CAPÍTULO 19

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Estou com medo e me sentindo indefesa. Perdida em alguma avenida de Irvine tentando encontrar sinal no telefone para falar com a Alex. Sinto os meus pés doerem de tanto que andar e sinto a minha respiração ofegante. Paro tentando me acalmar um pouco. Eu quero surtar. Por que decidi entrar nessa? Que droga. Que droga. Que droga!
Minhas férias estão à beira da morte assim como o meu coração está em pedaços ao relembrar daquela imagem dos dois tão tão próximos e das palavras de Théo. É um casinho. Como ele pode
ter feito isso comigo? Eu pensei que ele era diferente. Homens são destinados a mentir. Isso é uma droga. Por que não consigo sinal? Que droga de lugar é esse? Sinto algo escorrer pelo meu rosto e o limpo rapidamente com a palma das mãos. Agora não. Onde será que a Alex está?
Um estalo desperta a minha cabeça.
A festa da fraternidade. É claro! Ela só pode estar lá. Já se passaram quase 2 horas enquanto rodeio pela estrada e tento achar um sinal ou alguém para pedir informação. Eu preciso acha- la mas não me recordo nem da droga do endereço da festa. Acho que nem olhei bem para aquele panfleto por causa daquele garoto me enchendo o saco. Argh! Ouço umas buzinas ao ver um carro numa cor escura passar com um som alto rodeado de garotos. Eles devem tá indo pra lá!
Eu corro o mais rápido que consigo, sentindo que vou desabar a qualquer momento mas meu corpo reluta e eu chego até a festa. Sem fôlego. Perdida. Cansada e com vontade de chorar. Por um momento paro e olho para a casa da fraternidade toda rabiscada com grafites e luzes de led iluminando o jardim. Vejo alguém a conversar e outras pessoas a dançar num ritmo de uma música na
qual nunca nem ouvi. É barulho demais pra mim. Entro na casa, esbarrando em várias pessoas devido à minha pressa. Cadê você, Alex? Procuro ela olhando ao redor por cima dos meus ombros e vejo a mesma dançando com o carinha do chiclete mais cedo. Eca.
Eu ando o mais depressa possível e puxo seu braço rapidamente, fazendo-a se virar pra mim. Ela fica surpresa e abre um sorriso pra mim me abraçando.
— Não acredito que você veio!
Ela me olha novamente me avaliando e encolho meus ombros novamente, respirando bem devagar. Consigo ouvir apenas um sussurro e o barulho da música já não é mais um incômodo.
— Sam, você está bem? — Ela grita ao me balançar.
Sinto que o meu corpo está fraco e prestes a cair. Acho que corri rápido demais. Ouço o meu estômago borbulhar e volto a ouvir apenas uns sussurros e uma voz forte ecoando em minha cabeça.
“Ela está bem?” “Ela está bem?” Acho que estou caindo. Acho que estou dormindo. Sinto meus olhos fecharem e vejo apenas alguns borrões até desmaiar.
Hora de dormir.
Abro os olhos devagar ao ver a luz do sol atravessando a janela e batendo no meu rosto. Que horas são? Começo a resmungar de bico e cubro meu rosto com uma coberta gelada. Um cheiro forte de perfume sobe quando respiro e faço cara feia tirando a coberta do meu rosto. Aonde é que eu estou? Tudo volta vagamente sobre a lembrança de ontem e eu me sinto mortificada. Sinto meu corpo ficar quente pela raiva que percorre em mim e ao mesmo tempo, me sinto com um nó no estômago prestes a colocar tudo pra fora. Quero voltar a ser criança. Me levanto devagarinho e vejo a Alex recostada na poltrona do quarto com a mesma roupa de ontem e os cabelos num coque mal feito, ela deu um salto quando me viu de olhos abertos.
— Ei, você está bem? — Ela dá um sorriso de lado — Fiquei muito preocupada.
Provavelmente ela já sabe de tudo.
— Eu não sei... — Digo ao encostar as costas na cabeceira da cama.
— Eu sinto muito, — ela suspira devagar — Foi tão errado tudo o que aconteceu. Ela sabe!
— Como você soube? — Sussurrei olhando para as minhas mãos.
Estou tão envergonhada. Me sinto usada.
— Depois que você desmaiou, liguei para o Théo para ver se ele sabia de algo — ela diz desanimadamente — E pelo que parece, ele sabia até demais.
As lembranças voltam me acertando como um raio. Eu não consigo lidar com isso agora.
— Aonde é que eu estou? — Murmuro mudando o assunto.
— Na casa do Jake, — ela sussurra — O garoto que conhecemos na universidade.
— Ele é o que masca chiclete como doido? Ou o babaca? — Ironizo.
— Eu acho que sou o babaca — Ele diz ao surgir por trás da Alex com um sorriso sarcástico. Formo uma linha em meus lábios ao vê-lo apenas com calça de moletom. Uau. Ele tem ombros largos, um abdômen trincado e braços definidos. Logo, ignoro os meus pensamentos e me sinto desconfortável sobre a cama.
— Me desculpe — Murmuro bem rouca.
— Tudo bem, babaca é o meu nome do meio — Ele diz rindo.
— Estou espantada — Respondo ironicamente.
— Eu vou comprar algo pra você comer, — Alex responde saindo do quarto — Você ainda está muito fraca.
Tento para-la antes de sair ao saber que o meu estômago não vai aceitar nada mas me nego a fazer isso. Não quero desanima-la mais ainda. Sei que tudo que me afeta, afeta ela também e preciso que ela fique bem para me deixar bem. É pra isso que servem as irmãs.
Observo Jake se sentar na poltrona e bater os dedos na mesma.
— Então, esse é o seu quarto? — Pergunto olhando ao redor.
— Sim. Não gostou? — Ele franze o cenho.
— Não há muito que gostar, — dou de ombros — Não tem quase nada aqui.
— Eu não perco meu tempo decorando — Ele balbucia.
— Deveria, isso dá uma essência melhor para o quarto — suspiro olhando ao redor novamente — O seu quarto parece ser triste.
— É coisa da sua cabeça — Ele diz querendo encerrar o assunto.
Ele fica no quarto em um silêncio ensurdecedor até a Alex voltar com alguns pãezinhos. Sei que disse que o meu estômago não iria aceitar mas sentindo esse cheiro é quase impossível. Eu mordo-o, me deliciando com o seu recheio de doce de leite por dentro. Que delícia. Fico minutos ali até que me sinto farta e vejo Alex sorrindo para mim.
— Está se sentindo melhor? — Ela fixa seus olhos nos meus.
— Um pouco — Suspiro e esboço um meio sorriso em meu rosto.
— Ótimo porque precisamos ir para casa — Ela respira fundo.
Sinto o meu estômago embrulhar novamente.
— Não podemos ficar por aqui? — Resmungo.
— Você precisa enfrentar ele e tirar essa história a limpo, — ela me estende a mão — Eu vou estar lá com você.
Como sempre, ela é a única pessoa que consegue me convencer a fazer esses tipos de coisas. Ela sempre está comigo e eu realmente preciso fazer isso, independente de qual seja a resposta. É algo que tenho que fazer.
Quero afogar ele e ela numa piscina.
Será que a Alex me ajudaria com isso também?

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⏰ Última atualização: Sep 29, 2022 ⏰

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