Pietra, um demônio

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23 de Dezembro de 1993

Jéssica Pimentel Richards

10:15

 Estou no jardim a alguns minutos, pensando sobre tudo que disse ao Michael agora pouco. É.. Eu já sabia que não era reciproco, não preciso ficar com raiva dele, tudo bem que ele esta escolhendo um pessoa muito errada, mas acho que consigo fazer ele entender isso, afinal de contas, ele confia em mim, sabe que quero o melhor para ele. Eu disse tantas coisas ruins, droga acho que magoei uma das pessoas que mais amo na vida.

 Me levanto e caminho de volta a casa principal, sim, vou pedir desculpas. Não gosto de ficar brigada com ele, nunca brigamos, e esse sentimento de raiva por ele não é bom de sentir, não quero isso. Assim que abro a porta, subo as escadas de vagar, ao chegar no corredor do quarto do Michael ouço alguns gemidos. Será que alguns dos empregados estão se divertindo? Penso comigo mesma, quanto mais me aproximo do quarto dele mais alto o som fica. A porta entreaberta.

- Não, não.. – digo baixo paralisada ao ver aquela cena. Michael em cima dela, e ela gemendo como louca, ela me olha, sorri para mim e geme mais alto. Dou alguns passos para traz sem acreditar. Ele não se importou com nada que eu disse, foi direto pra cama com ela. Penso enquanto ando pelo corredor de vagar, meus olhos se enchem, mas não, não vou fazer isso, não aqui.

 Desço as escadas o mais rápido que posso, passo por Deise que está com alguns panos sobrados nos braços, quase esbarro nela, peço desculpas já de longe e continuo a correr. A cara que Pietra fez quando me viu, ela nem sentiu vergonha ou constrangimento por ter alguém ali num momento tão intimo, ela simplesmente me olhou e sorriu, como quem dissesse "EU GANHEI" Mas porque ela me olhou daquele jeito.

 Continuo correndo, paro imediatamente sinto tudo que eu comi vir a minha garganta por pensar naquela cena. Me agacho no chão para controlar esse enjoo, respiro fundo por alguns minutos, e as lagrimas que eu tanto segurar insistem em querer descer, mas não aqui não. Me levanto, respiro fundo mais uma vez e continuo a correr a caminho da garagem que é aonde eu acho que a minha moto está. Próximo ao portão vejo que Wayne vem em minha direção.

– Ta fugindo de algum bicho? Algum dos animais do zoo se soltou? – pergunta preocupado quando para a minha frente.

– Que? – a pergunta dele tira todo o foco dos pensamentos que eu vinha remoendo até chegar aqui 

- Não Wayne, eu só quero sair daqui – digo em tom triste - Você sabe aonde está a minha moto?

– A senhorita não parece bem para andar de moto – diz arqueando a sobrancelha. Eu o olho com os olhos cerrados e ele ri

– Já fazem 12 anos que nos conhecemos Wayne e todas as vezes eu imploro pra você me chamar de Jess – digo com os olhos cerrados e ele gargalha

– Eu tenho um patrão que exige certas formalidades – diz rindo - Sua moto está na garagem, vou te acompanhar até lá porque ainda não sei do que você está fugindo

– Do seu patrão mesmo, fique sabendo, que ele é um babaca ta. Nunca na minha vida, eu conheci alguém tão idiota quanto ele – digo com raiva, enquanto ele me acompanha 

– Mas vocês sempre se deram tão bem, o que ele fez pra te deixar com tanta raiva? – pergunta achando meu comportamento no mínimo estranho

– Eu vou deixar que você mesmo descubra, daqui a alguns dias, talvez meses. Quando ele começar a chorar pelos cantos porque a PIRANHA por quem ele está apaixonado, está fazendo ele sofrer – digo com meu tom se alterando

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