Por que não agora?

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                                                                                          𖣘

Eu me sentia perdido, das poucas coisas que eu me lembrava tudo ainda era como um grande labirinto em minha mente. Tudo parecida que não tinha saída e eu me sentia preso em um eterno buraco infindável, não conseguia me lembrar de coisas das quais eu deveria, afinal eu passei anos da minha vida me dedicando a elas, por que eu joguei tudo fora assim?

Apesar de muito ter ouvido de que a culpa não me pertencia, não consigo acreditar nisso, eu sou um adulto e devo me responsabilizar pelos meus atos e os mais recentes, por mais que eu não me lembre deles, foram errados. Quando acordei com dificuldade me lembrei do meu nome, em seguida fiz uns exercícios com o médico e me lembrei de coisas chaves, logo me lembrei de Anderson e me preocupei com seu estado, seria demais para mim carregar a culpa pelos seus machucados.

Anderson tinha chegado em um terrível estado no hospital, e foi se recuperando com o passar das horas, o médico me contou que ele quebrou a perna e cortou bastante o braço, rosto e tronco, fazendo ele perder muito sangue e precisar urgentemente de uma transfusão. Tardaram um pouco em achar alguém que o ajudasse mas quando o fizeram ele melhorou seu quadro rapidamente, o que me aliviou um pouco quando ouvi.

Meus pais chegaram mais rápido do que eu esperava no hospital, de início nossa comunicação foi difícil, mas depois de um tempo passei a entender um pouco do que estava acontecendo, minha mãe conversava comigo como se fosse um bebê, ou a coisa mais frágil que ela viu, já meu pai me observava por bastante tempo e custava a falar alguma coisa, eu não tenho ideia o por que dessa atitude. Me esforcei para lembrar das pequenas coisas que ela me contava, mas era difícil encontrar certas memórias, todas as vezes que eu forçava demais sentia uma dor de cabeça terrível, o que não compensava o esforço. Quando eles estavam indo embora o médico chamou ambos para conversar, consegui notar meu pai evitando olhar para frente, assim fixando seu olhar em seus sapatos, minha mãe estava nitidamente triste já que algumas lágrimas escaparam de seus olhos, me senti culpado por isso.

Médico me contou algumas coisas que Andy se lembrava do acidente e o que ele poderia fazer sobre minha amnésia, o carro que se chocou contra nós era de uma família, devido ao impacto o pai morreu imediatamente, a mãe se encontrava em estado grave, já a criança estava melhorando. Passei a pensar nessa família durante a manhã seguinte, essa criança de quase um ano tinha perdido o pai e corria risco de perder sua mãe também.

— Doutor, sobre aquela família que bateu no meu carro...- Mostrei interesse em saber mais captando a atenção do médico que estava fazendo o chamado check up em mim.

— Daniel eu acho que você deveria descansar, já está tarde, você recebeu bastante visitas hoje e deve estar cansado.- Ele tinha razão, eu estava cansado mas precisava de algumas respostas senão ficaria martelando essas circunstâncias em minha mente a noite toda.

—Prometo que vai ser minha última pergunta.- Disse e recebi confirmação dele.— Algum parente veio visitá-los? Até agora não vi ninguém falando deles.

— Estranhamente ninguém apareceu, procuramos pela família mas ninguém se preocupou em vir.

— Então se a mulher chegar a morrer, o que vocês farão com a criança?- Terminei fazendo outra pergunta, esperando que ele não notasse.

— Caso ninguém apareça, adoção seria o melhor jeito, vamos tentar comunicar a família novamente mas aparentemente nenhum deles quer a guarda da pequena Tori.- Diz o doutor e o olhei confuso.— Como sua mãe está em coma, não sabemos como chama-lá, seu amigo deu a sugestão desse nome.

— O Andy?- Disse mais confuso ainda, não estava entendendo nada.

— Chega de perguntas Daniel, amanhã você pergunta diretamente pro Anderson, caso você queira dividir quarto com ele.- Diz desligando as luzes do quarto e organizando as coisas que eu chegue a precisar durante a noite.— Você teve muitas emoções hoje, tente descansar.

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