5.3 PRIMEIRA BRIGA

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Tudo bem, eu estava com o rabo entre as pernas.

Precisava pedir ajuda de Henrique, mesmo depois de ele ter rido às minhas custas e sido tão insuportável como era sempre, porque nem com a ajuda do Bê eu conseguia achar um bendito padrão de comportamento naquele publicitário doido.

Odiava admitir derrota, e estava quase tecendo uma teoria da conspiração onde aquele gaúcho dos infernos tinha feito a pasta do próximo alvo especialmente caótica de propósito para que eu precisasse de sua ajuda. Ninguém era excêntrico naquele ponto... Era?

Exalando má vontade, passei direto pelo meu biombo e fui me sentar na mesa dele. Milagrosamente eu tinha chegado antes de alguém, então ficaria ali xeretando enquanto o esperava.

A mesa dele era um caos sem fim, e na parede ao lado da cadeira tinha um mural lotado de fotos, artigos e post-its pregados, interligados por barbantes de diferentes cores. Entortei a cabeça tentando achar o sentido daquele emaranhado, quando o som de um baque chamou minha atenção.

Henrique tinha chegado, e jogado a carteira e o celular em cima de sua mesa com brutalidade.

— Tu és sempre intrometida assim? — Perguntou, sarcástico, sendo desagradável já naquelas horas da manhã.

— Você é investigador. Intrometido é o seu nome do meio. — Constatei o óbvio, revirando os olhos.

— É preciso um para reconhecer o outro, dizem. — Ele deu de ombros, passando as mãos grandes por toda a mesa, recolhendo os papéis como se para escondê-los de mim.

Aquilo me deu raiva. Ele podia se meter até o último fio de cabelo na minha matéria e em quem me ligava ou deixava de ligar e eu não podia nem ficar dois minutos perto das suas fontes?

— Eu não precisaria estar aqui olhando pro seu trabalho deplorável ou para a sua cara insuportável se a bendita pasta que você me deu fizesse algum sentido. — Henrique levantou as sobrancelhas, fingindo uma careta ofendida muito mais exagerada do que o necessário. Tudo bem que eu tinha ido ali para implorar ajuda... Mas ele não me deixava ser civilizada a esse ponto.

— Já que é tão impossível assim ficar na minha companhia, não precisas mais de mim. A porta é serventia da casa, boneca. — Gesticulou, nervoso. Ah, eu tinha tirado o querido do sério, que peninha.

Para ele.

— Quer abandonar o navio? Boa sorte. Quero ver o Alek permitir. — É, eu estava um pouco mais metida que o normal, me processem.

— Ah... Não sei porque eu estou surpreso. Eu devia esperar mesmo. — Disse e eu logo somei dois mais dois e entendi que ele tinha interpretado minha fala como uma revelação de que eu e o meu supervisor gato tínhamos alguma coisa. Mais do que isso, seu desprezo deixava claro que ele me achava fútil o suficiente para ter caído nas graças do negro e estar esfregando isso nas fuças dele, como Kaila provavelmente faria.

Aquele puto estava me nivelando com a ruiva dos infernos. Eu não era obrigada a aguentar esse desaforo.

Levantei empurrando a cadeira com tudo e marchei de volta pro meu biombo batendo o pé. A pasta infelizmente ficou para trás, mas eu não podia ligar menos naquele momento.

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