SESSENTA E DOIS | CONTINUAÇÃO

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Quando Dominik me entregou os papeis do divórcio, senti como se todas as minhas forças e esperança estivessem sendo drenadas do meu corpo. Mas depois de convencê-lo que poderíamos tentar mais uma vez, eu assinei as linhas sem nenhum temor.

Nunca imaginei que me casaria, então com isso nunca passou na minha cabeça que seria uma mulher divorciada. O mais engraçado disso tudo é que me casei e me divorciei antes de completar vinte e um anos. Eu não tenho idade perante a lei para beber, mas já pertenço ao índice de divórcio de 2011 do país.

Dominik foi embora assim que assinei os papeis. Ele não me disse quando nos veríamos novamente, não se despediu e muito menos disse que ligaria mais tarde. Ele simplesmente se foi. Me senti enganada. Como se ele só tivesse aceitado o meu pedido porque disse que lhe daria o divórcio.

Irmã Mercy me ajudou a parar de pensar na maneira que Dominik agiu comigo. Em como ele apenas foi embora sem dar o mínimo de satisfação a respeito dos nossos próximos passos. Eu me iludi pensando que a partir do momento que ele aceitou minha proposta já estaríamos ligados novamente. Que seriamos... não sei... namorados? Eu nunca namorei. De certa forma fui bastante ingênua com relação a nossa aproximação.

Porém, não fiquei amuada dentro do apartamento. Eu voltei a passear por Nova York. Quando comecei a andar pela cidade achava divertido que Peter Gilbert sempre estava disposto a me levar em qualquer lugar, mesmo que isso fosse o trabalho dele dava para ver o seu entusiasmo ao me explicar por onde estávamos passando. Não demorou muito para mim descobrir que Nova York não era exatamente a mesma estampada em tantos filmes de romance ou comédia romântica. Ela era um lugar medonho visto de perto.

Mesmo assim consegui absorver o máximo de informações possíveis. E em um desses passeios conheci Afonso Rivers. Eu ainda estava me recuperando dos últimos acontecimentos da minha vida. Eu tinha acabado de trocar de aparelho telefônico, pois Dominik estava me fazendo perder a paciência com suas incontáveis ligações. Foi Ryan quem me deu um novo aparelho, e me prometeu que não passaria o meu número para Dominik. Lembro que naquele dia meu entusiasmo não era um dos melhores e que foi Irmã Mercy que me convenceu a sair de casa. Então decidi antecipar minha visita ao MoMA. Eu já tinha ido na semana anterior ao American Museum of Natural History. E como a experiência tinha sido extraordinária, queria conhecer algo que realmente pudesse me fazer pensar sobre o meu futuro. A minha profissão.

Eu passei a considerar qual profissão escolheria durante todos os dias em que estive casada. Porém, logo eu fiquei gravida e coloquei essa ideia em segundo plano. Mas quando eu entrei naquele museu e comecei a explorar cada canto, observar todas as nuances, detalhes, cores e vivacidades escondidas em todas as telas, pude perceber que arte sempre foi algo que encheu o meu ser. Eu amava desenhar e pintar. E com esse intuito Afonso Rivers me notou no meio da multidão enquanto eu estava rabiscando um esboço de um desenho. Tomada pela inspiração e completamente sugada pelo desempenho da minha arte.

Ele me tirou completamente do meu estado de atenção plena enquanto rabiscava um rosto no meu caderno. Nunca pensei que meus traços pudessem chamar a atenção de alguém. Ainda mais de um dos responsáveis pela exposição de arte privada do museu.

Isso apenas me motivou a querer crescer cada vez mais. Afonso me convidou para um jantar para conversarmos apropriadamente. E esse jantar irá ocorrer um dia depois da minha tão aguardada conversa com meus pais.

Enquanto pensava em como poderia mandar um e-mail para minha mãe, depois que Ryan conseguiu seu endereço eletrônico com Keller Chan, recebi uma mensagem do sr. Rivers marcando o nosso jantar para quinta-feira em um restaurante francês. Após isso finalmente pensei em uma mensagem para ser enviada para minha mãe e deixei o local e o horário ao seu dispor.

SENHOR DOMINIKOnde histórias criam vida. Descubra agora