4.4 HÁBITOS DIFERENTES

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— A chefia está te chamando — Kaila passou batendo no monitor do meu computador, sem nem olhar para a minha cara.

Fiz careta para o montante de cabelos ruivos que se afastavam e estiquei meu pescoço para ver como estava o ambiente da redação e se eu estava com problemas ou não.

Tudo parecia em ordem.

Victor virou a cadeira em minha direção quando eu me levantei. Às vezes, ele fechava o corredor entre nós, correndo com sua cadeira de rodinhas de um lado para o outro só porque queria fofocar. Agora, eu sabia que eu era a fofoca e que ele estava ligado.

— Psiu! — chamou. Ao invés de andar para o escritório de Zara, fui até ele. — O que você fez?

Dei de ombros, mas eu sabia. Eu ataquei o moço no cinema porque estava carente e agora ia passar para o próximo da lista cedo demais.

— Nada, eu acho — respondi.

Victor sabia que eu estava mentindo, mas não disse nada. Fiz a minha melhor cara inocente e fui até o escritório de Zara, dei três batidas na porta e ouvi sua voz me chamando para entrar.

Alek estava lá. Devia ser o universo compensando o meu fora, me presenteando com aquela beleza e gostosura toda ao alcance dos meus olhos. Obrigada, universo, você é lindo.

— Becca, como você já sabe, sua coluna é importante pra gente e nós estamos acreditando muito nesse novo projeto! — como sempre, Zara não esperou que eu me acomodasse para começar a falar, então caminhei até a cadeira à frente da sua mesa e ao lado de onde Alek estava (ai meu Deus!) e me sentei enquanto ela dizia. — contratamos o investigador para estar aqui na maior parte do tempo para auxiliar você e quero que você saiba que Alek está responsável diretamente pelo projeto, já que eu dificilmente terei tempo para te dar a atenção necessária. Então, o que você precisar, pode reportar a ele e ele dará um jeito de te ajudar.

— Estou à sua disposição, bela — ele disse, fazendo meu corpo inteiro virar gelatina..

Minha disposição? Será que se eu pedir, ele tira o meu atraso?

Contei brevemente para eles sobre o próximo alvo e que já tinha entregado o meu texto. Acabei sem tomar bronca porque a expectativa dos dois era realmente algo como um homem por semana, então saí de lá aliviada.

Enquanto voltava para a mesa de Victor, que mal podia se conter para saber da fofoca, lembrei que as más línguas falavam sobre um romance ou algo do tipo entre Alek e Kaila e fiquei bicuda, comentando com meu amigo o quão injusto era aquele homão todo sendo traçado por aquele desperdício de oxigênio.

— Ué, mas se ele pega a escrota da Kaila, você é bem o tipo dele. Vocês têm o corpo parecido, a mesma estatura, ela é ruiva e...

— Pintada, né? Escorre tinta da cabeça dela igual o veneno da boca...

— Como se você fosse loira natural!

— Mas eu sou! — exclamei, ofendida. Victor me lançou seu olhar sabe-tudo e eu não tinha para onde correr — Eu só clareio. Um pouquinho.

— A raiz. Uns cinquenta tons. Sei. — ele riu e eu cruzei os braços, irritada. — O importante é que se eles transam, você pode muito bem ser do interesse dele. Até porque você é bem melhor que ela, amiga.

Ele tentou me comprar, mas eu só fiz careta e voltei para a minha mesa, revoltada com a traição.

Eu. Era. Loira.

Ao sentar na minha amada cadeira, virei-me para encontrar um post-it de Henrique colado no meio do monitor, mandando que eu checasse meu e-mail. Quis bater nele pela audácia de me mandar fazer alguma coisa e por ainda arriscar estragar o meu monitor colando um post it no meio da tela.

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