Dia seguinte após a última narrativa da Anny
Algum lugar de Nova York
- Não quero saber! Incompetente!! - ela esbraveja e o tom da sua voz é puro ódio.
Estremeço na poltrona ao lado do brutamontes que é o chefe da segurança dela. Analiso seu rosto e não há nenhuma expressão nele. É exatamente disso que ela gosta. Pessoas cruéis, vazias... Como a própria.
- Saia, e só volte quando resolver essa questão! - ela diz baixo.
Ele levanta e caminha até a porta enorme de madeira, ao tocar a maçaneta ela manda e ele se vira para encará-la.
- Lembre-se que dá próxima vez não seria capaz de ser boazinha - ela diz isso encarando seu computador sem ao menos olhar o homem nos olhos e só então vejo um fio de temor nos olhos dele.
Finalmente a sós ela me encara, sustento seu olhar até que ela suspira e desiste do joguinho de tentar ler meus pensamentos. Odeio isso, odeio a possibilidade dela conseguir entrar na minha cabeça. O único lugar que apenas eu posso controlar, já que essa desgraçada controla todo o resto.
- Você é um teimoso sabia? - Ela aponta uma caneta pra mim e sorri maléfica.
- Sou? - uso o meu tom mais desinteressado - pode ir direto ao assunto urgente?
- Além de teimoso, ainda não entendeu que as coisas acontecem no meu tempo...
- Para de brincadeira e fala logo - digo já perdendo a paciência com esses joguinhos chatos.
Ela endireita o corpo na poltrona giratória e seu sorriso debochado se torna uma carranca enorme.
- Já viu o que está acontecendo? A situação está saindo do controle e eu não estou vendo você fazer nada para mudar isso - ela suspira profundamente e levanta dando a volta na mesa e parando na minha frente.
Houve um tempo em que eu amava seus movimentos, tudo que ela fazia, qualquer que fosse o gesto era tão sexy pra mim. E então ela me ganhava, eu dava tudo que ela me pedisse... Mas esse tempo passou, o tesão também.
Observo enquanto ela apoia os braços na poltrona em que estou e se inclina ficando a centímetros do meu rosto. Se eu pudesse cuspia na cara dessa filha da puta, mentirosa do caralho.
Ela me observa com os olhos de serpente pronta para dar o bote, e eu seria a presa perfeita se já não estivesse totalmente dominado por ela.
- O que precisa que eu faça? - pergunto automaticamente, uso bastante essa frase, já estou acostumado.
- Você vai resolver tudo querido, colocar cada coisinha no seu determinado lugar, ou vai sofrer as consequências, e você sabe o quão dolorosas serão.Terminando a frase ela se curva ainda mais, esperando por um beijo. Sei disso pois é sempre da mesma forma.
Estremeço novamente com a possibilidade de um dia acontecer tudo que ela ameaça fazer. Uma pontada no coração me diz que eu não sobreviveria a isso. E eu não posso deixar acontecer.
Então me coloco novamente no automático e selo nossos lábios com um beijo sem amor, sem nada que não seja ódio, raiva, vontade de matar essa psicopata a minha frente.
E ela sorri sobre meus lábios, pois sabe o quão fodido eu estou, e o quão marionete eu sou em suas mãos.
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Paris, onde tudo começou...
Romance2011. Estados Unidos (EUA). A Jovem e escritora Anny Kathleen de 22 anos, embarca numa viagem a Paris em busca do amor paterno e de respostas. Leonardo, um médico recém formado de 24 anos, vai a França por outro motivo: levar as cinzas da noiva, qu...