Not understand

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-Então...? O que de tão ruim pode ser?

-Não é ruim de um todo. Mas eu acho que você não vai gostar.

  Harry suspirou, mantendo o olhar em suas mãos, estalando os dedos mas logo voltando á sua amiga e fazendo sinal com a cabeça para que ela continuasse.

-Existem algumas coisas que nosso cérebro não esquece. Alguns traumas que acabam ficando marcados. Harry, eu sinto muito em ser tão explícita, mas você não teve infância. E por isso, seu cérebro está tentando te fazer voltar, como uma segunda infância. Por que é uma das fases mais importantes para o desenvolvimento.

-Hermione...como...como assim?

-Harry, sendo mais clara, sua mente está tentando te forçar a voltar a ser criança ou bebê, te incentivando a voltar á esses hábitos infantis. Eu li sobre e bom...o melhor a se fazer é ceder á esses desejos. Ficar prendendo só vai piorar e te trazer dor de cabeça.

  Agora ambos se encontravam vermelhos. Mas sem dúvidas, Harry estava mais. Extremamente confuso. As lágrimas se acumulavam e ele tentava as segurar, não queria chorar mais uma vez em frente á amiga, parecia infantil demais. Respirou fundo.

-Se eu te contar algo, promete não comentar com ninguém?

-Claro.

  Ela sorriu de lado, sem os dentes, passando um olhar de confiança ao amigo, que disse, trêmulo, gaguejando e sem conseguir olhar nos olhos da garota á sua frente:

-E-eu tenho acordado algumas noites com o d-dedo na boca. Isso faz parte?

  A menina segurou a mão do amigo, lhe dando mais confiança para prosseguirem naquela conversa. Mas sempre explicando com seu jeito sabichão, fazendo Harry ficar confuso em alguns termos.

-Sim. Como eu te perguntei aquilo na biblioteca, eu já imaginava que alguma  coisa desse tipo pudesse acontecer. É uma extensa explicação, envolvendo um médico trouxa chamado Freud. Resumindo: ele diz que precisamos da fase oral, para podermos seguir a vida. Alguns concordam, outros não. E isso envolve...bom...

  Hermione desviou o olhar vermelha, colocando uma mecha do cabelo bagunçado atrás da orelha e tentando continuar enquanto Harry tentava inutilmente pentear o cabelo, agora pouco úmido, com os dedos.

-Envolve o peito da mãe, chupetas, mamadeiras. Tudo isso é importante. Quando não se tem nenhum dos três, as coisas complicam. Muitas pessoas acabam criando vícios orais, como fumar, roer unhas, e no seu caso...querer voltar á usar essas coisas.

-Mas eu não quero!!

  Disse o garoto exasperado, ainda segurando a angústia e as lágrimas.

-Você pode não querer, mas a sua cabeça quer. E acredite: ficar negando e não se permitindo, é pior. Os pesadelos vão piorar, Harry.

  Harry suspirou. Não sabia como reagir ou o que fazer naquilo. Ele realmente iria precisar usar coisas de bebê para se sentir bem novamente? Era ridículo! Ele não queria aquilo.

-Eu não vou usar coisas de bebê. É vergonhoso!

-Não estou dizendo para usar, isso é sua decisão. Mas acho que pode ceder um pouco, tipo, ahn, a vontade de chupar o dedo por exemplo. Cada pessoa lida com o trauma de uma forma, Harry.

  Harry continuava vermelho e envergonhado. O sono vindo a tona e a confusão em sua cabeça apenas piorava. Decicidamente, iria dar boa noite para a amiga, e nunca mais falaria sobre o assunto. Nunca! E acabaria de vez com a história de sonhos e dedos na boca, estava decidido. Lutou mais de uma vez contra Voldemort, por que não poderia acabar com algo tão simples? Estava decidido.

The little boy with a scarOnde histórias criam vida. Descubra agora