Mereço

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Pietra Stone
Rancho Neverland, Los Olivos
29 de novembro de 1995 | 21:53

— Isso, aí mesmo — ela choraminga enquanto Michael mostra ao pai dela onde é a torção. Ele é médico, bonito e não parece ter uma filha tão velha assim. Já fazem três horas que eu estou o encarando. Ele é lindo demais. Claro que ele não se compara a Michael, mas, ele é um semi Deus com toda certeza

— E quando você vai levar sua filha de 30 e poucos anos que se veste como uma adolescente para longe da minha casa? — pergunto ao pai dela que se espanta com a minha sinceridade, mas, em seguida da um sorriso 

— Eu gostaria de a levar agora mesmo, mas o meu voo é apenas amanhã bem cedo! — ele diz em um tom arrastado. Eles são russos, ora, mas que interessante — Joana tem uma filha esperando por ela em casa, temos que voltar o mais rápido possível! — ele diz em um tom mais firme

— Eu tenho uma filha em casa, não posso mesmo ficar! — ela diz enquanto se senta no sofá. Se levanta repentinamente e arrastando o pé ela se vai até à porta da sala de estar. Ela resolveu criar juízo só agora?

— Joana! — Michael diz enquanto a segue — Filha? Quantos anos ela tem? Quais são as possibilidades de ser minha filha? — ele pergunta tudo de uma vez. Eu sabia que tinha coisa aí. Ela olha para o teto e logo após para ele. Seus olhos estão marejados. Ela respira fundo, sorri para Michael e balança a cabeça negativamente

 Se ela quer o fisgar, esse é o momento perfeito e mesmo que a tal criança não seja filha dele eu sei que ela vai mentir. Essa Joana não parece ser a pessoa mais sincera do mundo, sei do que estou falando. Uma mentirosa reconhece a outra

— O nome dela é Anely, ela nasceu em 79, é minha filha, ela não tem nada a ver com você — ela desce seu olhar — Eu estava esperançosa para te encontrar aqui, queria que estivesse solteiro! — ela ri — Eu sou tão idiota! Eu a minha vida inteira pensei que resolveria todos os meus problemas se eu contasse a você que eu tinha uma filha! Agora eu noto que, fiz isso tarde demais! Ela tem 16 anos, um pai não vai fazer diferença nenhuma! Eu sempre quis que a minha Anely tivesse um pai como você, que tivesse o privilégio de conhecer o amor paterno, mas, fiz isso muito tarde — ela passa por ele e mancando se distancia

 Caramba isso foi muito bom, foi bom demais! Eu preciso saber mais, quero saber a história toda. Imagina um filme onde a vilã nem é tão ruim assim. É só juntar o amor de mãe, a teimosia e pronto! Nasce uma vilã que faz todo o possível para ficar com o mocinho, mas por um bem maior, dar um bom pai para a filha. Nossa deixa pra lá eu viajei!

 Michael corre atrás dela. O pai de Joana vem até mim e estende sua mão para mim, a aperto firmemente. Ele se distancia e sai da sala. Ando até o sofá onde Joana estava. Me sento. Ela poderia ter inventado que a garota era filha dele, mas, ela não fez isso

 Preciso tomar cuidado com a maneira como venho me comportando. Outra mulher não devia ser tratada como inimiga. Nunca. Não importa se ela beijou a droga do meu noivo. Se ele não permitisse não teria acontecido. O próximo vacilo dele já era. 

22:19

 Deitada na cama eu tento relaxar. Já passei por muito estresse nessa minha vida, agora eu estou dane-se. Só preciso de paz, é só isso que preciso. Por isso aceitei me casar com ele, porque quero uma vida tranquila. Mas, pelo jeito isso de vida tranquila não vai acontecer

 O sino soa avisando que alguém esta vindo para o quarto. Em questão se segundos Michael abre a porta e só aparece metade do rosto. Ele está com uma carinha fofa. O olhar dele esta um pouco mais triste que o comum

— Posso entrar? — ele pergunta bem baixinho — Eu estava no cinema esperando a sua raiva passar — ele olha para o chão e logo após olha para mim novamente — Você ainda esta brava comigo? — me sento na cama e olho para ele

— Ainda estou um pouco chateada, mas, vou superar — puxo o ar pelo nariz e solto pela boca. Ele abre um pouco mais a porta e entra. Fecha a porta sem dar as costas para mim e anda devagar em direção a cama. Ele para ao lado da cama

 Ele se senta na cama ao meu lado direito. Enfia a mão no bolso e tira um pirulito de morango. Ele estende para mim, como uma criança querendo fazer as pazes. Um sorriso bobo surge em meu rosto. Pego o pirulito, me inclino e lhe dou um beijinho na bochecha. Ele segura um sorrisinho lindo e olha para cima. Como ficar chateada com esse homem?

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