Capítulo 3

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Helena Greco

_ Eu os adotei. Segundo Carla, a companhia de um cachorro poderia me fazer muito bem.

Eu sei que eu fui baixa ao utilizar os meus meninos como desculpa para que eu melhorasse, mas só assim, talvez Matteo não os recusasse permanentemente em casa. Pois quando o assunto era meu acidente eu sempre recebia as diversas regalias que existiam.

Ele continua olhando desconfiado para todos nós. E dá um olhar de dispensa aos rapazes que logo deixam as coisas em um canto, e somem escada abaixo.

_ E porque você não comprou um cachorro, ao invés de adotar esses daí? Com certeza devem ter algum tipo de doença e pode te fazer mal, assim como aos bebês.

Olha ele ainda lembrava dos nossos filhos. Pensei que alguma das suas coisas mais impo haviam tirado eles de sua mente.

_ Eles não são doentes, só estão um pouco desnutridos. E já tomei todas as precauções quanto a saúde e bem estar deles. Portanto, não há nada de errado.

_ Eu preferiria que você escolhesse algo mais seguro, mas já que você quis assim não vou contraliá-la.

Minha cara de surpresa deve ter me entregado, pois ele logo se aproxima de mim e se explica.

_ Você também não precisa ficar impressionada com esse tipo de atitude minha Helena. Eu quero o seu bem, mesmo que você não acredite. Sinto sua falta.

Eu não sabia o que dizer. Matteo era o homem mais confuso e frustrante de toda a face da Terra. Em momento ele era apaixonado por mim, no outro ele não podia ficar comigo pois era muito arriscado, ficava quase dois meses afastado de mim e agora dizia sentir a minha falta.

_ Não sei porque diz isso Matteo. Foi você mesmo que deixou claro o quanto é perigoso estarmos próximos emocionalmente.

_ E ainda não descartei essa ideia, pois é sim perigoso. Mas é ainda mais, quando eu fico longe de você Helena. Esses dias tem sido um inferno, ficar sabendo de você por terceiros e chegar toda noite e só poder te ver dormindo, e nunca falar com você diretamente.

_ Matteo eu não consigo te entender. Essa confusão de sentimentos que existe dentro de você me afeta muito. Eu preciso que você tome providências a respeito disso, pois não posso aguentar essas suas mudanças de humor a todo instante. Uma hora você me quer e outra não. Se for para você continuar brincando comigo e me fazer sofrer eu peço que pare neste momento.

_ Não é brincadeira Helena. E eu sei que sou confuso, mas com o tempo as coisas vão se encaixando.

_ Eu só espero que nesse seu tempo, nem eu nem os meus filhos saiamos prejudicados

A sua expressão cai um pouco, mas eu não podia deixar de falar a verdade. Era difícil de acreditar nele, e como havia prometido a mim mesma, os meus filhos seriam prioridade. Se Matteo me queria de volta, ele teria que provar de alguma maneira, ser merecedor do meu amor. Assim, eu me afasto um pouco e tento desconversar, pois é o melhor que se tem a fazer agora.

_ Já que você dispensou os rapazes, você poderia me ajudar com as coisas de Apolo e Jake?

Ele ri, mas sem alegria, e não contesta, já pegando algumas das coisas que estavam no chão.

_ Foi esse o nome que deu a eles?

_ Sim, tem algum problema com esses nomes?

_ Claro que não, apenas curiosidade. Onde você irá deixar tudo isso?

_ No quarto ao lado do nosso.

_ Tudo bem.

Ele se encaminha até lá e eu corro na frente para abrir a porta, mas não antes de colocar Apolo e Jake no chão. Eles correm atrás de mim me acompanhando, e é a melhor sensação de todas ouvir o barulho de suas patinhas ao andar pelo chão devido as unhas.

Quando terminamos de pegar todas as coisas, e posicionar as camas, e vasilhas de água e ração, nós saímos do quarto os quatro.

_ Obrigada por me ajudar.

Tento seguir o meu caminho, mas Matteo me segura e não deixa que eu continue.

_ Helena, deixe que eu volte a dormir com você. Não aguento mais aquele quarto de hóspedes.

_ Mas Matteo, eu nunca pedi que você saísse, você mesmo decidiu isso. Se quer voltar, o direito é todo seu. Você é o dono desta casa.

_ Não, você é a dona. E eu saí porque não queria atrapalhar na sua recuperação devido a nossa discussão. Agora você já está melhor.

_ Faça o que você achar que deve.

Agora, quando tento sair de seu aperto, ele permite que eu me afaste. Assim, sigo para o jardim com um Apolo e Jake desconfiados, devido toda a imponência da casa.

_ Vocês não precisam ficar assustados com nada e nem ninguém, pois eu não deixarei que nada os machuque.

Digo a eles enquanto procuro uma árvore com boa sombra para me sentar. Com o sol que está fazendo, é bom sentar em um lugar com sobra. Me sento no chão com os dois ao meu lado.

_ Vocês não querem brincar?

Pergunto, segurando uma bolinha laranja com pontinhos brancos que logo eu jogo a uma boa distância. Vejo um Apolo correndo todo esbaforido e desengonçado atrás da bola, enquanto o Jake com suas perninhas curtas de filhote tentam o alcançar. Mas quando Apolo já está voltando com a bola em sua boca, Jake não está nem na metade do caminho.

_ Bom, o importante é você ter tentado Jake, mas daqui uns meses você conseguirá um resultado melhor do que esse. Não se preocupe.

E assim se seguiu o resto da tarde. E enquanto eu brincava com eles, nada me tirava da cabeça a atitude de Matteo hoje. Parecia que havia uma barreira invisível, na qual às vezes ele a erguia quando achava necessário, e quando não, ele deixava a guarda baixa e me permitia entrar na sua vida e por lá ficar.

Mas eu precisava de mais do que isso, eu não poderia ter a metade de um homem, eu precisava tê-lo por completo. Não estava disposta a dividi-lo com o que quer que fosse que o prendia ao seu passado. Estávamos em outros tempos, e ele precisava entender isso:

Que muitas coisas que acontecem no passado devem permanecer lá, e nunca mais sair. Independentemente dos tipos de calafrios que isso lhe cause todos os dias. Ou dos tormentos causados pelos demônios que vivem dentro de si e que se manifestam em dias difíceis, os quais as barreiras erguidas cedem um pouco.

O passado existe para que permaneça nele, mas infelizmente, às vezes ele achava maneiras de nos pregar peças.

A libertação do amor - Livro II   |COMPLETO|Onde histórias criam vida. Descubra agora