Bad Guy | jjk + pjm

Não pode ser real

Jungkook.

Assim que acordei, um sorriso preencheu meu rosto e iluminou meu dia. O cheiro de Jimin ainda pairava no ar e as lembranças da noite passada jamais sairiam da minha mente. Foi simplesmente incrível. Tudo que eu queria e mais um pouco. Lembrar do corpo de Jimin sob o meu prontamente fez com que meu coração acelerasse e o sorriso aumentasse.

Jimin é a melhor realidade que já tive oportunidade de viver.

Foi ao virar-me para o lado para lhe desejar um bom dia que meu coração palpitou, angústia e medo dominaram meu corpo ao que somente um envelope jazia onde horas atrás seu corpo descansava ao lado do meu.

Era uma carta.

E pela pressa com que tinha sido escrita, eu sabia que não era uma declaração de amor ou um pedido de namoro. Era óbvio o que tinha acontecido.

Assim que comecei a ler já me senti travado no primeiro parágrafo. Jimin tinha dito que tinha medo de nunca mais me ver, mas... Como assim nunca mais me ver? O que estava acontecendo, afinal? Por que ele estava dizendo essas coisas? Meu coração nunca tinha doído tanto quanto naquele momento.

E era somente o primeiro parágrafo.

Que existiam pessoas cruéis no mundo eu tinha certeza, mas assim como ele não imaginei que seus pais fossem chegar a esse ponto. Em nenhum instante pensaram no bem estar do filho, ou no quanto o mesmo sofreria por se distanciar dos colegas com quem já estava habituado. Era óbvio que somente tinham pensado nos próprios fundamentos — que nem deveriam ser chamados de tal forma.

Imaginava a dor de Jimin escrevendo, porque havia uma série de borrões pela carta toda, como se ele tivesse chorado sobre a tinta e manchado o papel todo. Isso só me fez sentir ainda mais dor no peito.

Jimin pediu mais de uma vez ao longo de sua escrita para que eu cuidasse de mim mesmo, para que me desse amor e carinho e ficasse saudável. Mas como eu poderia? Nunca me cuidei, nunca tive amor na minha vida até Jimin chegar e, agora, me sinto perdido e, mais que isso, vazio. Completamente vazio. E dói tanto.

Por que precisa doer dessa forma? Se eu soubesse que o amor trazia tanta dor teria fugido e nunca mais voltado. Mas eu fui fraco, não? Eu voltei. Voltei para Jimin, para os braços que me acalmavam e os lábios que me faziam flutuar, porque pensei que tê-lo em minha vida fosse tornar tudo mais fácil. Pensei que as coisas melhorariam e eu não precisaria mais temer ou me esconder de mim mesmo.

Pensei que finalmente as máscaras poderiam ficar para trás e mais nenhuma cicatriz apareceria em mim.

Peguei o anel que tinha sob meu travesseiro e o coloquei no dedo, mesmo tendo ficado um pouco apertado no mesmo. E então abracei o travesseiro em que Jimin dormiu noite passada, e as lágrimas vieram com força, e acredito que nunca tinha chorado dessa forma, com tanta dor dentro de mim, com tanto sofrimento, com tanta mágoa. Jimin não tinha ido embora por vontade, e eu sabia disso, não o culpava em nenhum instante, mas a dor era tão grande e tão forte.

Parecia que eu iria sufocar a qualquer instante, que minha vida iria se esvair junto com todas aquelas lágrimas. E eu não queria sentir nada disso, mas também não podia evitar. Não podia engolir o choro ou deixar Jimin para trás como se não tivesse sido nada.

Porque em todos esses anos eu só me apaixonei uma vez e foi tão doloroso que não quero nunca mais passar por isso em minha vida. Eu só queria que passe, que acabe, ou que Jimin volte e me diga que está tudo bem, que ficará tudo certo e então faça carinho em meus cabelos e me encha de elogios que nunca acreditei serem reais.

Eu: Anjo, por favor, me diz que isso não é real. Me diz que é só uma brincadeira. Isso não pode ser real.

Jimin não me respondeu naquele momento.