xxviii. acostumar com isso.

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Trabalhar na biblioteca - e na cafeteira que tinha lá dentro, era bastante cansativo. Mas eu estava gostando de fazer isso, pelo menos eu me mantinha o mais longe possível dos meus pais e passava mais tempo com Keigo e fazendo coisas que eu gosto.

Depois do trabalho, eu me despedi da senhora Íris - mas não antes de ajudar ela a fechar tudo - e estava caminhando em direção pra casa.

- Você 'tá com um cheiro muito forte de café.

Era Keigo. Ele apareceu de surpresa ao meu lado enquanto sussurrou em meu ouvido.

Virei o rosto para encará-lo, ele batia suas asas num ritmo lento pra se manter perto do chão e conseguir planar.

- Até quando você vai continuar me dando sustos desse jeito? No dia que minha mão voar na sua cara não reclama.

- Não vou - Ele disse rindo e pousou ao meu lado. - Usagiyama me bate quase todo dia, estou acostumado.

- Quem? - Perguntei assustada.

- A Mirko - Ele disse como se fosse óbvio. - Ela me usa como saco de pancadas. Ela diz: apanhe pra ficar mais forte, pombo.

Espoquei em risadas quando ele se auto denominou de "pombo" enquanto imitava a voz autoritária de Mirko.

- Ei, não tem graça. - Ele disse de forma séria.

- Tem sim. - Virei o rosto pra ele, sorrindo docemente. - Pombinho. - O provoquei, levando minhas mãos até suas bochechas para apertá-las.

Fofo demais, que saco! Como eu odeio gostar dele, ele me deixa tão vulnerável.

Keigo me acompanhou até em casa, não sabia se ele ainda estava em horário de trabalho, tudo me leva a crer que não. Ele estava usando apenas sua costumeira camisa preta de gola longa e as calças marrom.

- 'Tá trabalhando ainda? - Perguntei chutando algumas pedrinhas na rua.

- Nah, meu horário acabou faz um tempo... - Ele disse, só confirmando o que eu já suspeitava. - Tava passando por aqui e te vi. Por que você 'tá cheirando a café? - Perguntou novamente.

- Eu 'tô trabalhando na cafeteria da livraria agora. - Respondi.

- Ah, eu gosto de café. - Disse naturalmente.

- Sério? Deveria passar lá, te garanto que é muito bom.

- Se eu for, com certeza não será apenas pelo café.

Minhas bochechas arderam e eu simplesmente virei o rosto para o lado, totalmente envergonhada.

Estávamos andando lado a lado, ele passou a mão ao redor do meu pescoço, me puxando para mais perto dele. Eu apenas aceitava os seus toques em público, não que houvessem muitas pessoas, mas eu simplesmente não temia mais ser pega com ele.

Meu único medo era minha família, e como agora eles já "sabem" - achei seguro colocar entre aspas porque eles sabem de fato, mas parecem estar se fazendo de sonsos - não preciso mais esconder nada.

E eu não me importo com a opinião alheia, pelo menos não me afeta mais como antes. Eu reconheço que sou uma pessoa de sorte por ter ele ao meu lado. Não me refiro nem por ele ser alguém importante e relativamente famoso, mas sim, por ele ser quem ele é. Atencioso, gentil, fofo... É, eu acho que não tenho mais nada a reclamar.

Pelo menos uma escolha eu pude fazer. Que é estar ao lado dele.

Ficamos em silêncio o caminho todo. Até chegarmos em frente à minha casa.

- Obrigada por me trazer - Disse o encarando com um olhar dócil. - Então... Até amanhã? - Perguntei, rezando internamente para ouvir uma resposta positiva.

✔| 𝓐 𝓦𝐇𝐎𝐋𝐄  𝓝𝐄𝐖  𝓦𝐎𝐑𝐋𝐃 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora