The new Stark

A conversa

 WILLIAM ON

Já faz alguns minutos que o meu pai está enrolando sobre o que exatamente ele quer conversar, ate agora ele só se perdeu nas palavras e não explicou nada.

- Filho, eu sinto muito por tudo isso – Desvio o olhar ao perceber sobre o que ele quer falar – Não foi um período fácil. Eu não sabia o que fazer. Sou um fracasso por isso? Com certeza. Eu não sabia como reagir Will...

- Esse é o seu problema, papai! – O interrompo sentindo minha voz embargar – Vocês dois me deixaram!!! A mamãe morreu, mas você... você esqueceu que eu existia! Eu sei que doeu. Eu sei que você ficou muito mal. Eu entendo, não culpo você por isso. Mas eu também fiquei, eu também a perdi... Deveríamos ter ficados juntos, mas você me esqueceu por CINCO ANOS! Sendo que três desses cinco anos, estávamos de baixo do mesmo teto...

- Eu sei de tudo isso, querido!!! – Ele fala segurando o choro – Eu fui um péssimo pai para você. Eu tenho ciência disso. Sua mãe provavelmente me odiaria agora...

- Não odiaria – Respondo com um nó se formando na minha garganta – Nem eu te odeio. Eu não consigo odiar você, por mais que eu tente muito e posso jurar que eu tentei, eu não consigo. Cada um lida com o luto de um jeito, pai. Eu não posso culpar você por ter lidado dessa maneira. É obvio que eu queria que fosse diferente, mas não controlo seus sentimentos. Mas você... Você piorou tudo!

- Mandar você para aquele colégio foi a pior decisão que eu já tomei na minha vida – Ele fala passando a mão no rosto – Eu sinceramente não sei como consertar as coisas com você. Eu errei. Sei disso. Era tudo confuso para mim e naquele momento, mandar você para lá realmente me pareceu uma boa ideia... Will eu sinto muito! Foi estupido da minha parte achar que você estaria melhor longe de mim. Eu quero consertar isso, quero começar...

- De novo? Eu também queria isso papai – Falo sentindo a lagrima escorrer no meu rosto involuntariamente – Entrei naquele avião pensando nisso, realmente achei que pudesse ser diferente, que você quisesse fazer diferente, mas não. Você só me trouxe de volta para me apresentar a sua nova família, não é? Ficou com peso na consciência? Ou só me trouxesse de volta porque falta um mês para eu fazer 18 anos?

- É claro que não filho! – Ele responde e eu passo a mão no rosto tentando secar as lagrimas – Peter não foi algo que eu calculei, Will.

- Mas podia ter me contato – Rebato irritado – Não precisa nem ter pedido a minha opinião, só poderia ter me avisado que ia fazer isso.

- Eu errei, William! Eu sei! – Ele fala mais alto – Eu não sei o que você quer que eu faça para consertar...

- O que eu quero? Eu quero que você deixe de ser A PORRA DO GRANDE TONY STARK POR CINCO MINUTOS E SEJA SÓ O MEU PAI!!! – Meu pai se assusta com o meu grito – Quando a mamãe morreu... – Falo sentindo minha garganta apertar e choro voltar mais forte – Depois que todo mundo foi embora e a gente finalmente foi deitar, você me colocou na cama e percebeu que eu ainda estava chorando. Todas as partes do meu corpo doíam naquele momento, era como se o meu mundo tivesse sido destruído. Mas você me abraçou, beijou minha testa e disse que ficaria tudo bem e que sempre estaria ali para mim. Eu acreditei em você, foi como se a dor fosse diminuísse aos poucos... – Vejo meu pai deixar as lagrimas caírem, mas continuo – Porque naquele momento, eu sabia que não tinha ficado sozinho. Eu dormi, mas talvez eu não devesse ter acordado...

- Por favor William, não fala assim...

- No outro dia, a primeira coisa que eu fiz quando acordei foi procurar você - Continuo mesmo com o meu peito apertando de voltar nessas lembranças – Eu entrei no seu quarto, as coisas da mamãe ainda estavam lá e automaticamente aquele dor insuportável no peito voltou. Sai dali para continuar te procurando, mas a única pessoa que eu achei foi o Happy que me abraçou e disse que você tinha feito uma viagem de última hora. Ele ate tentou explicar que você logo voltaria, mas você não tem noção do que eu senti quando ouvi aquilo. Foi com certeza o pior dia da minha vida, mas eu tentei me convencer que tudo bem – Faço uma pausa para secar as lagrimas – Porem, você voltou tão frio, era como se eu não existisse mais, você era completamente apático a mim, papai. Por meses eu me perguntei o que eu tinha feito de errado e sinceramente papai, se eu fiz algo, eu sinto muito, com certeza não era a minha intenção.

- Você não fez nada de errado – Meu pai responde tentando encostar em mim, mas me afasto – Isso não foi culpa sua, Will.

- Tia Nath me disse que você estava sofrendo, que não sabia como lidar com a morte da mamãe e acabou se afundando no trabalho – Ele me olha surpreso – Foi quando eu quis te ajudar, mas a única coisa que eu ganhei de você naquele dia foram umas palmadas, por ter mexido nas suas coisas. Eu não posso reclamar de você, sempre me deu tudo, nunca deixou nada faltar. Mas eu preferia morar de baixo da ponte com você, desde que você me desse o mínimo de atenção...

- Will...

- Me dar tudo que eu queria sempre foi o seu jeito de mostrar que me amava, desde que eu me entendo por gente você era assim – O corto – Mas antes você se importava comigo. Se eu comi, como eu estava no colégio, se eu tinha sonhado, qual era o meu filme favorito... Você sempre soube e fez tudo isso. Talvez eu nunca tenha dito, mas eu amava quando você perguntava o que eu tinha aprendido na aula. Você mudou papai e sinceramente, tudo bem – Falo levantando do sofá – Eu só sinto muito por preferir você antes. Eu nunca quis te falar nada disso, sempre proibi a mim mesmo de te contar como eu me sentia sobre tudo o que tinha acontecido. Eu tinha esperança de que um dia você voltaria ao normal, e quando você voltasse ao normal, eu tinha medo de que se soubesse dessas coisas, você ficasse distante de novo. Porem, quando eu cheguei aqui e vi o garoto. Tudo o que eu acreditei nesses últimos anos desmoronou. Você não precisa mais de mim, pode ser feliz com a sua nova família.

- Eu não quero ser feliz com uma "nova" família, Will – Ele fala segurando o meu braço, me forçando a olhar para ele – Eu preciso de você! Eu quero você comigo! Como antigamente. Nos podemos fazer diferente, meu amor. Podemos deixar isso tudo para trás e começar de novo. Eu juro que vou fazer de tudo para ser o melhor pai do mundo para você...

- Isso tudo é muito bonito na teoria, papai – O interrompo engolindo o choro – Na prática a gente sempre termina se magoando.

- Os dois lados da moeda precisam tentar, filho – Sinto ele passar a mão no meu rosto – Eu não vou desistir de você!

- Talvez você devesse – Respondo me soltando do seu braço – Eu não quero mais conversar.

Falo sério e saio rápido em direção a biblioteca. Me tranco lá dentro e deixo o choro sair com intensidade.

Meu pai não tem noção do quanto eu queria acreditar nele.