Uma grande mentira.

468 49 25
                                    

Leaving my love behind
- Lewis Capaldi.

"EU NÃO QUERO TE MATAR"

*




      Marlene sorria ao lado de Sirius, eles estavam deitados em sua pequena cama sorrindo para o céu estralado que iluminava o ambiente. Já era costume para o casal observar o céu, Sirius Black havia se encantado por ele por conta de Lene. Ele se encantava por tudo que ela gostasse.

     — Quis tanto te ter — Sirius diz colocando uma mexa de cabelo loiro para trás de sua orelha.

     Lene pensava o quanto queria ser feliz com ele para sempre. O quanto queria ser a mãe de seus filhos. O quanto queria ter uma casa com ele, com chão de madeira e cheiro de cookies saindo do forno. Queria andar sobre o altar com um vestido branco e o encontrar no fim do corredor. Queria ter pequenas discussões mas depois se acertarem com um jantar romântico e um vinho bom. Queria envelhecer ao seu lado, ver seus netos e rir das suas palhaçadas mesmo com oitenta anos. Queria dizer a ele "Foi uma vida boa pois foi ao seu lado" depois de completarem 50 anos juntos.

Como queria.

Mas ela sabia que isso era uma mentira.

     Lene sempre ouvirá pessoas falando sobre corações partidos, mas nunca soube que os cacos cortavam seu peito a cada respiração. Doía saber que não poderia oferecer esse futuro para Black.

     — Já ouviu falar de "la petite mort"? — Sirius fala para quebrar o silêncio.

     — A pequena morte?

     — Não é bem assim — Sirius se vira para a garota, apoiando suas mãos em sua nuca — É como uma perda de consciência depois de um momento..

   — Momento? — Lene pergunta rindo.

     — Assim — Ele diz e se posiciona sobre a garota, beijando seus lábios.

     Ele ainda tinha gosto de vinho. E não era um azedo.

40.
*


— Lene, eu sinto muito — Sirius falava passando os braços em seus ombros.

Os dois estavam na casa de Marlene Mckinnon. A casa que ela havia nascido, a casa que tinha ouvido as maiores brigas da sua mãe, as maioria pegadinhas dos seus irmãos, o maior sentimento de amor da sua vida. Era sua casa. Era sua família.

E agora, era pó. Eram cadáveres.

      Como tudo podia mudar tão rapidamente?. Em um momento eles estavam deitados em sua cama, sentindo o cheiro da chuva que antes parecia bonita e serena e agora soava como uma tempestade. E do nada, em questão de horas, receberam uma visita de um oficial do Ministério da Magia.

Seu coração batia descontroladamente. Não parecia real. Voldemort havia matado seus pais e seus irmãos. Havia assassinado a sangue frio os seus sonhos, seus objetivos.

     — Não! — Ela berra — NÃO NÃO NÃO! — Começa a gritar desesperadamente.

      O corpo de sua irmã estava jogado na sala. Ela parecia estar bem, apenas dormindo. Mas não tinha mais vida ali. Ela estava morta. Todos estavam.

     — Não! — Marlene continua chorando — Não pode ser.

     A Mckinnon cai no chão, ajoelhando na frente do corpo. Ela começa a mexer no cabelo loiro e cacheado do cadáver.

     — Por favor acorda! — Lene gagueja — Acorda e vem me desejar bom dia, vem fazer meus cabelos, vem me dar conselhos, vem ser minha madrinha de casamento, por favor! Acorda!

       Lene começa a gritar desesperadamente, apenas deixando a dor consumir ela por inteiro. Era para ela morrer, não sua família.

Eles não podiam estar mortos. Não podiam.

Era sua culpa.

     — Mar? — Sirius fala passando a mão em seu ombro.

     — NÃO! — Grita tirando a mão do maroto e se levantando — É minha culpa — Soluça — Minha.

    — Que? — O Black pergunta.

    — Eu atraio a morte! EU! — Grita — E-U! Eu matei eles, Sirius! E eu vou te matar.

     — Você não matou eles — O garoto diz tentando se aproximar, mas ela se afasta.

    — Como não? — Chora — É a ordem das coisas, eu não morri ainda! E até lá, todos que eu amo vão morrer!

     Lene pega a varinha que estava em seu bolso e aponta para a cabeça. Ela chorava tanto que sua barriga doía. "É o único jeito", pensa.

     — NÃO! — Sirius grita. — Não faz isso!

    — Por que não? — Responde — Eu não quero te matar! — A loira desaba. — Eu não posso te matar!

     — Você não vai.

    — Vou! E se você morrer — Ela gagueja novamente — Vai ser minha culpa e eu- eu não posso!

     — Se você fizer isso — Sirius grita pegando sua varinha — Eu vou também.

    — Não! — Dessa vez a menina se aproxima. — Você não seria capaz!

    — Não tem porque viver sem você.

     — Eu não queria ser assim — Lene diz — Tão quebrada, tão errada.

     — Você não é! — O maroto finalmente se aproxima, passando seu braço por ela.

     — Por favor — Diz enquanto se enfia no ombro de Sirius — Não me abandone. Não morre, por favor.

     — Não vou — Ele abraça ela — Não vou.

     Ambos perderam a conta de quanto tempo ficaram sentados no chão daquela casa mórbida. Pessoas passavam e limpavam a bagunça. Lene sentia que estavam limpando a existência deles. Não tinha mais porque as coisas ficarem ali, eles não estavam mais no nosso mundo.

      Sirius deposita um beijo em sua testa e a garota apaga, dormindo, querendo que esse dia tivesse sido uma grande mentira.



*

30 days before.



- Desculpa mesmo pela demora para postar o capítulo, as coisas ficaram muito corridas com o enem chegando :/
- Espero que gostemm

Visions - Blackinnon.Onde histórias criam vida. Descubra agora