Contando a verdade

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WILLIAM ON

    Happy me deixou na portaria da empresa e seguiu para casa com aquele projeto de chantagista otário.

    Que droga!

    Eu não queria ter que contar para o meu pai que faltei todas as aulas do meu primeiro dia de volta na escola, ele provavelmente vai surtar assim que eu terminar de formular essa frase, mas que outra escolha eu tenho agora? Ou eu conto ou aquele imbecil vai abrir a boca e vai ser bem pior.
     Vou até o último altar do prédio e vejo a nova secretária do meu pai distraído com a papelada, passo reto por ela e ando em direção ao escritório do meu pai.

- Garoto, você não pode entrar aí! - Ela fala assustada ao notar a minha presença no andar.

- Meu pai está me esperando - Explico ao perceber que ela não sabe quem eu sou - Eu avisei que estava vindo.

- Oh, sim! Claro! Me desculpe senhor William - Ela sorri sem graça - Pode entrar, ele está sozinho.

- Obrigado! - Respondo sorrindo - Pode me responder uma pergunta antes?

- Com certeza, o que seria?

- Sabe me dizer se ele está de bom humor? - Pergunto e ela sorri.

- Ele sempre parece estar de bom humor, senhor William - Ela responde - Não precisa se preocupar.

- É... Vamos ver – Murmuro tentando não parecer tenso.

   A verdade é que se não fosse a droga do Peter me ameaçar, talvez eu nunca abrisse a boca sobre isso para o meu pai. Claro, uma hora ou outra ele acaba desconfiando por causa do número de faltas no boletim, mas daí só preciso inventar uma desculpa idiota como: “O professor não deve ter ouvido” ou “Eu entrei atrasado, por causa da natação”. Na maioria das vezes o Tony acredita nessas desculpas ou pelo menos finge acreditar, mas todas as outras vezes que ele descobriu por conta própria que eu gazeei alguma aula... era a bronca do século sobre irresponsabilidade e, dependendo da situação, ainda acabava apanhando por já ter sido avisado antes.
    Eu juro que se eu ficar de castigo aquele pirralho me paga! 
    Bato na porta dando sinal de que vou entrar e entro logo em seguida, meu pai estava falando no telefone com alguém e faz sinal para que eu entre. Ando pelo escritório enquanto meu pai parece focado naquela ligação, mudou bastante desde a última vez que estive aqui, mas isso já era de se esperar, Tony sempre adorou mudar tudo do nada.
    Paro em frente a um porta retrato com uma do dia do meu aniversário de nove anos. Eu lembro que meu pai queria dar uma festa para comemorar, mas eu insisti que queria que ele e a mamãe fossem comigo no zoológico, porque eu queria muito conhecer os pinguins igual os do desenho. Passamos o dia inteiro no zoológico e minha mãe levou uma cesta para um piquenique, foi quando Happy bateu essa foto... Seco uma lagrima que surge ao ficar muito tempo lembrando do passado e sinto a mão do meu pai no meu ombro.

- É uma das minhas fotos favoritas com vocês – Ele fala sorrindo.

- Achei que não tivesse mais nada dela aqui... – Respondo me afastando da foto e sento no sofá do escritório.

- Ainda tenho muitas coisas da sua mãe, Will – Seu olhar fica triste ao falar dela – Estão guardadas, mas pode mexer a hora que quiser.

- É melhor deixar como está – Respondo para cortar o assunto – Papai, eu quero contar uma coisa, mas tem que me prometer uma coisa primeiro.

- Prometer o que? – Ele pergunta desconfiado.

- Tem que prometer que vai entender e não vai brigar comigo...

- O que foi que você fez, William? – Ele me corta, já fechando a cara.

- Primeiro promete, depois eu conto – Insisto sentindo o nervosismo tomar conta das minhas palavras.

- Como eu vou prometer, se eu nem sequer sei a gravidade do que vai me contar?

- Droga Tony, era só concordar... – Reclamo e ele me olha impaciente – Tá bom, mas antes só vou deixar bem claro que se você tinha algum tipo de esperança de que eu e aquele garoto nos déssemos bem, pois sinto lhe informar que não vai rolar.

- O que aconteceu?

- Ele me chantageou! – Respondo e vejo o olhar surpreso do meu pai – Mas é desprovido do poder da boa lábia, então não deu em nada.

- William, dá para me contar essa história direito?

- Eu matei todas as aulas hoje – Falo rápido e vejo os olhos do meu pai se estreitarem – Eu sei, me desculpa! Eu juro que não vai se repetir, foi só um...

- Só um o que, Joseph? – Aí droga... – Esqueceu quando eu disse que essa é a sua última chance naquela escola? Acha que o diretor Xavier vai gostar de saber que voltou e vai se comportar exatamente como antes?

- Foi só hoje, pai... – Murmuro encarando as minhas mãos – Eu prometo que não vai acontecer novamente!

- Aonde você foi e com quem? – Ele pergunta tão sério que não consigo nem me atrever a mentir.

- Em uma praia afastada da cidade – Respondo num tom quase inaudível – Com o Logan, Matt e a Lilly.

- Porque será que isso não me surpreende... – Ele levanta do sofá e volta a se sentar na mesa principal do escritório sem falar nada.

- Qual é pai? Eu já pedi desculpas, o quer que faça? – Falo depois dele ficar alguns minutos em silencio – Eu sei que disse que ia me contar, me desculpa mesmo. Não pode parar de falar comigo...

- Não parei de falar com você – Ele responde sem tirar os olhos da tela do computador – Mas preciso pensar.

- Pensar no que?

- No que eu vou fazer com você – Ele responde me finalmente voltando sua atenção para mim – Eu acredito que suas desculpas são sinceras, Will, mas isso não vai passar em branco. Eu avisei que queria você longe daqueles garotos e não vou forçar a barra para isso acontecer, mas olha qual a primeira coisa que você fez perto do Logan – Desvio o olhar – Não estou culpando o garoto pelas suas atitudes, porque quase ninguém consegue forçar você a fazer algo que não queira, mas admita que nem sempre essas ideias são suas.

- Isso é paranoia sua Stark, as coisas nem sempre são assim – Respondo na defensiva – Foi só uma ideia ruim.

- Tudo bem Will, não vou discutir com você – Ele concorda sem ânimo para uma discussão e vem em minha direção – Vem aqui – Ele puxar minha orelha me fazendo levantar do sofá e me arrasta até o canto da sala.

- Também não precisa arrancar minha orelha – Reclamo a esfregando assim que ele solta.

- Nariz na parede até eu terminar aqueles relatórios – Ele ordena arrumando meu braço do lado do corpo – Aproveita e pensa nas suas escolhas.

- E você vai demorar? – Pergunto em tom de reclamação.

- Não sei, pode ser 5 minutos ou até meia hora – Bufo irritado – Tempo suficiente para você pensar.

- Eu tenho que ficar aqui de castigo, mas com o seu filhinho chantagista de araque não vai acontecer nada, né?! – Murmuro.

- Cuide de ficar quietinho no seu castigo, Joseph – Meu pai responde – Que pode ter certeza de que o do Peter está guardado.

The new StarkOnde histórias criam vida. Descubra agora