SESSENTA E UM | CONTINUAÇÃO...

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Com enorme surpresa sinto seus dedos acariciando meu rosto; é suave e gentil. Pisco aturdido e desmorono com seu toque. Levo minha mão até a sua e agarro-a entrelaçando meus dedos entre os seus. Aproximo-me dela mais uma vez; desta vez ela não fica agitada. Nossos olhos ainda estão presos um no outro.

— Me perdoe, Julianne. — Declaro, suplicantemente — Eu sinto muito por tudo que te fiz passar. Eu fui egoísta ao te guardar somente para mim! — respiro profundamente, sentindo todo o meu coração se abrir — Desculpe-me por ter condicionado você a tudo isso. E na primeira oportunidade agir como um filho da puta.

Solto sua mão e me afasto mais uma vez. Antes de tudo é extremamente necessário conversar. O grande fracasso deste casamento foi termos evitado conversar sobre todos os assuntos possíveis. O grande fracasso deste casamento é completamente destinado a mim. Eu estraguei tudo, e farei o possível para concertar as coisas. Primeiro começaremos com o divórcio. Depois veremos quais serão os próximos passos.

Dou mais dois passos para trás; verifico a reação dela. Ela continua silenciosa, seu único movimento é depositar uma das mãos em seu abdômen. Meus olhos vão para lá instantaneamente. Meu filho está crescendo dentro dela e a sensação é indescritível. Ela se transformou na grávida mais linda deste mundo. É uma lastima que permanecerei longe dele por mais algum tempo.

— E-eu... — penso a respeito de todas as coisas de errado que fiz para ela. E não sei por qual começar; nem sei qual foi pior. — Eu não deveria ter afastado você ainda mais dos seus pais. Meu pai foi um verdadeiro cretino, confesso. Porém ele teve as razões dele, assim como sua mãe também teve os dela.

Ponho as mãos na cintura e olho por além da janela do escritório. Visualizando as nuvens cinzentas se aglomerando ao longe.

— Durante todas essas semanas ponderei sobre este momento. O da verdade, da minha tão esperada explicação. Mas... eu não sei o que falar. — Volto meu olhar para ela. Que permanece em silencio, me encarando. Deixando-me falar.

Julianne sempre foi uma boa ouvinte. Lembro-me de quando ela me perguntava como havia sido meu dia de trabalho e eu começava a contar sobre as reuniões complicadas e os investidores chatos. E ela apenas ouvia. As vezes ela dava alguma opinião; que nunca estava fora de contexto. É engraçado que conversávamos sobre muitas coisas, mas não a mais importante.

— Te vendo agora percebo que não te mereço, Julianne. Eu infelizmente fodi para caralho as coisas. Meu pai não disse para mim me casar com você. O fato de meu avô ter agido de maneira ardilosa que mais tarde descobri ser um complô não é o grande ponto aqui. A verdade é que eu tomei a decisão, certo? Eu fui até você e exigi começar com tudo isso. Era para você estar estudando, vivendo sua juventude da melhor forma possível. Eu não devia ter escolhido me casar para começo de conversa. Deveria ter escolhido te proteger; cuidar de você e de Cellina.

Julianne cruza os braços sobre o corpo, e me dá um olhar reprovador.

— Dominik, eu não me arrependo da minha decisão de ter me casado com você. — Ela se manifesta. — A decisão foi minha também. Mesmo que você foi verdadeiramente um cretino quando me pediu em casamento, a decisão final foi exclusivamente minha. Eu precisei da sua ajuda naquela época, lembra?

Disfarço meu choque ao escutar uma palavra tão baixa sair por entre seus lábios. Nunca pensei que ouviria isso vindo dela.

— Mas as coisas poderiam ter sido completamente diferentes se eu tivesse agido como o seu tutor legal, o que era para eu ter feito deste o início. — Ela vinca a testa, entretanto, decido prosseguir antes dela decidir me interromper. — A gente poderia ter se casado, isso é verdade. Porém, o erro aconteceu quando decidi que viveríamos como um casal de verdade. E ainda mais porque eu decidi isso desde o princípio, poderíamos ter sido amigos; parceiros de negócios. Mas não! Decidi tornar o casamento real, mas na primeira oportunidade o que eu fiz?

SENHOR DOMINIKOnde histórias criam vida. Descubra agora