Capítulo 13

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Dia seguinte após a última narrativa da Anny

Algum lugar de Nova York

- Não quero saber! Incompetente!! - ela esbraveja e o tom da sua voz é puro ódio.

Estremeço na poltrona ao lado do brutamontes que é o chefe da segurança dela. Analiso seu rosto e não há nenhuma expressão nele. É exatamente disso que ela gosta. Pessoas cruéis, vazias... Como a própria.

- Saia, e só volte quando resolver essa questão! - ela diz baixo.

Ele levanta e caminha até a porta enorme de madeira, ao tocar a maçaneta ela manda e ele se vira para encará-la.

- Lembre-se que dá próxima vez não seria capaz de ser boazinha - ela diz isso encarando seu computador sem ao menos olhar o homem nos olhos e só então vejo um fio de temor nos olhos dele.

Finalmente a sós ela me encara, sustento seu olhar até que ela suspira e desiste do joguinho de tentar ler meus pensamentos. Odeio isso, odeio a possibilidade dela conseguir entrar na minha cabeça. O único lugar que apenas eu posso controlar, já que essa desgraçada controla todo o resto.

- Você é um teimoso sabia? - Ela aponta uma caneta pra mim e sorri maléfica.

- Sou? - uso o meu tom mais desinteressado - pode ir direto ao assunto urgente?

- Além de teimoso, ainda não entendeu que as coisas acontecem no meu tempo...

- Para de brincadeira e fala logo - digo já perdendo a paciência com esses joguinhos chatos.

Ela endireita o corpo na poltrona giratória e seu sorriso debochado se torna uma carranca enorme.

- Já viu o que está acontecendo? A situação está saindo do controle e eu não estou vendo você fazer nada para mudar isso - ela suspira profundamente e levanta dando a volta na mesa e parando na minha frente.

Houve um tempo em que eu amava seus movimentos, tudo que ela fazia, qualquer que fosse o gesto era tão sexy pra mim. E então ela me ganhava, eu dava tudo que ela me pedisse... Mas esse tempo passou, o tesão também.

Observo enquanto ela apoia os braços na poltrona em que estou e se inclina ficando a centímetros do meu rosto. Se eu pudesse cuspia na cara dessa filha da puta, mentirosa do caralho.
Ela me observa com os olhos de serpente pronta para dar o bote, e eu seria a presa perfeita se já não estivesse totalmente dominado por ela.
- O que precisa que eu faça? - pergunto automaticamente, uso bastante essa frase, já estou acostumado.
- Você vai resolver tudo querido, colocar cada coisinha no seu determinado lugar, ou vai sofrer as consequências, e você sabe o quão dolorosas serão.

Terminando a frase ela se curva ainda mais, esperando por um beijo. Sei disso pois é sempre da mesma forma.

Estremeço novamente com a possibilidade de um dia acontecer tudo que ela ameaça fazer. Uma pontada no coração me diz que eu não sobreviveria a isso. E eu não posso deixar acontecer.

Então me coloco novamente no automático e selo nossos lábios com um beijo sem amor, sem nada que não seja ódio, raiva, vontade de matar essa psicopata a minha frente.

E ela sorri sobre meus lábios, pois sabe o quão fodido eu estou, e o quão marionete eu sou em suas mãos.

Paris, onde tudo começou...Onde histórias criam vida. Descubra agora