SESSENTA E TRÊS | CONTINUAÇÃO

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De volta em casa, quando cheguei irmã Mercy estava me esperando na sala com uma xícara de chá e minhas vitaminas. Eu contei sobre tudo que acontecerá na casa dos meus pais sem nem mesmo ela ter aberto a boca para me perguntar como tinha sido. Eu estava incrivelmente agitada e empolgada para lhe contar sobre como tinha sido o jantar e conhecer os meus pais pela primeira vez.

Eu sentia a empolgação na minha voz, nos meus gestos e tudo mais. Apenas moderei o tom de voz quando tive que lhe contar sobre a proposta que recebi para morar com eles. Era uma oferta válida e fantástica. Irmã Mercy me apoiou definitivamente para que eu desse uma resposta positiva quanto a essa ideia. Para ela eu não precisava pensar. Eles eram os meus pais, e como ambas as partes estavam dispostos a cooperar na criação de afeto e vínculo parental. Seria mais do que apropriado aceitar o convite. Criaríamos laços, além disso os conheceria de forma correta, o que consequentemente aconteceria da mesma forma com eles.

Também contei sobre a conversa que tive com minha mãe e irmã Mercy se bandeou para o lado dela quando disse que minha mãe desgostou da minha atitude de afastar Dominik com relação a minha gestação. Bem, eu sabia dos meus erros e estava disposta a concertá-los o mais rápido possível. Eu deixei o número da minha mãe com irmã Mercy e fui dormir.

Acordei disposta, os enjoos tinham cessados quando cheguei na decima terceira semana de gestação. Foi um alívio poder desfrutar das minhas manhãs sem precisar visitar o banheiro para jogar tudo para fora depois do café da manhã. Eu ainda permaneci intolerante a alguns tipos de comidas. Descobri que com a gravidez comidas que eu amava passaram a ser minhas inimigas. Quando desci para a cozinha irmã Mercy já estava acordada e meu café da manhã posto na ilha.

— Vou sentir sua falta! — eu disse, lamentavelmente se sentando em frente ao meu prato com ovos mexidos e mingau de aveia.

Eu olhei para a comida e meu apetite se abriu.

— Eu também vou sentir sua falta, menos dessa sua combinação esquisita. — disse ela, fazendo uma careta para mim enquanto eu levava uma colherada dos ovos mexidas e do mingau a boca.

Outra coisa bizarra que descobri ao estar gravida: combinações de diferentes comidas se tornaram meu paraíso.

Eu sorrio para ela.

— Você deveria experimentar. — Eu jogo para ela — Uhum... será que não teria pasta de amendoim aí, não? Acordei com vontade.

— Essa criança pelo menos não nascerá enjoada.

Irmã Mercy balançou a cabeça, estendendo o pote e uma colher.

— Eu terei que sair hoje. Visitarei uma amiga em Nova Jersey. E depois me encontrarei com sua mãe para conversarmos — informou ela se dirigindo para o forno.

— Oh, então você já irá se encontrar com Amelie?

Ela assentiu.

— Não terei tempo outro dia. Eu comprei minhas passagens para sábado, a Madre Superiora requisitou minha presença.

Eu deixo a colher escorregar por entre meus dedos.

— O que? Mas você não iria na segunda?

— Sim, iria. Mas o arcebispo irá fazer uma visita ao colégio semana que vem e preciso estar presente. — ela responde, tranquilamente. Eu reparo nela tirando uma forma de biscoitos do forno.

— Eu já estou com saudades.

Solto um muxoxo.

— Eu estou com saudades da minha rotina. E você logo se mudará para a casa dos seus pais, certo?

SENHOR DOMINIKOnde histórias criam vida. Descubra agora