Pela manhã, acordei com o mesmo assunto na cabeça. Aquela proposta parecia mais agradável com o passar do tempo, depois de todos os argumentos bêbados dos meus amigos, e eu resolvi parar de fazer doce e dar uma chance.
Afinal de contas, havia um motivo para cada um daqueles homens estarem na lista. Apesar do tempo passado, eu me lembrava bem: Todos eram extremamente gatos.
Bruno era a prova; apesar de ter se transformado em um babaca crianção, ele continuava um pedaço de mal caminho, ainda mais com todos os músculos nos lugares certos. Se o mesmo tivesse acontecido com os demais, não seria sacrifício nenhum estar na companhia deles. E, além do mais, agora eu não estava mais presa, certo? Estava soltinha que nem arroz, e podia me dar ao luxo de "piranhar" um pouquinho, como Victor diria.
Peguei minha xícara favorita de café, a com o rostinho de um pug rabugento, e fui me sentar em frente ao notebook. Uma vez ligado, eu fui direto para as redes sociais, stalkear um pouco os nomes da lista. Ao contrário do que eu esperava, até que não foi tão impossível encontrá-los: Eu me lembrava bem do rosto de cada um, depois de tanto tempo da minha adolescência babando em cima deles.
Ao chegar ao quarto da lista eu já estava bem decidida. Eles estavam ainda mais gatos, se é que isso era possível, e os meses sem nenhum sexo estavam fazendo minhas calcinhas gritarem na minha cabeça o quanto elas queriam ser arrancadas. Era o tipo de argumento que não dava para ignorar.
A campainha tocou, estridente, e eu fechei o notebook para ir atender. Bernardo, o recém-ex de Emeline — e meu vizinho — me encarava com a face envergonhada.
— Oi, Rebecca... — Ele disse, em um meio sorriso.
— Oi, Bê! Você esqueceu alguma coisa aqui na festa, ou...? — Achei que sua vergonha pudesse ser por aquele motivo, mas ele logo me corrigiu.
— Não, não. Não é nada disso. Se bem que eu posso ter esquecido a minha dignidade por aí. — Franzi a testa, sem entender. — Eu queria me desculpar pela cena que eu e a Emeline protagonizamos aqui. A festa estava ótima, mas nós acabamos nos excedendo, e eu sinto muito se ficou algum climão depois disso. — Ele explicou, e eu achei uma fofura.
Em uma festa com tanto jornalista, barraco é sempre bem-vindo. As pessoas se alimentam de boas histórias. Mesmo assim, ele foi cavalheiro o suficiente para se desculpar.
— Mas imagina! Não se preocupe com isso, de verdade. — Eu apertei seu braço, mostrando que estava tudo bem. Ele sorriu, a vergonha quase erradicada. — Você devia é estar preocupado com você mesmo. Como você tá depois do término? — Emeline já tinha me contado que estava solteira agora, mas não tinha me dado maiores explicações, e pelo modo como vomitou a informação, eu acreditava que não podia ter sido amigável.
— Nunca é fácil terminar, mas eu vou ficar bem. — Ele sorriu, mostrando duas covinhas adoráveis que eu tive vontade de apertar. A verdade é que eu sempre fui muito fã de Bernardo. Ele era simpático, sempre me cumprimentava nos corredores, e parecia tratar minha amiga muito bem também. A conversa entre nós sempre fluiu, havia muita empatia. — Escuta, o que você acha de irmos almoçar juntos qualquer dia? — Ele mencionou, parecendo ler a minha mente. — Não existe nenhum motivo para não sermos amigos, certo? — Emendou, provavelmente preocupado que eu negasse por causa de sua ex-namorada, mas eu já estava inclinada a aceitar.
— Claro, Bê, eu adoraria. — Nos despedimos e ele foi para o seu apartamento, logo em frente ao meu.
Voltei para dentro com um sorriso mole no rosto. Talvez as bebidas de ontem ainda não tivessem deixado completamente o meu organismo.
O telefone tocou debaixo de uma pilha de almofadas e eu corri para escavá-las e atender antes que caísse na caixa postal.
"Rebecca, é Zara, tudo bom?" A voz da minha chefe soou do outro lado da linha. Eram três horas da tarde de um sábado e essa mulher me ligava. Ela era realmente workaholic.
— Oi, Zara, tudo sim, e você? — Respondi, apesar de tudo, educada.
"Estou um pouco ansiosa para falar a verdade. Sei que te dei até segunda para pensar, querida, mas andei fazendo umas contas e acho que estou preparada para aumentar a proposta. Estou disposta a te dar, além do aumento, férias prolongadas, e te considerar para uma promoção que tenho no horizonte. Isso muda as coisas para você?"
Eu fiquei boquiaberta. Não sabia se me abraçava, se abraçava o telefone ou se pegava o carro e ia abraçar minha chefe pessoalmente. Eu já ia aceitar de qualquer forma, mas me senti extremamente bem por ter sido premiada pela minha teimosia.
— Tudo bem, Zara. Você me ganhou — exclamei, com a voz forçadamente derrotada. — Eu topo fazer o especial.
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Amor&Sexo
ChickLitA coluna Amor&Sexo é a favorita dos leitores da revista Brilho, porém, Rebecca está sem ideias brilhantes desde que terminou com seu namorado. Resolvendo procurar novos ares, ela se muda para o outro lado da cidade de São Paulo, alheia ao fato de q...