CAPÍTULO 9

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— Katie! — Lhe dei um abraço de urso quando a vi.
Ela estava em frente ao Lino's com seus cabelos castanhos em uma trança e sua blusa de alguma banda um tanto rasgada com sua calça preta cheia de fiapos. Ela tem um estilo diferente. Eu até gosto.
— O que você está fazendo aqui? — pergunto-lhe — Pensei que não gostasse desse lugar.
— E eu não gosto, — diz com a voz baixa — o cheiro do café é uma tortura mas eles precisavam de alguém para cantar nas horas vagas e eu vivo pra isso.
— Você vai cantar no meu lugar favorito? — Perguntei empolgada e ela assentiu com a cabeça soltando uma risada baixa. Adoro vê-la cantar. Sua voz é serena.
— Daqui a três minutinhos! — Respondeu num tom animado.
— Te vejo daqui a pouco então — Me despedi com um sorriso.
Entrei na cafeteria sentindo o cheirinho maravilhoso de café. Dei um leve suspiro ao inalar todo aquele cheiro. É delicioso. Eu amo demais. Katie odeia café desde pequena e eu não consigo aceitar isso até hoje. Odiar café pra mim é um pecado. Me sentei na mesa onde Alex diz que é nossa mesa e abri a minha bolsa para pegar o meu livro favorito "The Notebook". Sou apaixonada. Comecei a ler até dar uma olhada de canto no Théo vindo de encontro a mim. É, pela cara parece estar nervosinho ainda.
— Ei, você está bem? — Perguntei franzindo o cenho.
— Sim — Respondeu secamente.
— É que não o vi hoje. Pegou suas notas? — Perguntei.
— Vou passar mais tarde para pegar. Tive que ficar aqui hoje pois estamos com poucas pessoas — Disse ainda num tom seco.
Sinto meus ombros encolherem. Por que ele está assim comigo? Eu nem fiz nada.  Nunca vou entender porquê caras começam a agir assim do nada e depois falam que nós “mulheres” que somos o problema. Carregamos o mundo nas costas. Sintam-se satisfeitos. 
— O que você vai querer? O de sempre? — Indagou.
Concordei com a cabeça e o vi voltar para o balcão, em segundos trazendo o meu pedido num silêncio. Ele está tão estranho. Só por que defendi o Jaspen? Ninguém merece. Eu sempre tomo um café com leite morno e um pedacinho de bolo. Chocolate, claro. É uma delícia e sinto que não preciso de nada mais além disso. Volto a ler meu livro quando noto aqueles olhos verdes a me observar. Ele tá ali. Sinto o meu coração palpitar. Se acalme. Grito a mim mesma. Ele está com os cabelos secos e bagunçados. Me lembro da nossa noite. Seu cabelo também estava assim mas por minha culpa. Ele se aproxima devagar. O que ele quer aqui? Ele senta ao meu lado no banco quase a me pressionar contra a parede presa ao banco e fica me encarando com seus enormes olhos.
— Você está fugindo de mim, Sammy? — Pergunta com um sorriso perverso se formando em seu rosto.
— Não, é que não tivemos tempo de se falar direito — Respondo me desculpando. Abaixo a cabeça e sei que estou vermelha. De novo. Oh, céus!
— Desculpa ter saído sem me despedir aquela noite, — disse se explicando — Não queria conhecer a sua mãe daquela maneira.
Esboço um sorriso em meu rosto balançando a cabeça. — Não tem problema, — voltei a olhar para os seus olhos — Eu não sabia que você curtia lugares assim.
— Eu curto lugares no qual você está — Ele responde suavemente.  Ele sempre tem uma resposta pra tudo. Jaspen, Jaspen. Percebo de longe, Théo me encarando com um olhar de desaprovação. Lá vamos nós. Franzi o cenho um tanto preocupada e coloquei uma das mechas do meu cabelo pra trás, fixando meus olhos para os do Jaspen.
— Você está bem? — Perguntou me avaliando.
Notei que ele não estava se referindo a minha cara feia em relação ao Théo e sim sobre eu mesma, sobre meu corpo. Estoy muy bien. Meu subconsciente está a falar espanhol de novo. Eu me ajeito um tanto desconfortável no banco e respondo acenando com a cabeça. 
— Só estou me sentindo um pouco dolorida lá — Sussurro e ele ri.
Me senti quente ao perceber o que falei. Não ria, por favor.
— Fico feliz que esteja bem, — ele esboçou um sorriso em seu rosto — Mas eu gostaria de deixar você assim mais vezes.
Engoli seco prendendo meus lábios com força entre a boca.
Estou tão vermelha.
— Você não sabe ser nem um pouco sutil, né? — Indaguei.
— Só vou atrás do que eu quero — Ele suspira.
Balanço a cabeça em descrença deixando escapar uma risada e o vejo me fulminando com os olhos, observando cada movimento meu. Seus olhos brilham e de vez em quando se transforma num verde azulado ao encontrar com o sol, atravessando com seus raios  pela janela da cafeteria. O dia está lindo. Eu largo o meu livro no colo e coloco um dos cotovelos em cima da mesa, apoiando meu rosto sobre a minha mão. Vejo a Katie com seu violão saltar para o pequeno palco da cafeteria, ela acenou de longe ao se sentar no banco de madeira esboçando um sorriso em seu rosto. Ela está tão empolgada.
— Olá, meu nome é Katie e irei tocar “Certain Things, do James Arthur”, — disse próxima ao microfone — Espero que gostem.
Todos bateram palmas e ela começou a cantar. A sua voz é tão calma que eu poderia ficar ali ouvindo-a por horas. Sua melodia escolhida é linda e perfeita para ela pois sabia de cor. Que fofo. Seus olhos brilhando ao ver o lugar rodeado de sorrisos. Todos estavam a cantarolar e a balançar a cabeça no ritmo da música.

                            ***
Eu conheço a Katie desde pequena assim como a Alex. Somos vizinhas, essa é a verdade e nossas mães sempre foram amigas. O problema é que a Katie sempre se mudou muito por causa do trabalho do pai dela no exercito e por isso ficávamos bastante afastadas, agora que ela voltou para terminar o colegial com a gente. Fiquei muito feliz quando soube. A Katie sempre cantou desde pequena, lembro que certas vezes ficávamos na varanda da casa dela e usávamos uma vassoura como violão e uns baldes como bateria. Era uma imensa bagunça. Eu adorava.
                               ***

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