xxi. por trás da conversa.

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Hawks me deixou em casa e Tsukuyomi ficou do lado de fora esperando por ele.

- Entregue sã e salva como em todas as outras vezes. - De frente pra mim, ele deu dois tapinhas na minha cabeça e sorriu.

- Que mania é essa que você adquiriu? - Perguntei segurando a sua mão no ar e esbocei uma reação de confusão no rosto.

- Quem que usa essa palavra? - Revirou os olhos e eu o encarei sério, logo arrancando uma risada fraca por parte dele. - Ok, você usa, já entendi. Você não curte esse tipo de contato?

- Não é isso, eu só queria saber. - Dei de ombros.

- Sei lá - Ele ergueu os ombros. - Eu só comecei e agora vou continuar até o dia que eu me esquecer de fazer isso com você. - E repetiu os mesmos gestos, dois tapinhas, mas dessa vez ele bagunçou o meu cabelo. - Agora eu e o Tsukuyomi vamos entrar em modo avião. Até mais tarde, se cuida. - Apesar do seu jeito bobo, ele não se despediu sem antes me dar um beijo estalado na bochecha.

- Tchau... - Acenei pra ambos e logo os vi caminhando juntos para a saída do bairro.

Me viro e giro a maçaneta; a portabainda estava aberta. Eu cobri o pescoço novamente com medo de, a qualquer instante, Yoshi vier falar comigo de surpresa. Com essa marca no pescoço eu me sentia uma estranha dentro de casa, eu não sabia muito bem o porquê - talvez eu esteja agindo de forma peculiar ao descer para o café com uma toalha no pescoço e usar um moletom num calor de trinta graus.

É, estou agindo estranho, mas o quê importa é que ninguém percebeu o real problema.

- Estava com o Hawks? - Saí dos meus devaneios com a aparição inesperada de Yoshi, ele brotou na minha frente com uma xícara em mãos.

- Estava. Não... - Suspirei, não adianta mentir pra ele. - Estava.
- Vocês precisam agilizar isso aí.

- Isso o quê? - Perguntei tensa. Será que ele notou alguma coisa?

- Assumir o namoro de vocês. Vocês estão namorando, né? - Ele colocou a mão livre na cintura esperando por uma resposta positiva.

- Ninguém pediu ainda, esse negócio de relacionamento é muito novo pra mim. Num nível assustador... - De fato. Nunca tive contato com muitas pessoas com interesses românticos, não tenho experiência nenhuma, talvez o meu beijo seja uma porcaria... E a hora do "vamos ver" então? Minhas pernas bambeiam e meu estômago arde só em pensar nisso. - É o meu primeiro relacionamento e eu 'tô mergulhando de cabeça numa piscina rasa.

Minha cabeça recriou vários cenários românticos que eu via em filmes quando era criança, era só eu seguir o quê eles mostravam, certo? Mas não se ganha experiência assistindo coisas relacionadas a isso. E quanto ao Keigo? Ele é praticamente uma celebridade, e pelo pouco que eu conheço desse mundo, tem todo o tipo de coisa. Até mesmo as piores que se pode imaginar.

Ele já deve ter beijado inúmeras bocas, a minha pode ter sido a pior - engoli à seco. Não vou deixar esses pensamentos tomarem conta de mim.
Quanto mais você reprime eles, mais papel de tonta você faz sem saber. - Que diabos, dá pra me deixar em paz por alguns minutos?

- Sábias palavras - Ele parabenizou. - Acho melhor vocês fazerem as coisas no tempo certo. Agora vou voltar ao trabalho. - Ele acenou pra mim e foi na direção das escadas.

O acompanhei com o olhar e rapidamente catei o telefone do bolso e caminhei em passos largos até o banheiro da cozinha. Já dentro, encostei na porta e me deixei escorregar até sentar no chão. Nem precisei ligar a luz pois havia umas brechinhas com a luz do sol que contribuíam para um clima aconchegante lá dentro.

✔| 𝓐 𝓦𝐇𝐎𝐋𝐄  𝓝𝐄𝐖  𝓦𝐎𝐑𝐋𝐃 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora