. Na verdade, o céu estava normal, limpo e as estrelas apareciam com mais facilidade. Era eu quem estava brilhando naquela noite. Sorri para elas de forma animada e entrei no carro com expectativa de algo por vir.
Oi pessoas! Parece que Emily e seu pai estão mais próximos, que ótimo! Mas aonde será que Sr. Dener vai levar nossa protagonista? 🤔🤔🤔 Terça-feira vocês vão saber. 🥰 Deixem aquela 🌟 se gostaram e comentem suas opiniões. ❤️
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O Que Há Nas Entrelinhas?
Romance🥇1° lugar na categoria História de amor do concurso Bevelstoke. 🏅4° lugar na categoria Ficção adolescente do concurso Crystais. Emily Dan-i é uma adolescente de 17 anos que perdeu a mãe por conta do Alzheimer. Ela convive com seu pai há 2 anos e o...