ENEMIES | stydia.

Não odeio Stiles Stilinski.

  O momento em que Lydia se deu conta do que menos queria, foi o mais monótono possível.
  — Queria um sorvete de pistache. — Lydia diz, distraída. Ela, Stiles e Isaac estavam sentados juntos, num intervalo de aula.
  — Eu compro um pra você. — Isaac diz, se levantando. Stiles observa o amigo ir, depois passa a fitar Lydia.
  Ela nota depois de um tempo.
  — O que foi?
  — Ele tá afim de você. — ele brinca, mas Lydia sabe que é verdade. Já havia notado.
  — E isso te importa?
  — Você me odeia. E sempre vai odiar. Não tem pra quê me importar. — Isso não é verdade, Lydia pensa.
  E foi aí que ela soube. E nunca sentiu tanta raiva de si como sentiu naquele momento.

18 de Fevereiro.

  As paredes brancas e sem vida dão a Lydia ainda mais coragem. Ouvindo seu nome ser chamado, a garota respira fundo e adentra a sala, observando com cautela o cômodo.
  — Parece mais com uma sala de estar. — Lydia diz, se sentando numa poltrona. De frente para ela está a doutora Julie, com um sorriso calmo e sereno nos lábios.
  — Como você achou que seria? — se o sorriso era calmo, a voz da mulher era ainda mais. Apesar de constantemente se lembrar de ficar na retaguarda, Lydia se sentiu segura.
  — Sei lá. Igual nos filmes. Um divã e um sofá. Aqui até tv tem.
  — Sou uma psicóloga diferente. — Julie esclarece — Mas agora me diz, Lydia. O que te trouxe aqui?
  — É bem complicado... Eu acho que o meu mundo vai entrar em colapso.
  — E por que?
  — Porque me dei conta que não odeio Stiles Stilinski.
Lydia deita no sofá, bufando.
  — Nem precisa perguntar. É o seguinte: tudo começou no último ano do fundamental. Ele apareceu na escola. Conquistou todo o colégio. Conquistou o time. Conquistou os professores. Conquistou meus amigos. Confesso que conquistou até a minha atenção. Eu não sou fã de mudanças, doutora. E Stiles veio junto com a puberdade e o fato de que eu iria entrar no Ensino Médio... Então foi complicado. Não, não tenho nenhum distúrbio familiar pra ter medo de mudanças. Eu só tenho medo. Minha família é perfeita, pra falar a verdade. Volto neles depois. Enfim, Stiles virou amigo dos meus dois melhores amigos, Scott e Allison. Tive que aturar ele. A gente discute muito, mas é o que nos motiva a sair da cama. Mas ano passado tudo foi mudando aos poucos...
  Lydia para de falar um pouco para respirar, mas prossegue:
  — Começou com uns olhares que a gente fazia. Era como se pudéssemos nos comunicar só com o olhar, sabe? E ah, como isso irritava a Allison.

  "Scott e Allison estavam junto a Lydia e Stiles na casa de Scott, comendo pipoca. Os quatro jogados no chão, conversando sobre a escola.
  — E aquele novo professor de física, em? Ele parece ser gente boa. — Scott elogia.
  Stiles e Lydia se olham, rindo entre si. Haviam achado coisas extremamente estranhas sobre o professor na internet, junto de Kira e mais algumas pessoas. O olhar se intensifica tanto que Allison joga uma almofada neles.
  — Odeio quando vocês fazem isso!"

  — Aí chegou a Malia. A Malia com toda certeza é a mudança que eu menos odiei na vida. Ela é o meu tudo. Virou minha melhor amiga. Mas não deixa o Scott saber disso, ok? Enfim... A Malia fez tudo mudar. Marcamos de ir numa feira, eu, ela e Stiles. Acabamos sozinhos. E eu tive que beijar ele porque o idiota passou mal. E... Não acredito que tô falando isso em voz alta, mas foi muito bom. E foi só um selinho. Mas ele me desiludiu logo em seguida, falando besteiras como sempre. Mas então eu descobri que foi o primeiro beijo dele...
  Lydia encara as próprias mãos, pensando no beijo.
  — E eu fiquei nervosa. Aí ele quase foi no baile com a Malia, mas não foi. E ah, também tivemos meio que um encontro online? Sei lá. Mas aí esse ano ele sofreu um acidente. É, eu sei, parece uma novela. Mas foi besta. Ele ficou bem, mas nossas mãos tocaram. Eu passei dois anos sem sequer chegar perto de Stiles Stilinski, e em meses já estava quase o abraçando. Eu já beijei pessoas, doutora. Mas aquele toque de mão mexeu comigo demais. E agora aconteceram tantas coisas esse ano e, acabei de notar que eu não odeio ele. Isso é muito grave.
  Lydia olha para sua psicóloga, que a olha de volta atentamente. A expressão serena não deixou seu rosto, e Lydia repara em quão bonita ela é.
  — Pode falar agora.
  — Você sabe que eu cobro mesmo se você falar seu diagnóstico inteiro né? — ela ri — Lydia, me diz uma coisa: você gosta de ter tudo sobre controle, certo?
  — Vivo pra isso.
  — Mudanças devem ser isso pra você. A perda do controle. Porque você não pode controlar o que vai acontecer no primeiro dia de aula ou quando seu corpo vai mudar.
  — Já sabia disso.
  — Da mesma forma, não pode controlar o que sente por Stiles.
  — Não sinto nada por ele. Só não o odeio.
  — É? Qual o contrário de ódio?
  — Não-ódio.
  — Você sabe que não é isso.
  — Não sei. — Lydia desvia o olhar, voltando a encarar suas unhas.
  — Você tem dezessete anos. Tá tudo bem ficar assustada. Mas eu acho que você não está. E veio aqui porque precisava ouvir de outra pessoa.
  — Ouvir o que?
  — Que você talvez nunca tenha odiado Stiles.
  Lydia dá um meio sorriso.
  — É meio assustador. Não quero estragar tudo.
  — Você é uma menina esperta demais pra ter medo de estragar tudo.
  — E se ele não quiser não ser mais o meu inimigo? Tipo, eu literalmente já fiz isso com ele.
  — Talvez seja meio antiético falar isso, mas se ele não quiser, talvez torne mais fácil voltar a odia-lo.
  — É, você tem razão.
  — Você tem dezessete anos. Tá tão perto da faculdade. Tem que fazer algo ou irá se arrepender de ter tido Stiles como inimigo ao invés de um bom amigo.
  — Acho que já sei o que fazer.
  — E o que você pretende fazer, Lydia?
  — Te conto na próxima sessão.

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feliz ano novo :)