2015

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Salvador - Bahia, Brasil

Júlia

" Na vida todos tem sua primeira história de amor, cheia de romance e bem...bem clichê.
Comigo não seria diferente, também tive minha história romântica, com beijos de conto de fadas, e quase perfeita...a não ser por um motivo; Eu!

Mas isso conto depois..."

Fecho o diário em minhas mãos e guardo na gaveta do criado mudo, próximo a cama.
Ainda sentada, respiro fundo e fecho os olhos por alguns segundos. Lembranças quase que inevitáveis rondam minha mente e logo o sentimento de culpa aparece. É sempre assim, não posso me lembrar dos momentos bons que sou praticamente soterrada por todos os momentos ruins que causei.
Me apresso em abrir os olhos e voltar para realidade, e graças a batidas na porta e uma voz familiar bem apressada, consigo fugir rapidamente dessa vez.

Mando entrar e logo uma cabeleira castanha aparece no meu campo de visão.
- Júlia, tem um cara de olhos perfeitos lá embaixo pra te ver - minha prima diz animadamente.
Assinto com a cabeça e me levanto sorrindo pela forma como ela se referiu aos olhos dele. Realmente são perfeitos, as minhas piscinas, é onde me afundo quando estou triste. Os olhos dele sempre me fazem bem, como as águas cristalinas de uma praia.
- Ao invés de ficar aí viajando na maionese, deveria adiantar o
seu lado, seu pai está enchendo a mente do pobre coitado de perguntas, chega tô com pena do bichinho.
A cara dela de pena só me faz rir mais, é besta essa menina viu.
- Já vou mulher, avisa que já desço tá? E obrigada Ninha...
- É Mah! Por favor, esquece esse apelido feio de quando éramos crianças.
- Qual apelido? Ninha? - provoco.
Ela me fuzila com os olhos e sai batendo a porta. Solto uma risada alta pelo estresse dela, agora cismou que não gosta do próprio nome. Vê se pode? Mas não nego que Marjorie é melhor que o original.
Pego meu celular e bolsa e tranco o quarto.
Desço as escadas e já consigo ouvir o interrogatório. Paro no meio da escada pra ver onde isso vai.
- Onde se conheceram? - painho e seu tom ameaçador, chega a ser hilário.
- Na faculdade senhor...

Que ? Não tinha uma desculpa melhor não criatura? Seguro o riso, ele só pode está de brincadeira.

- Seii...você não tem cara de quem estuda, parece velho pra isso...

Tudo bem, hora de intervir, mexeu com o ponto fraco do bichinho (risos).

- E desde quando existe uma cara específica pra isso pai? - apareço na sala fazendo meu pai se constranger e o gostoso de olhos perfeitos agradecer.
- Escutando a conversa atrás da porta Júlia? Isso é trapaça viu...

Abraço meu querido pai por trás e pisco pro meu namorado que sorri e sai de fininho.
- Estava na escada, então não conta - me defendo.
- Espertinha...só estávamos conversando - meu pai tenta se defender, mas a própria cara dele entrega tudo - tá, sou seu pai preciso saber com quem você anda.
- Seii, mas sinto lhe informar que estamos atrasados e terão que continuar essa conversa outra hora.
Beijo sua cabeça e corro para porta
- Júlia, pode dizer onde vão?
- Até mais tarde pai...
- JÚLIAA??
Bato a porta sorrindo e corro até o carro ignorando seus gritos de surto.

Depois de quase uma hora de trânsito engarrafado, chegamos ao lugar que mais amo atualmente; o hotel onde ele está hospedado. Tem uma vista linda da Baía de todos os santos.
Largo minha bolsa na cama e vou até a janela do quarto, olhar o mar é uma das coisas que mais me acalma.
- Você ama essa paisagem não é?
Olho para o lado, e analiso cada detalhe do seu rosto perfeito e respondo.
- Sim, eu amo
- Júlia! - ele sorri envergonhado e eu percebo que ainda não tinha o visto assim, ele é sempre tão seguro, tão confiante e convencido.
- O quê? Não posso mentir pra você, lembra - chego mas perto e agarro sua cintura, meu corpo inteiro se acende ao sentir o calor do dele.
Ele toca meu rosto, e coloca uma mecha do meu cabelo pra de trás da orelha, onde não pode atrapalhar sua boca de chegar até bem próximo do meu ouvido
- Lembro, mas eu estava falando do mar e não de mim - sussurra com sua voz rouca perfeita.
Deus tudo nesse homem é perfeito. Tenha piedade de mim.
Entro no seu joguinho e também sussurro no seu ouvido enquanto meus dedos agarram seu cabelo preto.
- E como sabe que eu estava falando de você? - finalizo com uma leve mordida na orelha, o que faz ele gemer baixinho.
Ele me carrega e eu cruzo as pernas ao redor da sua cintura.
- Ah tá na cara que as duas coisas que você mais ama estão a sua frente, o Mar e eu Baby
Respiração acelerada, a luxúria no olhar, a cara mais safada que já vi... Não há como não sentir tesão nesse cara.
Solto uma risada safada e ele morde os lábios.
- Que convencido - digo ainda rindo
- Sou. E você ama isso em mim pequena...agora chega de conversa, vem aqui ...
Uma mão segurando minha perna, a outra adentrando meu cabelo, enquanto seus lábios famintos atacam os meus.

Paris, onde tudo começou...Onde histórias criam vida. Descubra agora