Hermione já se encontrava na biblioteca, com os dedos tamborilando um livro, dos vários que ela lia por semana. Sorriu sem os dentes quando percebeu Harry chegando, soltando a mochila e se sentando em sua frente na mesa, estava extremamente nervoso. Ela ainda estava preocupada com o amigo. Nem nas últimas crises com Voldemort o perturbando, Harry estava tão acabado. Até o término com Gina havia sido mais fácil. Ele sempre se fazia mais forte quando problemas apareciam. Mas agora, sentado em sua frente, se encontrava o menino que sobreviveu mais magro que o normal, com olheiras embaixo dos olhos e olhar cansado. Era de se duvidar do que assombrava o grande Harry Potter. O que seria tão grave ao ponto de o derrubar? A aparência cansada não era mais notada apenas por Hermione. Outras garotas, provavelmente com uma queda por Harry, também notavam e cochichavam nos corredores quando ele passava.
-Oi...
Disse Harry, olhando nervoso para a amiga. Que já havia reparado seu nervosismo apenas por sua forma de falar. Sua amiga lhe conhecia como ninguém.
-Oi. O que precisa conversar?
Harry gelou, ele tinha traçado um plano de como contar, por que estava tão nervoso? Era sua amiga de infância! Os olhos encheram de lágrimas, que foram contidas pela manga do manto, enquanto Harry as secava. Hermione o olhava preocupada, se havia visto Harry chorar três vezes, era muito.
-E-eu...não sei o que está acontecendo comigo.
Hermione segurou a mão do amigo, mantendo um contato visual com o mesmo.
-Você sabe que pode me contar tudo, certo? Estou aqui.
Harry sorriu ladino sem os dentes, ainda nervoso mas um tanto mais calmo.
-Eu ando tendo alguns sonhos, ou pesadelos, não sei explicar...
-Com V-...com você-sabe-quem?
-Não. São sonhos tão...intimos.
Hermione levantou uma sobrancelha. A forma com que ele tinha dito parecia algo realmente secreto. Harry suspirou, apertando os dedos na borda do livro, fazendo os nós deles ficarem brancos pela força. Fechou os olhos suspirando uma última vez.
-Eu tenho sonhado com meus pais. Quase toda a noite, é tão estranho, Mione. Eu sempre senti a falta deles na minha vida, mesmo que não me lembre de muito. Mas não dessa forma.
A garota fez sinal para ele continuar. Ele suspirou mais uma vez, limpandoas lágrimas que escorriam inconscientemente. Tentando manter sua voz estável naquele desabafo.
-São mais com minha mãe, em maioria. Nos sonhos sou eu, na idade que tenho agora. Mas eu ganho colo, carinho, como um...bebê...eu acordo no meio deles e choro por horas seguidas, parece que algo vai rasgar minha garganta, ela arde. Fora que peguei a estranha mania de...
-Chupar a ponta do dedo. É, eu notei. Você faz isso sem perceber quando está nervoso nas aulas ou conversando algo mais sério com a gente.
Harry corou, não era bem chupar o dedo...era mais um toque, certo? Suas bochechas estavam quentes.
-É...e eu acordo dos pesadelos com ele dessa mesma forma. É tão estranho...
-Harry, eu sei que estamos no mundo mágico, mas posso te dizer que isso não é fora do comum entre os trouxas. São reações aos traumas. Talvez por ter passado por tudo isso, sua mente quer alguma forma de alívio, e essa foi a que ela encontrou.
Harry concordou, ainda escutando a amiga e sentindo a garganta queimar de angústia.
-É doloroso não é? Eu preciso pesquisar um pouco sobre. Lá fora, as pessoas fazem faculdade de psicologia, uma área que estuda a mente. Serve para ajudar outras pessoas a entenderem algumas coisas. Mas eu não sei muito sobre. Tenho pouca noção do que pode ser.
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The little boy with a scar
RomanceHarry Potter, o grande garoto corajoso e valente que não sente medo. Mesmo? E se o "grande" garoto não for tão grande assim e esconder segredos que poderiam atordoar qualquer um que tenha a visão deturpada do "garoto que sobreviveu" sendo forte 100%...