Nove

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Os dias seguintes foram estranhos.

Depois daquela foto da Daisy em Atlanta, faziam exatamente três dias que Tom não entrava em contato comigo.

Eu sei, a culpa.

Eu não sei porquê, mas eu tinha uma certeza absoluta dentro de mim que os dois haviam se encontrado. O que rolou, eu não sei. Mas eu tinha essa intuição. E as minhas intuições sempre foram concretas ao longo desses 21 anos.

Mas o que eu poderia fazer? Nós não tínhamos nada sério. Eu não estava em condição alguma de cobrar algo dele, muito menos de pedir satisfação. Ele era solteiro, eu era solteira.

Fim.

— Você realmente não quer que eu pergunte ao Sam? Ele não vai desconfiar de nada, eu juro. - Kim me pergunta mais uma vez.

É sábado e Kim resolveu preparar um café da manhã para nós. E eu confesso que aquelas panquecas com calda de chocolate estavam simplesmente deliciosas.

— Nem pense nisso. - eu digo, enquanto caminho até a cafeteira e me sirvo mais uma xícara cheia de café.

— Por que?

— Kim, nós não temos nada. Se ele estiver com a ex em Atlanta, ok. - eu digo, e na mesma hora sinto um aperto no meu coração. É óbvio que eu não estava "ok" com isso.

— Ok? Não está nada ok, Isa!

— Kim, o que você quer que eu faça? - respirei fundo, tentando me controlar.

Não chora, Isabela. Não chora.

— Primeiro quero que você admita que está apaixonada.

Olhei para ela surpresa. Abri a boca umas duas vezes, tentando falar algo, mas simplesmente não saia nada.

— O que? - saiu como um sussurro quase que imperceptível.

Kimberly cruzou os braços e me olhou com aquele olhar digno que tem o mundo debaixo dos seus pés.

— Você se apaixonou. E não tente negar, porque eu sei. Você se apaixonou, Isa. Admite isso em voz alta e metade dessa angústia que você está sentindo aí dentro vai desaparecer.

— Eu me apaixonei. - eu sussurro, não acreditando no que eu acabei de falar.

Eu me apaixonei.

Kim respirou fundo e caminhou até a mim, me abraçando apertado. Era como se o seu abraço apertado misturado com o cheiro de morango nas suas madeixas me acolhesse da forma mais precisa naquele momento.

Não saberia explicar de outra forma.

— Como se sente? - ela pergunta, se desvencilhando do nosso abraço segurando meus ombros, dessa vez.

— Aliviada por ter colocado todo esse sentimento pra fora e burra por ter me apaixonado por ele. - eu digo, puxando o ar.

— A gente não escolhe por quem se apaixona, Isa.

— É claro que escolhemos, Kim! Eu poderia ter evitado tudo isso. Eu poderia...

Você acha que ele não se apaixonou também? - Kim diz, e eu tenho a sensação que é mais uma afirmação do que uma pergunta.

— Tenho certeza que não.

Ela revira os olhos em uma pose tediosa.

— É claro que ele se apaixonou! Você não repara o jeito que ele te olha, o jeito que ele te trata e principalmente, o jeito que ele fica quando está do seu lado?

Afraid To Love You | Tom HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora