Sua cabeça latejava, conseguia escutar um apito contínuo em seu ouvido e isso estava o deixando mais zonzo do que já se sentia. Uma luz muito clara cegou seus olhos, ainda que fechados, e ele se forçou a os abrir, sentindo a luz queimar de tão clara. Aos poucos, sua visão clareou e não ficou tão dolorido para enxergar corretamente. Mas também não demorou muito para o pânico de instalar em sí, o coração acelerado e os olhos verdes abertos em surpresa. Ele estava na enfermaria! Ele estava lascado, para não dizer palavras piores e de baixo calão.
-Vejo que acordou, Sr Potter.
Ouviu a voz fina e arrastada de quem ele menos queria escutar, madame Pomfrey. Oh meu deus, naquele momento ele já sabia que a mulher tinha certeza de seus atos ilícitos. Ele seria sem dúvidas, expulso. Esfregou as mãos no rosto, desejando que fosse um pesadelo. Não surgindo efeito, apenas olhou o semblante sério da Sra á sua frente, logo desviando. Podia ver apenas o borrão de um aluno dormindo não muito longe de sí, com o braço enfaixado.
-Acho que precisamos conversar, não?
Seus pensamentos desviados de como o garoto havia machucado o braço foram dissipados quando virou-se para a mulher. Acenando com a cabeça, sentia que sua voz sairía rouca e baixa se tentasse falar. Sentou-se devagar na cama, tateando os óculos na cabeceira que tambem continha sapos de chocolate e feijãozinho de todos os sabores. Provavelmente presente de seus amigos. Puxou as cobertas de cima de sí, encontrando o olhar severo dela. Madame Pronfrey era uma senhora magra, de estatura mediana, olhos azuis e cabelos já esbranquiçados sempre presos em uma espécie de véu. Sempre brigava com os alunos que iam visitar os doentes e nem mesmo Dumbledore escapava de seus sermões intermináveis, no geral, podia ser bem amedrontadora.
-Enquanto o Sr dormia, fiz alguns testes, nada invasivos. Mas não foi difícil chegar á conclusão do que estava acontecendo. E devo dizer que estou muitíssimo decepcionada.
-Sra...
-Não antes de eu terminar de falar, Sr Potter. Sequer sabe os perigos dessa poção? Pensou que tomando pouco não haveriam problemas? Pois após usar em demasiado, mesmo que em gotas, pode sim levar á morte! Sua atitude foi deveras irresponsável!
-Me desculpe Sra Ponfrey...
-Desculpas não iriam trazer sua vida de volta, Sr Potter. Como conseguiu essa poção? Me nego á acreditar que um aluno consiga fabrica-la com tamanha destreza.
-E-eu...peguei emprestado, Prof Snape...
-Sua situação já está difícil o bastante para piora-la mentindo. Prof Snape jamais emprestaria uma poção perigosa á um aluno. Eu quero lhe fazer muitas perguntas, Sr Potter, mas sequer consigo encontrar um motivo para tamanha estupidez.
Após á última frase, os olhos de Harry se encheram de grossas lágrimas, o coração acelerado e as bochechas rosadas. Odiava demonstrar tanta fraqueza, ainda mais em frente á um adulto. Onde estava sua coragem grifinória? Suas bochechas ficavam úmidas á medida que ele soluçava baixinho, tremendo.
-Sr, Potter? Preciso ser severa, mas não há necessidade de chorar.
As palavras da enfermeira não surgiram nenhum efeito no garoto, que agora chorava um pouco mais alto. Sua cabeça estava tão confusa, sem a poção, ele continuaria com os sonhos terríveis que o faziam acordar e chorar por horas. Ele tinha uma estranha vontade de ser pego no colo e ganhar atenção e carinho por algumas horas, apenas algumas horas. O que era extremamente infantil e sem nexo, ele já era um adolescente, não deveria estar assim. Mesmo que Sirius estivesse com ele, não poderia pedir algo tão vergonhoso ao homem. Sentia-se fraco, um perdedor. Ainda chorando, tentando limpar inutilmente as lágrimas com as costas da mão.
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The little boy with a scar
RomanceHarry Potter, o grande garoto corajoso e valente que não sente medo. Mesmo? E se o "grande" garoto não for tão grande assim e esconder segredos que poderiam atordoar qualquer um que tenha a visão deturpada do "garoto que sobreviveu" sendo forte 100%...