Leonardo
Meu dia já começou uma merda, e olha que hoje estou de folga, afinal eu mereço um dia de descanso.
Mas parece que o resto do mundo não pensa assim, meu telefone não parou de tocar desde a hora em que acordei.Pepinos nos hospitais, que como não eram tão graves pedi a Débora, minha secretária, que resolvesse.
Logo depois, o pessoal do banco me ligou querendo marcar uma reunião o mais rápido possível para falarmos sobre algo que não podiam me adiantar pelo telefone, ou seja mais um pepino que depois de confirmar minha agenda, marquei para a próxima semana.
O Ryan me ligou e eu já rejeitei umas cinco vezes, sabendo do que se trata...o tal jantar!Hoje como um dia típico de folga, estou tentando ficar longe de qualquer coisa que me tire do sério, então dormi no meu apartamento. Sabia que o meu irmãozinho não me deixaria em paz se ficasse em casa.
Tenho um apê no centro da cidade, fica mais próximo do trabalho e da civilização, o que torna minha vida um pouco mais fácil...mesmo que esse pouco seja quase nada.
A casa que moro com o meu irmão, fica mais afastada de toda essa agitação. Quando fui visitar o local a primeira vez, me encantei com a quantidade de verde que tinha ali, fica próxima a uma floresta e ainda tem o jardim mais lindo que já vi na vida. Foi amor a primeira vista.
A propriedade é enorme, tinha sido reformada pouco antes de ser comprada por mim e segundo o corretor por muitos anos foi morada de um Duque, cujo a história é enorme, mas resumindo ele construiu a casa para morar com a esposa que era o grande amor da sua vida, um ano depois do casamento ela faleceu, deixando um bebê recém nascido que o tal duque mandou para outro país logo quando completou cinco anos, pois não aguentava olhar para a criança e lembrar do seu amor. Ele viveu o luto sozinho por anos até falecer.
E logo depois da morte, a casa foi posta a venda pelo tal filho já maior de idade.Ele me contou também que ninguém queria morar lá pela arquitetura antiga e pelas histórias da morte do tal duque. Então tiveram que reformá-la e logo em seguida eu apareci.
Comprei e não me arrependo. Mesmo que os planos tenham mudado, eu me sinto bem morando ali com o meu irmão.
Bebo um gole do meu café e encosto a cabeça no sofá, fecho os olhos por um minuto e a vejo, mimha doce noiva com aquele sorriso que era tudo para mim, quando a Ayla sorria tudo em mim brilhava como uma manhã de primavera...
Sinto as lágrimas se aproximando e trato de abrir os olhos.Meu telefone toca novamente e atendo sem olhar a tela, apenas para fugir dos pensamentos
- Alô?
Ninguém diz nada, então insisto.
-Alô? - escuto uma respiração rápida e nada mais, logo em seguida encerram a ligação. Com certeza devem ter errado o número, ou é algum engraçadinho querendo passar trote.
Verifico o número e tenho certeza que nunca vi na vida, vou até o aplicativo de mensagens e não há nada lá, minha maluquinha esteve online a cinco horas e isso meio que me assusta.Depois da Ayla coisas assim me deixam preocupado rapidamente, então eu ligo para ela que atende no segundo toque.
- Alô? - sua voz sai baixinha
- Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - digo as pressas, esquecendo que isso pode assusta-la
- Oi? Com quem você quer falar? - a pessoa diz meio indiferente.Só então percebo que não é a voz da Anny do outro lado e meu mau humor volta com tudo.
- Como assim com quem eu quero falar? Não é óbvio?! - minha voz sai mais ríspida que necessário.
- Credo! Deveria ser mais educado senhor - a voz do outro lado ficou tão mal humorada quanto a minha e quando eu estava quase mandando essa tal mulher a merda, ouvi ela gritar - ANNYYY!!! Tem um idiota mal educado na linha, mando a merda ou você quer fazer isso?
QUÊ? Quem essa maluca pensa que é para...
- Alô? - a voz meiga da minha maluquinha soou do outro lado me fazendo esquecer o que ia dizer.
- Oi sou eu...
- Léo? Meu deus me desculpa, atendi sem olhar a tela, e a Júlia não me disse quem era...
- Tudo bem, eu só liguei para saber se está livre hoje a noite?Não, espera, do que eu estou falando?
- Estou livre sim - seu tom de voz animado me fez sorrir
- Quer ir a um jantar comigo, não é nada muito importante, mas... não queria ir sozinhoEu deveria filtrar melhor as coisas antes de falar, já estou arrependido
- Eu vou adorar, agora preciso ir, me manda o horário por mensagem e o endereço...
- Te pego as sete na sua casa - me apresso em dizer, jamais vou deixa-lá ir de táxi.
- Tá bom - ela diz e logo nos despedimos.O dia passa voando, faltam quinze minutos para as sete, e eu já estou na porta do apartamento da Anny. Desesperado procurando uma maneira de cancelar essa porra toda e leva-lá para qualquer outro lugar que não fosse esse jantar.
Mas no momento em que decido fugir dali a imagem mais perfeita entra no meu campo de visão e eu tenho que sair do carro para ver melhor.
Ela desce os poucos degraus com tanta elegância que me sinto hipnotizado, o vestido azul marinho lhe cai perfeitamente, esta sobre um salto preto o que a deixa quase do meu tamanho, os cabelos presos em um tipo de coque, acho que é assim que as mulheres chamam esse tipo de penteado. Brincos e colar discretos, mas que complementam toda a produção. E no rosto um sorriso que me faz querer sorrir junto sempre que vejo.- Oi Doutor - ela diz ainda sorrindo assim que se aproxima e a minha vontade é de tranca-la comigo em casa e nunca mais sair.
Meio possessivo, então me limito a respondê-la e abrir a porta do carro para que entre.Seguimos o caminho quase todo calados, até que decidi quebrar essa porra de silêncio.
- Você está linda! - Sou sincero, ela é a mulher mais linda do mundo.
- O Doutor também não está nada mal - ela diz meio tímida e vejo de relance suas bochechas corar.Se continuar me chamando assim e sorrindo desse jeito, vou acabar considerando o plano de tranca-la comigo para sempre.
Sorrio para ela em resposta e percebo que falta pouco para chegarmos ao último lugar que eu pretendia ir hoje...
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Paris, onde tudo começou...
Romansa2011. Estados Unidos (EUA). A Jovem e escritora Anny Kathleen de 22 anos, embarca numa viagem a Paris em busca do amor paterno e de respostas. Leonardo, um médico recém formado de 24 anos, vai a França por outro motivo: levar as cinzas da noiva, qu...