Capítulo XXXIV

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Aquilo era impossível, simplesmente não dava mais, simplesmente impossível. Então, de uma maneira atrapalhada e desesperada, eu explodi:

-Sim! Eu sinto! Eu gosto de você! Eu amo você professor McWillians! Eu amo tanto que as vezes penso que meu coração vai definhar! Eu não paro de pensar nas mentiras absurdas que disse a você e o quanto eu queria dizer o contrário, passei as semanas afogada nisso, nesse sentimento, e se eu abrisse novamente minha boca para negar isso, sinto que meu coração irromperia em pedaços e eu mesma me repreenderia até que eu entendesse que não sou mais capaz de negar ou de ficar longe de você! - contraí o rosto em um gesto cansado e suspirei fortemente abaixando a cabeça.

Negar aquele sentimento várias vezes estava fazendo meu coração adoecer junto com meu corpo. E, quando o professor citou versos de minha mãe, senti que estava fazendo tudo errado. Não pude mais conter e eu não suportaria mais negar algo que está em meu ser, que preenche meus ossos e meu sangue, algo que está completamente em mim, em cada centímetro da minha pele, cada parte do meu corpo. Ao finalmente explodir meus sentimentos verdadeiros e me expor para o professor, me senti aliviada de certa forma e também apreensiva.

Dener ainda me segurava pelos ombros e eu o escutei suspirar logo após o meu suspiro. Vagarosamente, mas com uma certa pressa disfarçada, Dener me puxou para um abraço repleto de saudade. Com os dedos, torci o tecido grosso de seu sobretudo preto, ele suspirou algumas vezes enquanto passava a mão gentilmente em meus cabelos. Pareciam suspiros de cansaço e alívio. Chorei baixinho em seu peito e comecei a me sentir calma e segura de novo.

Alguns minutos depois, Dener tocou meus ombros novamente e me afastou um pouco para que eu o encarasse. Levantei meus olhos molhados para ele e vi um sorriso em seus lábios que crescia devagar. Ele colocou uma mão em minha bochecha e acariciou, limpando uma lágrima que descia.

-Por que fez isso comigo? - ele perguntou baixinho, passando a língua nos lábios. - por que fez isso com nós dois? - ele não usou um tom de mágoa nem de repreensão. Apenas queria saber o motivo.

-Só achei que seria o melhor pra você. - foi a única coisa que eu consegui dizer.

-Desde que eu te conheci, o melhor para mim tem sido estar em sua presença, conversar com você, tocá-la, prestar atenção aos mínimos detalhes do seu rosto ou do seu modo de agir, saber que você está bem, saber que eu te faço bem o melhor para mim tem sido você, Emily! - seu rosto se contraiu em uma enorme dor, ele parecia sofrer. - não tire isso de mim de novo, você não sabe o quanto foi horrível. - ele suspirou - eu nunca havia sentido isso antes, você estava comigo o tempo todo e de repente, não estava mais...

Eu nunca havia visto Dener daquele jeito. Sempre tão imponente, sempre tão indiferente, como se as coisas não o afetassem e ele fosse apenas se adaptando as situações, porém agora, ele parece muito angustiado e eu estou me odiando por ter feito ele ficar neste estado. Toco sua mão que ainda repousa em minha bochecha e fixo meus olhos nos dele.

-Me desculpe, eu não queria... - um nó tapou minha garganta e eu não consegui completar.

-Está tudo bem. - ele me puxou para mais perto e segurou meu rosto em suas mãos. - vou ficar bem se você estiver comigo e se nunca mais negar o que sente por mim. - ele diz como um sussurro e seus olhos encaram meus lábios.

Percebo o desejo em seu olhar e meu coração se aquece. Começo a ser tomada pelo mesmo desejo. Quero seus lábios assim como ele anseia os meus. Então, sua boca lentamente se inclina e com cuidado toma a minha em um beijo faminto e carregado de sentimentos. Quanto tempo ficamos separados? Quanto tempo não nos tocávamos? Então essas eram as consequências de nossa separação? Esse beijo apressado e desesperado, como se eu não o visse a décadas. Dener delicadamente me empurrou para trás a fim de que eu tivesse apoio. Coloquei uma mão atrás de mim e toquei em uma mesa. Meu Deus. Dener me segurou firme e me levantou, colocando-me em cima da mesa. Seus olhos me encararam e eu coloquei as mãos em seus ombros.

-Não posso perdê-la de vista nem por um segundo de novo. - ele disse.

-Então, não perca. - sussurrei me inclinando para um segundo beijo mais prolongado.

Suas mãos corriam por minha cintura até próximo aos meus seios, mas ele não passava disso, isso fazia com que eu criasse expectativas e me deixava ansiosa, mas talvez fosse melhor não exagerar mesmo. Ele também correu suas mão hábeis por minhas coxas e eu arfei contra seus lábios. Não me sentia assustada com os toques avançados, pelo contrário. Porém, meus lábios fugiram dos dele, afastei a cabeça um pouco para trás e soltei um riso nervoso. Ele demorou o olhar em meus lábios, mas também riu um pouco e desviou o olhar para baixo.

-É melhor pararmos, não é? - ele sugeriu o que eu obviamente pensava.

-Sim. - respondi olhando para ele. O professor me deu espaço e eu desci em um pulo da mesa.

-Vamos em um lugar, quero conversar um pouco mais com você. - ele disse contraindo os lábios e semicerrando os olhos, o que foi bem sugestivo.

-Hum, sei.. A verdade é que não quer me deixar ir embora sem se assegurar de que vou sair da casa do seu irmão, certo? - falei o deixando surpreso.

-Eu? - ele tocou o peito com uma expressão falsa. - nem estava pensando nisso... - disse olhando para o lado com um risinho preso nos lábios.

-Ahã... - bati levemente em seu peito com as costas da mão. - Não sei, não queria ir embora assim, é a formatura do seu irmão.

Nesse momento, Ashley e Mark entram de supetão me assustando.

-Não se preocupe com isso. - disse Ashley - ele foi se divertir com os amigos.

-O quê? Não, espera, estavam ali o tempo todo? - perguntei incrédula.

-Sim. - respondeu Ashley normalmente.

-E estavam escutando tudo? - perguntei ruborizada.

-Sim. - ela afirmou com um sorriso malicioso nos lábios.

-Ashley! - exclamei batendo no braço dela. - e você Mark! - bati no peito dele.

-Ai! Calma aí, você é forte! - ele disse passando a mão onde eu bati.

-Vamos ficar papeando aqui ou vocês vão terminar o que começaram em outro lugar? - Ashley perguntou me encarando.

-Você... - comecei totalmente ruborizada. - isso não é coisa que... - parei a frase porque estava me atrapalhando toda - nós não vamos... ah! Vamos embora professor. - pedi chateada.

-Sim, Sim, mas antes... - Ashley se aproximou e me abraçou de um modo carinhoso e aconchegante - me desculpe por não ter feito nada antes, eu escutei tudo que disse e você parecia estar sofrendo muito por não poder dizer o que realmente sentia, me desculpe.

-A mim também. - falou Mark abraçando a nós duas. - acho que fomos os piores melhores amigos. - ele disse sorrindo.

-Não! - respondi abraçando os dois de volta - vocês, sem dúvida, são os melhores! Obrigada por isso, de verdade!

Agradeci mais algumas vezes e depois, eu e o professor saímos pelos fundos do colégio. Entrei em seu carro com a maior cautela possível e me senti feliz por estar ali de novo, por estar ao seu lado de novo. Entendíamos que ainda enfrentaríamos muitas coisas complicadas; a gestão escolar um dia, meu pai, Dave, nossos sentimentos, mas tudo bem, afinal, podemos contar com pessoas ao nosso redor. E, agora, vou começar a proteger o que temos, nós dois vamos proteger o que temos.

Roi pessoas! Acho que nós já esperávamos uma resposta positiva da Emily, afinal, esses dois se gostam

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Roi pessoas! Acho que nós já esperávamos uma resposta positiva da Emily, afinal, esses dois se gostam. 😃 Mas será que eles vão conseguir esconder isso por muito tempo? E qual será, de fato, a opinião do professor sobre isso, já que em suma, ele seria o mais afetado? Os próximos capítulos vão retratar essas dúvidas. 😁 Até sábado, amados! 🥺⭐❤️

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