vii. modelos estranhos de roupas.

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Sem dúvidas, esta foi a pior conversa que tivera com seu irmão em dezenove anos. Será que ele vai se lembrar de alguma coisa quando se esbarrarem no corredor novamente? Ele iria questionar de onde era aquela pena que ele estava segurando, visto que sua mãe não tinha comprado nenhum espanador, muito menos vermelho.

Você estava parada na frente da porta com uma expressão aliviada, mas no fundo você sequer estava conseguindo tirar aquela cena da sua cabeça. Mas por hora, deveria focar em alimentar o pequeno passarinho que estava em sua cama.

Por outro lado, Keigo já mantinha uma certa desconfiança sobre seu comportamento e a relação com a sua família. Antes mesmo de você ficar em frente à porta, ele já estava de ouvidos aguçados na conversa que tivera com Daisy no andar de baixo, ele sabia que era errado prestar atenção na conversa alheia, mas nesse caso não tinha como evitar, já que era o único som presente na casa inteira.

─ Cheguei ─ Abriu a porta com uma sacola de pão, frios e o patê de frango que sobrou. ─ Você disse que gostava de aves, certo? Sorte a sua que minha mãe preparou isto. ─ Ergueu o pote fechado na frente do loiro, que apenas encarou o mesmo com um certo grau de felicidade.

Ele percebeu que você sabe fingir muito bem.

─ E o que seria?

─ Patê de frango ─ Arrastou a cadeira da sua escrivaninha para ficar ao lado da cama onde o loiro estava. Abriu o pote e logo o cheiro subiu, infestando o ambiente com seu cheiro azedo natural. Você acabou por preparar o sanduíche dele, não se importava de ter que cuidar dele, mesmo que ele estivesse em condições de o fazer. Ele a observava passar o creme delicadamente no pão e o fechar em seguida. ─ Prontinho.

Ele agarrou o lanche de suas mãos e estava devorando o mesmo com gosto, mesmo que já não estivesse mais com tanta fome depois do que ouviu. Ele te observava fazer o seu próprio lanche, será que agora era uma boa hora para contar a verdade à você em relação aquele dia na ponte? Ou talvez não fosse um bom momento para voltar nesse assunto visto que ele poderia ser um pouco delicado? Ele não sabia o que falar, mas na verdade não foi preciso.

─ O que foi? Está ruim? ─ Você perguntou, o vendo encarar o sanduíche pela metade, ele sequer havia percebido que estava fazendo isso.

O que ele diria? Que não estava mais com fome? Mesmo depois de ter feito você parar os estudos para buscar algo pra ele? Sinceramente, ele não gostava de guardar as coisas por muito tempo, mas havia exceções, não é? Você poderia se sentir mais triste.

Hawks acreditava que ─ como herói ─ ele deveria acolher as pessoas, mesmo que ela não estivesse necessariamente correndo risco de vida. Ainda era muito cedo para tirar conclusões sobre algo, mas analisando o seu quadro de avisos e o sermão que tomou naquela hora lá embaixo, ele considerou como bandeiras vermelhas suspeitas e que devem ser observadas severamente.

Aquilo não parecia ser normal.

Ignorar uma situação dessas não é algo que um herói faria. Mas o que ele poderia fazer? Não tinha muito o que ser feito, na verdade. Assuntos familiares não eram sua praia, visto que cresceu sem uma família desestruturada, não sabia lidar com esses assuntos tão pessoais e íntimos.

─ Está tudo bem, é só que... ─ Ele precisava de algo, não poderia dizer que suspeitava que sua família era controladora, seria muito ofensivo na sua opinião. ─ Aquele dia na ponte...

Você arregalou os olhos, iriam mesmo falar sobre aquilo? Agora, na cabeça de Takami fazia um pouco de sentido você querer saltar da ponte, mesmo que não houvessem motivos justificáveis para isso, afinal, as coisas poderiam mudar, certo?

─ Você... Ah, não precisava, eu estava bem ─ Respondeu de forma sincera. ─ Eu sempre faço aquilo, não é algo preocupante, sabe? ─ Aonde ele queria chegar com aquela conversa? Você não estava entendendo o rumo daquilo mas queria ir até o fim.

✔| 𝓐 𝓦𝐇𝐎𝐋𝐄  𝓝𝐄𝐖  𝓦𝐎𝐑𝐋𝐃 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora