E ai amoras? turu bom?
Sentiram minha falta?
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Os dias a partir da primeira aparição da Morte com o cálice foram tensos. Os sete passavam o tempo todo ansiosos, esperando quando o próximo chamado viria. Wormtail não gostou nada da ideia de que os três amigos tinham sido chamados a sala do diretor e ele não e conforme os dias passavam ele tinha cada vez mais forte a sensação de que os três não estavam lhe contando alguma coisa. A ideia de que os amigos lhe escondiam algo não era nada agradável e ele buscara ignorá-la desde que a percebeu durante as férias de verão na casa de James.
A fora os pequenos detalhes a vida em Hogwarts continuava sua progressão esperada. As aulas seguiam, mas as pessoas estavam cada dia mais nervosas, o adensamento das linhas dos comensais da morte era de consciência geral e ninguém sabia quem seria o próximo morto. Mais de um aluno já tinha sido chamado no meio das aulas ou nas refeições e não costumavam ser boas notícias.
Uma coisa que passou a ser engraçada de se observar era como as pessoas pareciam se apaixonar mais. Eros estava sempre rondando, a urgência que as garras da guerra parecia impor sobre os habitantes mais velhos do castelo levou a um numero recorde de detenções de alunos pegos em salas vazias, a impressão de que tudo poderia desabar a qualquer momento levando-os a agir a respeito do que sentiam muito mais rápido do que normalmente o fariam.
A Morte por sua vez esperava, aguardou até o começo de abril e as breves férias de pascoa antes de indicar ao diretor a sala no sétimo andar e o diadema. Era manhã quando os sete seguiram o velho diretor até o escritório após o café da manhã de pascoa.
A Morte já estava no escritório, sentada sobre o banquinho de três pernas, confortável como se mandasse no mundo. Em seu colo estava uma tiara pequena e prateada, entalhada de pedras e esculpida. A peça era linda e extremamente delicada, mas nenhum dos adolescentes se sentia em qualquer condição de apreciá-la. Aguardavam, tensos como a corda puxada de um arco, descobrir quem seria o próximo.
Quando ela enfim abriu os olhos, como se só então consciente da presença deles ela sorriu, seu sorriso calmo e frio de sempre antes de se levantar, pousando a joia no banquinho e se virando para Alice.
― Sua vez querida.
A garota respirou fundo, suas mãos tremiam e ela trocou um olhar com as amigas e o namorado recebendo em troca um olhar carinhoso e calmo de encorajamento. Ela não sabia o que a esperava e não tinha certeza de se queria descobrir.
O fragmento de alma na joia se revirava, buscando algo que pudesse usar contra sua atacante, mas nada vinha conforme navegava o mar revolto de seus pensamentos. Alice não tinha memorias horríveis que pudessem ser jogadas contra ela, as coisas que mais lhe importavam no mundo lhe eram certas, ela sempre teria a amizade e apoio das amigas e da família, ela sempre teria o amor de Frank e nada disso ela tinha qualquer duvida a respeito. Desesperado o fragmento atirou contra ela com o que ele mesmo tinha.
As sombras se levantaram mostrando, com formas indefinidas o que o próprio Riddle já havia feito, os gritos de dor e medo das pessoas que ele torturara física ou emocionalmente ecoavam pela sala, eram horríveis sim, eram assustadores e Alice temia o momento em que seriam os seus próprios amigos e familiares os donos daqueles gritos. Mas não eram, ainda não, e a dor que ela sentia, por mais horrível que fosse, não era dela, não ainda.
Os passos que a garota deu foram firmes e estáveis e quando afundou a adaga na maior gema, logo abaixo da águia entalhada foi que teve o mínimo tempo para reparar em como era uma joia bonita. O silencio na sala deixara todos com os ouvidos zunindo e Frank foi até ela, envolvendo-a em um abraço e perguntando se ela estava bem, quando respondeu sua voz era baixa, mas calma e todos puderam ouvi-la:
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Interferência
FanfictionA Morte se considerava uma entidade bastante razoável de forma geral, dava paz a todas as almas que já haviam aprendido o bastante, compreendia que era necessário tempo para que os mortais parassem de ser idiotas ela mantinha a vida funcionando como...