xxix. emoções.

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O céu estava ficando um pouco escuro devido ao temporal que estava se aproximando. A previsão do tempo dizia que iria cair alguma chuva durante a tarde, mas pelo modo que falaram, parecia ser apenas um chuvisco que duraria cinco minutos. Mas agora - ao vivo e em cores - parece que virá uma pancada.

O vento estava forte e frio, carregando consigo algumas folhas e partículas de areia da rua. Eu tinha que me apressar pra não pegar essa chuva, no entanto, ainda estava um pouco longe da rota da agência.

Apressei o passo já sendo atordoada pelos trovões que pairavam sobre os céus escuros de Fukuoka, confesso que não sou muito fã desses barulhos. Eu gosto de chuva, claro, dentro de casa com uma roupa confortável e enrolada em algum lençol.

Mas vamos admitir que estando na rua é um momento péssimo.

Estava torcendo pra garoa não vir agora porque ainda estou um pouco longe da agência de Keigo, faltavam apenas alguns minutos de caminhada até eu chegar lá. E eu temia que esses minutos restantes fossem o suficiente para a chuva cair.

Mesmo que o céu esteja prestes a desabar - literalmente, eu diria - meus pensamentos estavam focados na conversa que tive com a Marie. Ela tem razão em dizer que tocar teclado é uma desculpa pra transar depois? Quer dizer, eu sequer havia pensado nisso, na minha cabeça era algo romântico e nada sexual.

Eu sequer havia pensado nisso pra ser sincera.

Eu me senti um pouco pressionada a fazer isso assim que terminar de dedilhar aquele maldito teclado. E se ele estiver esperando por isso também?

Não é mais surpresa pra ele que eu quero mostrar o que eu aprendi no teclado, mas seria muito mais surpreendente se isso fosse uma espécie de convite sexual. O imprevisível - ele - seria pego desprevenido. Isso seria interessante até, certo?

Eu não me importaria com isso, se as lendas sobre a primeira vez não fossem tão assustadoras quanto qualquer lenda urbana japonesa - acreditem, algumas são perturbadoras.

Meu estômago ardeu um pouco ao imaginar um cenário questionável. Ele em cima de mim, sem camisa e...
Balancei a cabeça já sentindo as minhas bochechas arderem. Por que eu tenho que ser tão pensativa e imaginativa? Eu sempre penso fora da caixinha e geralmente os piores pensamentos são os que mais me atormentam.

E se doer? - é claro que vai.

E se for péssimo? - sempre dizem que a primeira vez é a pior e é inesquecível.

Eu não sei de nada, eu sou apenas uma pessoa sem nenhum tipo de contato íntimo. Um total de zero experiências justamente porque não tive nenhuma oportunidade.
E mesmo que tivesse eu sinto que sairia correndo dali.

Vamos lá, Dottie Winston. Mal te conheço mas eu espero que suas palavras sejam reconfortantes porque senão eu sinto que terei um infarto a qualquer momento.

Segurei ainda mais a mochila e alonguei os passos para chegar mais rápido lá.

Meu telefone tremeu no bolso, parei no meio da rua e o peguei.

Era Koji.

Koji S.: Onde você está?

Me: Indo pra agência do Hawks, por quê?

Koji S.: Não é nada, só não te vi mais aqui em casa e fiquei preocupado.

Me: Domingo à tarde eu estou de volta, não se preocupe.

Koji S.: Vai dormir aí?

Me: Sim?

Koji S.: Entendi porque a velha ficou revoltada. Enfim, juízo.

✔| 𝓐 𝓦𝐇𝐎𝐋𝐄  𝓝𝐄𝐖  𝓦𝐎𝐑𝐋𝐃 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora