Dez

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Foram quase quinze horas de voo. Duas conexões, uma em Paris e outra em São Paulo. Quando finalmente, na tarde do dia 22 de dezembro, eu desembarquei no Aeroporto do Galeão. E quando eu avistei aquela cabeleira louro escuro com mechas rosas, meu peito apertou.

Mas dessa vez, não foi de tristeza e sim de felicidade. Eu estava tão feliz, apesar do coração despedaçado.

Maria Eduarda me esperava no desembarque e assim que ela me avistou, soltou um grito alto e correu na minha direção me abraçando apertado. A gente pulava, gritava, se abraçava, praticamente se agarrava. É claro que todos estavam olhando, mas não era algo tão incomum em um aeroporto. Principalmente no Rio.

— Meu Deus, garota! Olha só pra você! - Duda diz, colocando as mãos sob os meus ombros, se afastando para me olhar de cima abaixo. — Você tá muito pálida! O que Londres fez com você? Precisamos ir pra praia urgentemente! - ela completa, e me puxa para mais um abraço apertado.

Sorrio e aproveito o momento para observar a minha melhor amiga mais de perto. Ela estava linda. Bronzeada, mais magra e com um corpo mais definido. E eu sabia que isso iria acontecer porque uma das resoluções de 2020 da Maria Eduarda era malhar e ter tanquinho na barriga. Ela cismou com isso, do nada. E ela costumava ser bem persistente nas suas resoluções de vida. Não é atoa que tinha passado em todas as faculdades públicas do Rio de Janeiro. Imagina, escolher entre UFRJ, UFF, UNIRIO, UFRRJ?

— Londres tá um frio da porra. Olha pra mim, estou agasalhada da cabeça aos pés. - eu digo, tirando o sobretudo que estava vestido e o casaco que ainda vestia por baixo. Já estava começando a sentir calor, o meu amado calor do Rio de Janeiro.

Nunca pensei que fosse dizer que iria sentir falta do calor do Rio de Janeiro.

— Você tá mais magra, Isabela! Não me diz que está passando fome em Londres? - ela diz, observando meu corpo com aquela típica cara de assustada.

Como eu senti falta dela!

— Dor de cotovelo emagrece, sabia? - eu digo irônica.

Ela me encara surpresa e eu vejo que ela está tentando segurar o riso.

— Se alguém me dissesse um dia que Isabela Schumacher iria sofrer de amor, eu juro que não acreditaria.

Abro a boca, ofendida. Mas no fundo, ela estava certa.

— Quem disse que eu estou sofrendo por amor?

Maria Eduarda revira os olhos, em sua típica pose tediosa.

Minha avó. Aliás, eu tô de carro. Que tal a gente almoçar no TGI Fridays e você me contar detalhadamente o que aconteceu? Você sabe que se você for pra casa, a gente não vai conseguir conversar direito, não sabe?

Ela estava certa. Minha família iria surtar e provavelmente não me deixaria sozinha por nenhum segundo.

— Eu confesso que estou morrendo de vontade de comer um hambúrguer com fritas com a minha melhor amiga, mas eu preciso pegar a minha mala. - eu digo, entrelaçando meu braço no dela.

Ela bufou, mas no fim das contas concordou. Consegui pegar a minha mala, fomos até o estacionamento onde estava o carro da Maria Eduarda para guardar a minha mala. Depois, fomos almoçar. Pedi um hambúrguer com fritas e coca cola. Queria comer algo gorduroso e me afundar naquela comida.

— Então, me conta tudo. - Duda diz assim que o garçom deixa a nossa mesa.

— Desde qual parte?

Afraid To Love You | Tom HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora