Sala Precisa.

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Figure 8 - Ellie Goulding

"ELE A INTRIGAVA, POR COMPLETO"

*

     Lene chegava naquele lugar que trazia lembranças boas - e algumas não tão boas. Todos os pelos de seu corpo se arrepiavam ao ver o grande castelo de Hogwarts.

     Lily havia aparatado tão rapidamente que Lene nem se despediu de seus pais.

     — Corre! — A ruiva grita a puxando para dentro do castelo.

     — Para onde? — Exclama.

     — Dumbledore precisa de nós, e você está muito atrasada — A Evans responde.

      Lily a guiava para o sétimo andar, ao lado esquerdo. Sua amiga grita umas palavras para a parede, palavras que a garota não decifra.

     — Lily, o que diabos é.. — Lene se cala ao ver uma grande porta se abrindo no meio da parede.

     — Vem! — A ruiva a puxa.

      A porta era a entrada para uma grande sala com uma lareira no fundo. O cheiro da fumaça se misturava com o mofo, mas de alguma forma, era bom.

     A mesa na frente da lareira aparentemente estava cheia por conta das conversas que Lene escutava.

     Algumas vozes eram possíveis de se reconhecer; Dorcas, Dumbledore e Sirius.

Sirius.

Como ela queria o ver.

      Seu olhar ao entrar no ambiente da mesa foi direto para o maroto. Seus cabelos estavam curtos e parecidos com os de James - "provavelmente a Sra.Potter que cortou", pensa.

      Ele estava mais bonito, mas parecia mais profundo. Seu olhar estava tenso e preocupado, ele debatia com Dumbledore sobre os riscos de algo que Lene não entendia ainda.

     Sirius encara a garota de volta, com um sorriso de lado. Lene sorri novamente, sem mostrar os dentes. Como ela queria abraça-lo.

Mas agora não era o momento.

      — Que bom que chegaram, queridas — Minerva Mcgonagall diz no canto direito da mesa. — Esperávamos vocês.

     — Para o que exatamente? — Lene pergunta se sentando ao lado de Lily e, consequentemente, de James.

      — Como sabem, aquele-que-não-deve-ser-nomeado vem ganhando muita força dos últimos dias — Minerva suspira — Sinto em dizer mas já perdemos amigos e colegas próximos

      Quando a professora diz isso uma garota da lufa-lufa, Hestia Jones, se levanta chorando. "Provavelmente perdeu alguém próximo", pensa.

       O resto da tarde consistiu em informações sobre as trevas e possíveis planos de contra ataque, mas nenhum desses planos incluía fugir da guerra.

Todos envolviam violência, luta, sangue, morte.

Morte.

"Talvez fosse minha morte"

      Lene começou a sentir seu corpo tremer depois de quase três horas. O ar já faltava a tempos. Ela não queria sair daquela sala. Queria entender os planos, as opções.

     Queria fazer tudo que estivesse ao seu alcance para ajudar a deter as trevas, tudo para salvar as pessoas que ela amava. Tudo.

       Mas seu corpo simplesmente não aguentava mais. Ela não conseguia ouvir James falar sobre guerras sem seu estômago revirar.

      — Não é possível parar uma guerra — O maroto grita irritado — Ela começou, não tem como parar — Bufa.

     — Merda — Lene diz baixinho sentindo que vai colocar seu almoço para fora — Eu preciso ir..  — Diz correndo para fora da sala.

       Lene para de andar assim que vê uma janela. Ela estava parada em frente ao parapeito de Hogwarts e o vento no seu rosto era forte.

     O mundo girava ao seu redor e ela respirava ofegante, tentando pegar um pouco de ar, mas parecia não querer entrar no seu pulmão.

Era como estar presa em uma bolha.

Faltava ar.

E ela era asmática.

     Seu coração estava acelerado e ela só queria que isso parasse e tudo voltasse ao normal. Ao seu normal. Com Lily em um dia ensolarado.

     — Ei — A voz de Sirius ecoa atrás dela — Não deixei Lily sair da sala.. — Ele cochicha — Disse que viria te ver.

     — Hum... Obrigada — Diz, finalmente, colocando a mão na sua barriga.

     — Você está bem? — Ele se aproxima — Parece pálida.

      — Vou ficar — Responde.

      Nesse momento Sirius passa a mão pela sua cintura e a abraça. Lene sentia que podia confiar totalmente naquela pessoa, que podia simplesmente desmoronar ali e ele não a deixaria encostar no chão.

Sirius sempre a salvava.

      — Senti falta do seu cheiro — O Black cochicha no ouvido dela — Me lembra margaridas — Ela sorri.

      — Obrigada — A loira diz depois de um tempo, sem se soltar dos braços dele.

     — Pelo o que?

     — Por me aceitar quebrada — Suspira — Não é fácil.

     — Não é fácil não te ter por perto, isso sim — Ele ri — Senti sua falta.

     — Eu também — Ela diz se soltando um pouco e encarando o maroto.

     Cada traço do rosto de Sirius Black a intrigava. Cada traço, cada passo, cada comentário, cada atitude. Ele a intrigava. Por completo.

      — Gosto dos seus olhos — Lene diz sorrindo — São grandes.

     — Nossa, Mckinnon — Ironiza — Que tipo de flerte foi esse?

     — Por Merlin — Ela entra na brincadeira — Você vai me abandonar por não saber como flertar, ó grande Black?

     — Não — Ele ri — Isso está fora de cogitação.

     Eles se olhavam ainda. Bem intensamente.

     — Achei que você ia me beijar agora — Lene diz.

     — Achei que você estivesse passando mal.

     — Eu tava. — Sorri sem mostrar os dentes — Mas agora quero você. Fica comigo, Black.

E, novamente, ele ficou.

Lene torcia para que todos os beijos fossem assim. Que transbordassem toda essa energia para ela, toda essa adrenalina. Como se todas as vezes que suas bocas se encostassem ela se sentisse em um verdade ou consequência com um vinho azedo.

Dessa vez Sirius interrompeu o beijo e sorriu para ela.

— Precisamos ir — Ele diz — Se quisermos continuar nos beijando sem ser atacados por comensais, precisamos ir.

— É.. — Lene diz sentindo sua ansiedade voltar.

— Vai ficar tudo bem! — Ele diz segurando sua mão — Eu prometo.

— Você não pode prometer isso — A loira diz tão baixinho que nem o maroto escuta. — Não acho que vai ficar tudo bem.

*
160 days before.

Visions - Blackinnon.Onde histórias criam vida. Descubra agora