Bad Guy | jjk + pjm

Eu preciso do seu sorriso

Jungkook.

"Ele não vai mais voltar." Aquilo não saía da minha cabeça. Enquanto mais uma vez me sentia tremer por inteiro, tentava apenas parar de chorar e pensar que Jimin não voltaria mais. Se ele estivesse aqui, me afastaria daquelas malditas garrafas e me beijaria para me distrair. Talvez faria um chocolate quente e me daria carinho.

"Mas ele não está aqui. E você vai morrer sozinho, Jeon." Era só nisso que conseguia pensar. Olhei outra vez para o armário, pensando que já fazia quase dois meses que não ingeria uma gota sequer de álcool, focando em ficar vivo e bem para poder me formar na faculdade, conseguir um bom emprego e, lógico, ir atrás da minha felicidade: Park Jimin. Quer dizer, não que minha felicidade fosse ele em si, mas era com ele que eu encontrava tal sentimento.

Sinto sua falta, Jimin. Meu anjo. Olhei para as garrafas, não podia cair na tentação, não podia. Tinha prometido para a psicóloga da universidade que não iria mais beber. Ela tinha me dito para encontrar algo para substituir as bebidas, do mesmo jeito que os pirulitos de cereja tomaram o lugar dos cigarros que um dia coloquei na boca. E até agora tinha dado certo, mesmo que meu nível de glicose tenha subido horrores com o meu consumo praticamente obsessivo de chocolate quente ou refrigerante. Era melhor do que álcool, ainda que fosse prejudicial de alguma forma.

Peguei meu celular. Pensei em ligar para Jimin, mas ele estava longe, não viria me ajudar mesmo querendo muito. Então disquei o número de Yoongi mesmo contra minha vontade, querendo mais que tudo que alguém me ajudasse agora. Precisava ser forte, mas sozinho não estava conseguindo. Lembrei-me, de repente, que Jimin sempre me dizia que não precisávamos fazer tudo sozinho para que provássemos sermos capazes de algo. Sim, todo mundo aprendia mesmo que na marra a estar sozinho, mas quando tínhamos com quem contar as coisas ficavam mais fáceis.

— Você nunca me liga. Está tudo bem? — Foi notável a preocupação presente em sua voz. E me senti péssimo por causar tal sentimento em alguém além de Jimin. Até porque no Park já tinha sido doloroso o suficiente.

— E-eu preciso de ajuda. Por favor... — Choraminguei como uma criança que caiu e se machucou, ou que perdeu-se de seus pais.

Yoongi somente afirmou que estava vindo e desligou o telefone, pedindo que eu me mantivesse bem e firme. Tentei, fechei os olhos e contei até dez tantas vezes que devo ter chegado a quase mil, mas não tinha resolvido. Bebi água até minha barriga não aguentar mais, mas aquela maldita sede permanecia me corroendo.

Levantei na esperança de pegar outra coisa para tomar, mas vícios não se curam da noite para o dia, e naquele fatídico dia sentia que tudo estava dando errado. E o fato de fazer quase sete meses que não via Jimin estava me matando aos poucos. Ser dependente de outra pessoa não é saudável. E eu não era dependente de Jimin, era dependente de ter alguém do meu lado, de ter alguém comigo. Chega a ser ridículo que todo o meu problema havia começado pela mais pura e simples carência.

Por isso comecei a me envolver com pessoas erradas, porque ao menos me faziam companhia. Transei com qualquer um que quis transar comigo apenas para ter alguém que me desejasse. Porque para as pessoas que eram importantes para mim, seria melhor se eu morresse. E ser rejeitado pelos próprios pais sem nem ter uma razão para isso, somente tinha provado para mim que minha vinda ao mundo havia sido o maior erro deles. E não é como se eles nunca tivessem me afirmado que, de fato, havia sido.

Não me senti nada orgulhoso de mim mesmo ao que o primeiro gole passou quase rasgando a minha garganta. As lágrimas também pareciam cortar meu rosto, e quanto mais eu chorava, mais bebia, e a imagem de Jimin vinha na minha cabeça, ele ficaria tão decepcionado se visse no que eu me tornei. Talvez se ele olhasse meu jeito deplorável agora nem mesmo quisesse ainda estar comigo, talvez seus sentimentos mudassem por completo.