xii. uma possível despedida.

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─ Você está pálida. ─ Melody comentou me encarando e encostou a costa da sua mão na minha testa, insinuando medir a minha temperatura. Sua mão estava meio morna devido ao calor da cozinha, creio eu.

─ Ah, er.... E-eu tenho certeza que não é nada. ─ Enfiei a colher de sopa na boca como uma desculpa pra não ter que respondê-la e, caso ela tenha um bom argumento, evitar constrangimentos e coisas que possam piorar os meus pensamentos.

Encarei Koji de canto de olho ainda mantendo a sopa presa em minha boca logo sentindo-a descer rasgando a minha garganta por conta do nervosismo que estava afetando diretamente meu corpo naquele momento. Minhas pernas estavam inquietas e minhas mãos trêmulas, parecia que eu havia acabado de sair do congelador de um açougue.

Eu tinha medo do que ele poderia fazer. Ele estava sério demais, sequer levantava a cabeça, estava concentrado demais na sua refeição, ou pelo menos fingia estar.

Ele parecia estar fazendo todo aquele drama de propósito. Ok, talvez eu mereça isso tudo? Sim, eu não deveria estar saindo com o Keigo, de jeito nenhum, e eu sabia disso mais do que ninguém. A frieza na qual meu irmão estava me tratando naquele momento era apenas uma consequência da minha teimosia, era uma tortura lenta e impiedosa, arrisco dizer ser pior do que qualquer agressão que possa arrancar sangue de alguém.

Era um sangramento interno.

Poderia ter sido pior? Sim, poderia ter sido meus pais no lugar dele, agradeço aos céus por essa história não ter tomado um rumo tão ruim quanto a que eu estava pensando. Mas mesmo assim, eu não sei se poderia confiar nele uma coisa tão séria como essa. O quê eu poderia fazer? Me fazer de sonsa e fingir que ele não viu nada até que ele esqueça completamente? Que não aconteceu nada? Preciso vê-lo agir primeiro para depois pensar em uma estratégia decente...

─ Você também está suando muito, tem certeza que está bem? ─ Melody questiona novamente. Eu a encaro ladino, ela segurava meu ombro parecendo preocupada de fato. ─ Quando você terminar, vá para o seu quarto que eu levarei alguns remédios, ok?

Assenti com a cabeça e voltei a atenção ao meu prato sobre a mesa. Mas antes disto, senti os olhares de Koji sobre mim, eles eram profundamente assustadores, talvez o meu medo estivesse deixando eles mais amedrontadores do que eles realmente são.

De repente, aquela sopa nem parecia mais tão apetitosa quanto antes.

Minutos antes...

Eu estava bem próxima de Keigo, quase sentindo seus lábios nos meus. Quando de repente...

─ ... Maninha? ─ Engoli a seco ao ver todos os meus medos se materializando na minha frente naquele exato momento.

Isso é o pior medo de uma pessoa que pensa demais, os seus piores pensamentos ganhando vida.

Hawks parecia confuso tanto pela minha reação de susto quanto pela intromissão de Koji. Havia um silêncio infernal entre nós três, mas eu podia sentir os olhares de Koji queimando as minhas costas. Eu estava suando tanto que senti meus pés grudarem no chão. Não conseguia dizer uma palavra e sequer pensava em sair dali, não que houvesse muita coisa a ser feita, mas me jogar da sacada agora poderia ser uma boa opção.

Prendi meus dedos ainda mais no grosso casado do loiro na minha frente, talvez ele tenha percebido visto que seus olhos caíram sobre mim.

─ Então... Você vai explicar ou...? ─ Ele perguntou. Não pude notar suas expressões com clareza devido ao nervosismo que deixava a minha mente em um branco total, eu perco totalmente a noção das coisas quando me encontro em situações extremas. No entanto pelo seu modo de falar ele parecia bem tranquilo na verdade.

✔| 𝓐 𝓦𝐇𝐎𝐋𝐄  𝓝𝐄𝐖  𝓦𝐎𝐑𝐋𝐃 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora