O Que Há Nas Entrelinhas?

Capítulo XXVI

✨ Capítulo narrado por Alicia Mary ✨

Assim que a jovem Emily saiu da biblioteca, arrumei minhas coisas e fechei mais cedo. Do lado de fora fazia um frio consideravelmente forte e apertei o sobretudo contra meu corpo quando um homem se aproximava de mim. Sorri para aquele rosto que veio em minha direção pronto para fazer uma pergunta:

-Com licença?

-Sim? - me aproximei dele também.

-Uma colegial chamada Emily Dan-i está trabalhando aqui? - ele perguntou com a testa franzida.

No mesmo instante, percebi que aquele jovem rosto era semelhante ao rosto do garoto que levou Emily. Este deve ser seu irmão, mas apesar da face jovem, percebe-se que é adulto. Um sorriso invadiu meus lábios mediante aquela história de amor intrigante. Uma velha poderia dar uma mãozinha, não? Na verdade, pagar uma antiga dívida.

-Bem, sim. - respondi. - mas ela já foi embora com um rapaz da sua estatura. - percebi de imediato seu olhar mudar em um misto de surpresa e tristeza. - o senhor é parente da senhorita Dan-i? - perguntei me sentindo provocadora.

-Sou seu professor. - falou. Aquilo confirmou minha suspeita.

Professor hein? Hum...

-Ah, sim. Imaginei pelas roupas e a pasta. - ponderei a ideia de ajudar de alguma forma e só me veio em mente chamar aquele jovem adulto abatido para uma conversa.

-O que tem minhas roupas? - perguntou com a testa franzida e observando a si mesmo.

-Bem, se me permite dizer o senhor se veste como um professor jovem. - falei soltando uma risada mediante a sua expressão que concordava comigo. - Não gostaria de me acompanhar em uma xícara de chá?

-Como? - vi sua confusão aparente com o convite inesperado.

-Desculpe ter mentido, mas sei o porquê veio atrás daquela moça. - falei naturalmente. - será que poderíamos conversar um pouco? - lhe lancei um sorriso amigável.

-Hum... - ele contraiu os lábios, parecia envergonhado por eu ter lhe descoberto - tudo bem. - suspirou.

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Estávamos sentados à mesa de uma cafeteria próxima a biblioteca. Eu tomava um chá fresco e quente de camomila, enquanto o Sr. McWillians deliciava-se com um café preto.

-Emily é uma boa menina, muito parecida com sua mãe. - afirmei. Seu olhar me fitou.

-Conhecia a mãe dela, Sra. Mary? - perguntou-me.

-Ah, claro! Olívia Dan-i era uma mulher interessante. Tinha uma compostura clássica e segura, sempre foi avançada demais para sua idade e a filha é do mesmo jeito. - sorri ao me lembrar da figura deslumbrante que era Olívia Dan-in e notei que o homem a minha frente concordava com os lábios contraídos. - Você também a conheceu? - perguntei.

-Sim, tive esse prazer. Assim que comecei a escrever, a Sra. Dan-in me deu uma chance em sua editora. Ela sempre me deu dicas e me ajudou a ser um escritor melhor. Eventualmente, saí da editora quando ela morreu. - ele contraiu os lábios novamente, agora mais triste.

-Foi horrível o que aconteceu com aquela família. - afirmei cabisbaixa. - bem, mas parece que a filha também lhe desperta certo interesse? - indaguei voltando a animação e espantando o clima mórbido que havia se formado.

-O quê? - sua confusão e vergonha eram nítidos. Ele ajeitou seus óculos um tanto desconcertado.

-Não precisa ficar assim meu jovem, não vou julgar você nem a moça. O amor é assim, misterioso. - falei com um ar apaixonado.

-Amor, é? - ele disse deslumbrado mediante ao próprio romance. - talvez a Srta. Dan-in não pense assim. - falou mergulhado em seus devaneios.

-Eu discordo de sua afirmativa. - tomei um gole de chá - Não sei os detalhes da história nem como vieram a se separar, mas tenho certeza de que ela tem sentimentos por você e outra coisa da qual tenho certeza, é que seu irmão mais novo sente algo por ela também.

-Eu desconfiei disso. - suspirou recostando-se na cadeira. - ele tem uma vantagem sobre mim. - coçou a barba por fazer.

-O quê? Ser jovem? - perguntei franzindo o cenho e ele contraiu os lábios em confirmação. - pelo que vi, ele atrai os olhos de Emily.

-Reconfortante... - colocou os braços sobre a mesa.

-Mas você atrai o coração dela e isso é uma enorme vantagem que ele jamais terá. Escute, - inclinei-me em sua direção - ela não está confusa, ela quer protegê-lo de alguma coisa que eu não sei o que é, mas percebo que há algo. Porem, aquele garoto mexe com ela e vai tentar conquistá-la.

-Então, o que você acha que eu devo fazer? - ele perguntou meio perdido.

-Nada. - afirmei.

-Não quer que eu faça nada? Quer que eu deixe meu irmão levá-la? - ele perguntou incrédulo.

-Não, eu quero que deixe Emily fazer alguma coisa. - sorri para ele - não se preocupe, ela é esperta, madura e você só precisa esperar para depois fazer sua parte. - eu não tinha certeza se ele estava me entendendo. - ela não se deixará levar por um encanto qualquer, ela sabe o que quer de fato.

-Bem, acho que entendi um pouco do que quis dizer.

-Ah, que bom. - tomei mais um gole de chá.

-Por que está me ajudando? - ele perguntou tomando um gole de seu café.

-Porque... - suspirei - é um reembolso.

-Reembolso? Mas eu nem a conheço. - ele disse.

-Não a você, mas a Olívia Dan-in. - sorri novamente para ele, que por respeito não fez mais perguntas.

Lembrei-me do favor que Olívia me fez e me senti bem ao finalmente retribuí-lo. Eu sempre amei os livros e tinha um sonho de ter minha própria biblioteca desde o colegial. Quando finalmente consegui isso quase fui a falência e quase tive que fechar com apenas alguns dias de inauguração, mas Olívia, que estudou comigo do ensino fundamental a faculdade, me ajudou com as dívidas e a divulgação da nova biblioteca, que sempre fora minha sina. Eu jamais poderia esquecer isso, Olívia Dan-in me ajudou a manter meu sonho vivo até agora e eu ainda sinto a mesma emoção quando vejo os olhos calorosos das pessoas que leem na minha biblioteca. A notícia de sua morte foi uma das coisas mais duras que tive de enfrentar, porém, poder ver sua filha agora e ajudá-la de alguma forma, me traz paz e felicidade. Sei que não posso comparar ao que ela fez por mim, mas me sinto grata por poder ajudar sua preciosa filha, que era mais do que tudo para Olívia. Eu espero que Emily seja tão deslumbrante e espirituosa quanto sua mãe fora.

Hello, Hello, baybe... 🎶 Roi, pessoas, e aí? O que acharam dessa narradora do cap de hoje? Eu confesso que gosto muito das irmãs Mary. 🥰❤️ Fiquem de olho que outras pessoas na história também irão narrar em algum momento. 😁 Se gostaram, deixem a ⭐ de vocês 🥺 e comentem o que acharam. Até a próxima baybes. 😍❤️