Capítulo 2

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Não devia ter vindo, e muito menos ido até a casa dele. O que eu estava pensando?!
Ele já está completo com a nova vida que tem, não precisa de mim; uma simples e pequena parte de um passado que não faz falta, e que tem zero importância pra ele.

É Anny está na hora de parar de sonhar. O Sr. Andrew não é o mesmo, e pelo jeito não quer voltar a ser.

Desço do táxi, e decido caminhar um pouco pelas ruas dessa cidade tão linda e tão desconhecida por mim; digo pessoalmente, porquê se pesquisas na internet valem como conhecimento, posso dizer que eu e Paris somos amigas desde a infância.
Dou uma risadinha baixa..
Aii Deus, eu e minhas bobagens né...hahaha

Se não estou enganada, esse é o canal Saint-Martin, vi muitas fotos e é tão lindo de perto, amanhã não posso deixar de passar novamente por aqui antes de ir embora, preciso ver durante o dia, deve ser espetacular.

Tento focar na beleza dos prédios, escadarias...nas pessoas que conversam animadas na frente de um restaurante...nos casais caminhando de mãos dadas, outros se beijando na frente dos bares, parecem tão apaixonados. Tudo aqui é tão lindo!

Está um pouco frio, e isso ajuda a acalmar meus pensamentos.
Olho ao redor e não tem ninguém nessa área onde estou passando, então paro um pouco, acho que vou sentar aqui mesmo.
Não me preocupo em sujar a roupa nem nada disso, só quero pensar um pouco na minha vida.

" - Eu não senti a sua falta".
Essas palavras ecoam na minha cabeça desde que saí de lá.

- Pelo que parece senhor Andrew, essa frase vai me perseguir por um bom tempo - suspiro pensando no que ele me disse.

Que droga! Porque teve que ser assim? Fiquei com tanta raiva, que nem tempo de perguntar tudo que queria, eu tive.
Também, ele sequer me deu espaço pra isso...aiii que raiva eu estou daquele... daquele... Argh!! Daquele homem!
Calma Anny, se acalma.
Não parei aqui para me estressar, e sim tentar relaxar minha mente. A noite está tão linda, iluminada pela luz de uma lua redondinha, tão perfeita...

Olho para o lado, e consigo ver o hotel em que estou hospedada, seria bom tomar um banho e dormir; assim o amanhã chega logo e vou poder voar pra longe daqui; literalmente.
Mas não, não vou para lá agora. Talvez daqui a pouco, primeiro preciso de algo.

Como diria minha melhor amiga, "beber as vezes resolve". É Raiane vamos ver se resolve mesmo, porque ficar aqui sentada não vai.

Levanto e vou no bar mas próximo, compro uma garrafa de Vinho Rosé; dizem que é muito bom, e eu espero que seja porque me custou quase uma fortuna. Tudo bem, sou um pouco exagerada, mas enfim...
Eu nunca consumi nenhum tipo de bebida alcoólica, então acho melhor fazer isso no hotel, vai que eu surto no meio da rua não é... hahaha. Um mico em Paris é tudo que não preciso nesse momento.
Só quero esquecer um pouco tudo isso, pelo menos por algumas horas ficar livre dessa sensação de desprezo, dessa dor no coração.

Caminho em direção ao hotel, e parece que por onde passo todos me notam, sinto seus olhares de pena sobre mim...mas quando olho de volta é só a minha imaginação.
"Ninguém está me olhando, ninguém está me olhando".
Repito isso mentalmente, como se fosse um mantra.
E então sinto meu celular vibrar.
Paro no meio da calçada para procurar por ele no meio da bagunça que está minha bolsa, quando acho e olho a tela, não é ninguém menos que a minha amiga.
Atendo, pois sei que enquanto ela não tiver notícias, não vai me deixar em paz.

- Oi Rah - digo sem nenhum entusiasmo, e me preparo para o furacão de perguntas a seguir
- Oi Rah? Oi nada, anda me conta tudo! Como foi com seu pai? Ele tava morrendo de saudades não é? Aiii vocês choraram? Lógico Raiane, um reencontro desses, ainda na cidade dos sonhos, como não....

Paris, onde tudo começou...Onde histórias criam vida. Descubra agora