Bad Guy | jjk + pjm

Seu perfume é gostoso

Jungkook.

Tinha algo em Jimin que deixava tudo simplesmente leve no meu dia a dia. Não era algo em sua aparência, apesar de seu sorriso me trazer a calmaria que deixaria em paz o maior caos do mundo. Era algo em sua personalidade, em seu jeito de lentamente demonstrar que está ali, ao meu lado, me cuidando, me dando carinho, me protegendo.

Ele me dá o que nunca recebi antes, e nem digo amor, porque não ouso usar essa palavra, mas sim confiança. Nunca confiei em alguém antes de Jimin e não sei se sou capaz de ter isso com qualquer outra pessoa além dele. É um sentimento único, que só ele se importou o bastante para me fazer senti-lo.

E é assustador, em diversos aspectos, porque não sei como controlar o que agora habita meu peito. Meu coração parece uma verdadeira bagunça, carente de atenção me sinto como uma criança em busca de afeto. Porque mesmo quando era um bebê, eu não tive isso.

Passei anos pensando que sexo era a solução, porque por alguns minutos encontrava algo para preencher o quão vazio eu sou. Mas ele faz isso sem, na maior parte das vezes, sequer tocar em mim. E eu não aprendi ainda a lidar com isso, apenas sinto que vou explodir.

E se isso acontecer, melhor que seja longe dele.

No dia em que precisei tomar conta de Park Jimin foi que prestei atenção no tamanho da importância que ele estava tendo em minha vida. E isso me assustou, porque não sou de me apegar emocionalmente a alguém desde que... bom, desde que meus pais me deixaram. E apesar de eu ter dado amor a eles sem receber, ainda assim era a lembrança de amor que eu tinha.

Não, meus pais não me abandonaram fisicamente, mas emocionalmente sinto diariamente que morri para eles. Os dois apenas não se importam comigo, apenas me sustentam porque não têm muita escolha. Foi por isso que precisei arranjar um emprego, afinal meu pai paga a faculdade que tanto odeio porque sonha que eu tenha algum tipo de conserto.

Ele nunca me apoiou, em nenhum aspecto, me criou para ser uma cópia sua e isso só piorou quando me tornei o adolescente rebelde que, segundo ele, fazia tudo para chamar atenção. Mas de quem eu queria atenção se as duas pessoas que eu mais amava não davam a mínima importância para mim? Eles não se importaram com minhas crises de ansiedade ou com as de pânico, tampouco ligariam caso eu verdadeiramente morresse.

Já entrei em coma alcoólico, inclusive, eles nem mesmo me visitaram nos dias que fiquei em observação no hospital. O único a fazer isso foi Yoongi, na época eu tinha dezoito anos e ainda nutria amor por meus pais. Mas, depois desse infeliz acontecimento, era como se eles tivessem deixado de existir para mim.

E Yoongi é um bom companheiro, mas amizade é algo que tive pela primeira vez com Jimin, talvez seja por isso que o meu apego tenha se manifestado tão cedo.

E agora, o encarando enquanto ele está sentado sob uma árvore, lendo seu gigantesco livro sobre cardiologia, fico pensando se realmente não há chance de um dia eu vir a me apaixonar por ele. Digo, o meu maior problema não era o compromisso ou chamar alguém de namorado.

O meu problema na verdade é medo. Medo de não ser bom o suficiente, medo de não saber amar Jimin... medo. Simplesmente medo.

E me assusta ainda mais não ser capaz de entender de que exatamente tenho tanto medo. Digo, não é de Jimin, não é dos meus sentimentos, não é da minha aparência, não é nada disso. Eu só nunca me apaixonei, então é normal que não saiba o que devo fazer, como me portar, como ser o que ele merece, como amá-lo, como tocá-lo com amor ao invés de ser apenas um ato carnal.

Eu nunca fui romântico com alguém, nunca dei flores ou qualquer tipo de presente, nunca fiquei com alguém duas vezes, nunca fiquei ao lado da pessoa ao acordar depois do sexo. Porque era sempre só isso, só sexo, só a junção de dois corpos querendo prazer.