CINQUENTA E SETE | CONTINUAÇÃO

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* * *

O estacionamento está começando a ficar alagado. O tumulto do lado de fora toma minha curiosidade para si. Além de que isso me faz virar na direção de Charlotte e quase gritar por socorro. Porém, ela não pode vir me socorrer. Estou largada aos leões.

Toda essa gente com câmeras fotográficas e mais um monte de bugigangas não estavam no plano. Retrocedo um passo e procuro por Ryan e Christina pelo saguão de recepção do hospital. Não os encontro em lugar algum, o que faz meu nervosismo se aflorar. Sinto meus pés presos no chão. Luto com meu corpo para reagir, pois senão chamarei a atenção das pessoas para mim. E isso é a última coisa que desejo nesse momento. Lembro do que Charlotte me disse antes de sair para o corredor: Mantenha a calma!

Fixo minha atenção nesse conselho e começo a soltar devagarinho a respiração; seguindo a instrução da minha cunhada com destreza.

Quando sinto que consigo sair do lugar, ergo a cabeça e lanço um olhar para Charlotte. Vejo ela ao telefone, seus olhos cruzam com os meus e noto – aflita –, que sua expressão não é das melhores, o que sugere que Eliza Grace ou Dominik descobriram que eu fugi. Para conter o impulso de voltar para o elevador, fecho as mãos em punho e apenas balanço a cabeça imperceptivelmente. Charlotte compreende o que quero dizer, pois, dessa forma, ela vai na direção dos elevadores.

Me viro para as portas de vidro novamente, ao mesmo tempo que uma aglomeração de pipocos e murmúrios se iniciam. Reparo atordoada que os repórteres ou paparazzis começam a se tumultuar entre si, criando uma bola degenerada de gente em torno de alguma coisa.

Continuo parada no mesmo lugar, atraída pelo alvoroço proposto pela imprensa. As portas se abrem automaticamente possibilitando que a pessoa perseguida se abrigue no saguão, porém apenas faz os murmúrios e pipocos o acompanhar. Alguns repórteres saem da frente do alvo.

Deus!

Minha mão imediatamente vai para a minha boca coberta pela máscara. Enquanto a outra se espalha sobre o meu abdômen ainda plano.

Ele...

Ele está aqui.

Dominik!

O meu marido está do outro lado do saguão.

Parado.

Seus olhos azuis indefinidos – e as pequeninas rachaduras marrons-esverdeado –, estão encarando uma mulher alta, loira e bonita. Os lábios dele estão completamente presos em uma linha dura, o que sugere que ele esteja irritado.

Meus olhos dançam por todos os seus atributos.

Dominik está usando uma calça jeans preta que se ajusta perfeitamente a suas coxas e bumbum fabuloso; nunca neguei que essa parte de sua anatomia masculina fosse a minha preferida. Subo um pouco com minha análise para seus quadris estreitos e vejo o vislumbre do tecido da sua camisa jeans clara por baixo da jaqueta de couro preta. Observo alguns pingos escuros e concluo que sejam da chuva. Só assim para mim perceber que ele está carregando um guarda-chuva.

Permaneço observando-o como se fosse a primeira vez que o tenha visto em toda a minha vida. Como se fosse esse o nosso primeiro encontro. Percebo o meu coração batendo ritmicamente e todas aquelas borboletas dançarem dentro do meu estomago. Essa é uma boa imagem para se guardar dele. O mesmo semblante de quando o conheci na sala de irmã Mercy. Tronco ereto, cabeça altiva, olhar dominante e arrogante. Eu me vejo na expressão cautelosa da mulher que ele encara.

Reparo nos lábios dele se entreabrirem e a mulher dizer algo. Suas sobrancelhas flexionam e seu cenho se franze à medida que a mulher conversa com ele. Novos murmúrios preenche o local.

SENHOR DOMINIKOnde histórias criam vida. Descubra agora